Na sessão do dia 19 de
dezembro, foi aprovado o Projeto de Lei Ordinária nº 16535 de 2022 que concede nova
regulamentação ao Conselho Municipal da Mulher, instituído pela Lei Municipal
nº 4.258/96, com redação dada pela Lei Municipal nº 6.636/2004 e pela Lei nº
9.965/2015, e dá outras providências.
Desde 2018, o Conselho
Municipal dos Direitos da Mulher de Maringá (CMDM) em parceria com o Fórum
Maringaense de Mulheres, busca a aprovação da reestruturação e adequação do CMDM.
Naquele ano, o projeto acolhido e apresentado pelo ex-vereador Carlos Mariucci
e outros, foi retirado de pauta e encaminhado ao Executivo, pois os vereadores
(aquela legislatura não tinha vereadoras) consideraram que era atribuição da
Prefeitura e desejava ter o parecer desta *.
Sabia-se naquela época,
que a resistência se dava, unicamente, no item que modificava a eleição da
presidente do CMDM que passaria a ser apenas não governamental, como era desde
sua reativação em 2004. Destaca-se que a alteração que permitia a eleição de
presidente governamental foi aprovada pela Câmara de Vereadores, em 2015. Por essa
distorção ocorrida naquele ano, proposta pelo Executivo, o Conselho Municipal
dos Direitos da Mulher de Maringá passou a ter a possibilidade de uma titular
representante governamental ocupar a presidência, o que sempre interessou a
determinados governos municipais.
Independente da qualificação da eleita, o que
não se discute, o fato de ter uma representante do governo como presidente
impacta na isenção que deve existir num Conselho com relação à fiscalização e
proposição de políticas públicas. Torna-se complexo para uma representante governamental
fiscalizar o órgão que atua e ao mesmo tempo participar da execução das
políticas públicas.
Por sua vez, o fato de
ser uma presidente não governamental possibilita mais independência em relação
à análise e sugestões para as políticas públicas. Vale destacar que o Conselho
da Mulher não tem fundo financeiro e suas atividades são custeadas pelo município.
Ainda, conforme a lei, todas as conselheiras realizam trabalho voluntário, ou
seja, não recebem vencimentos pela atividade.
O CMDM é composto por por
24 (vinte e quatro) integrantes e respectivas suplentes, das quais 50%
(cinquenta por cento) serão representantes do Poder Público e 50% (cinquenta
por cento) serão
representantes da sociedade civil, respeitando a paridade na representação. As
representantes governamentais são indicadas pelo setor público a que estão
vinculadas enquanto que as representantes não governamentais, da sociedade
civil, são eleitas em assembleia específica, após indicação por suas entidades,
organizadas por segmentos.
Finalmente, o Executivo,
após ouvida a Secretaria da Mulher e seu jurídico, encaminha o projeto de lei
que passa a ter a seguinte redação:
Art.
10. O cargo de Presidente da Mesa Diretora poderá ser pleiteado
por integrantes
titulares representantes das organizações não governamentais,
e o cargo de Vice-Presidente poderá ser pleiteado por integrantes
titulares representantes das organizações governamentais, para um período de 2
(dois) anos para cada organização.
Trata-se de uma conquista
do movimento de mulheres e do Conselho da Mulher, que teve três representantes
na sessão **, as quais aplaudiram a aprovação do projeto, resultado de uma
espera de anos.
Numa sessão tumultuada, a
grande maioria nem se ateve para a importância da reestruturação do CMDM que
consolida e possibilita mais independência em seu papel na defesa dos direitos
das mulheres, no combate à violência contra a mulher e na proposição de
políticas públicas.
* Este fato está
retratado no livro de minha autoria: Elas querem o poder – o caso do Movimento
Mais Mulheres no Poder para o legislativo maringaense, Editora Iperfil, 2022.
** Valquíria Francisco,
presidente do Fórum Maringaense de Mulheres e conselheira no CMDM no segmento
Centrais Sindicais; Zica Franco – Assessora da Mulher na gestão 2001-2004;
Tania Tait – conselheira titular no CMDM no segmento Centrais Sindicais, presidente do Conselho por duas gestões (2004-2006 e 2017-2019). As
três são integrantes e fundadoras da Associação Maria do Ingá Direitos da Mulher.