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sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Escorregando no leite condensado

A campanha de 2018 do atual presidente teve como um dos grandes temas acabar com a corrupção no Brasil, com ataque sistemático aos partidos de esquerda, principalmente ao Partidos dos Trabalhadores, vinculado à Operação Lava Jato, mesmo não sendo o partido que tem o maior número de políticos condenados. A vinculação se deu claro, pela possibilidade de retornar ao poder federal, tendo sido golpeado em 2016, com a junção de forças (com o Supremo, com tudo) que retiraram a presidente Dilma.

Ao assumir o governo federal, o discurso desde o primeiro instante foi acabar com a corrupção no Brasil.

Aí começaram a aparecer atos de corrupção antigos e novos: da família do presidente, filhos e esposa, líderes religiosos apoiadores e tantos outros. Teve ainda a história de desvio de dinheiro que seria para o combate à Covid, teve os 89 mil na conta da primeira dama, a compra de imóveis em dinheiro vivo e tantas laranjices mais.

E em 24 de janeiro, o Portal Metrópoles  trouxe dados impressionantes sobre as compras do governo federal tais como R$ 15 milhões em leite condensado, R$ 2,5 milhões em vinho e itens como chicletes, alfafa, entre outros.

As justificativas começaram a surgir por todos os lados, até dizendo que os soldados precisam de muito doce para aguentar as atividades... Enfim, Ministério Público  e Tribunal de Contas da União foram acionados.

O injustificável com relação as compras tomou conta do cenário nacional em meio a duas disputas políticas: as eleições na Câmara e no Senado e a disputa pela vacina contra a Covid.

No meio disso tudo, a sociedade brasileira ainda teve que lidar com os impropérios chulos e xingamentos protagonizados para a imprensa por aquele que deveria ser a maior autoridade do país, pela descoberta das compras superfaturadas e descoberta da rejeição de outras vacinas para o país por parte do governo.

Não nos esqueçamos da prevista greve dos caminhoneiros, do desmonte do Banco do Brasil, da compra por parte do presidente dos deputados do chamado centrão pra votar em seus candidatos e do aumento da pandemia.

Estar no meio de uma pandemia, com um vírus que se propaga rapidamente e já ceifou a vida de mais de 220 mil brasileiros e brasileiras, torna-se mais pesaroso ainda com um governo negacionista e supostamente corrupto que não se preocupa com a vida do povo.

Assim, vemos a propaganda da “nova política” não se tornar realidade e o governo federal começa a ficar afundado em compras superfaturadas, compra de deputados e outras atitudes que mostram que de nova, essa política atual nada tem. A política atual reproduz a atuação de um deputado que enriqueceu, colocou toda a família na política, tem ligações estreitas com milicianos cariocas, foi eleito presidente e está aí com a popularidade descendo a ladeira.

Mas, como essa política brasileira está calcada no “Com o Supremo, com tudo”, nos parece que tudo isso vai acabar em pizza ou quem sabe...escorregar em leite condensado.

Esperemos pra ver. Que venha a vacina, que as pessoas sejam salvas e que mais pessoas acordem pra ver quem e o que é esse atual governo.

 Imagem: Lei condensado. Fonte: Blog Tudogostoso

 

 

 

 

 

 

domingo, 17 de janeiro de 2021

Vacina: o nome da esperança

Mais de 209 mil mortos por Covid no Brasil e eis que surge uma esperança: a vacina. Mesmo com atraso de mais de um mes, afinal outros países começaram a vacinação em 14 de dezembro de 2020, a vacina chega nos trazendo esperança.

Palco de disputa política, a vacina antes utilizada como forma de erradicar inúmeras doenças tais como a poliomielite, sarampo e varíola, tornou-se o tema preferido de negacionistas da ciência e de fakenews (notícias falsas), a ponto de as pessoas começarem a ter dúvidas e a negar a comprovação científica de uma vacina.

Passada essa fase e com a aprovação da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o Brasil todo se emocionou e aplaudiu a vacinação da primeira pessoa a ser imunizada, a enfermeira Monica Calazans, mulher e negra.

Ao ver a imagem, certamente todas as pessoas se imaginaram com o braço em posição para receber a vacina que vai nos fazer a retomar nossas vidas como era antes de março de 2020 e que vai nos fazer não chorar mais por causa de tantas vidas perdidas.

Um novo desafio surge no horizonte brasileiro: a viabilização da vacina para todos e a conscientização da necessidade da vacina para que as pessoas não morram mais de tão famigerado vírus.

Mas, hoje, 17 de janeiro de 2021, nos importa comemorar e deixar extravasar o coração de esperança.

Viva a ciência! Viva os nossos institutos públicos de pesquisa (Butantan e FioCruz)!


                                     Foto: SUAMY BEYDOUN/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Diário Ficando em casa: 200 mil mortos e a vacina

 

            Imagem gratuita do Freepik com adaptação de Luiz Fernando Cardoso do Café com Jornalista


O meu "Diário Ficando em Casa" que começou, de forma ingênua, com o propósito de contribuir com as pessoas para ajuda-las a conseguir ficar em casa, perdeu seu sentido com a retomada das atividades e o próprio conhecimento dos cuidados com o coronavírus.

No entanto, diante do que estamos vivendo no país e diante de, praticamente 200 mil vidas perdidas para a Covid19 e quase 8 milhões de contaminados, senti a necessidade de escrever mais uma parte do Diário Ficando em casa, mesmo que não estejamos mais ficando em casa.

No meu último artigo Diário Ficando em casa, em 08 de agosto de 2020, o Brasil contabilizava 100 mil mortes por Covid e as vacinas estavam em desenvolvimento. A pandemia pelo coronavírus ampliara a crise econômica e trouxe à cena, a crise política e sanitária, ou seja, no final das contas, aumentou a pobreza colocando o Brasil de volta ao mapa da fome, trazendo consequências graves para a população. Consequências essas que foram minoradas graças ao auxílio emergencial cujo valor foi aumentado pelos congressistas ante a insensível proposta de R$200,00 proposto pelo governo.

Enfim, surge a esperança com o desenvolvimento e testes das vacinas em diversos laboratórios pelo mundo. Países começam a vacinação a partir de 14 de dezembro de 2020 enquanto que no Brasil, em 05 de janeiro de 2021, contabilizamos 197.777 óbitos e 7.812.007 casos de contaminação por coronavírus. Cada vida perdida a partir da existência de uma vacina, é uma vida que poderia ter sido salva

Três pontos se destacam nesse período: a incompetência ou negligência planejada do governo brasileiro em planejar vacinação da população; a retomada das festas e viagens como se o vírus não mais estivesse entre nós e o aumento do número de pessoas que tem medo da vacina.

O governo brasileiro não tem plano efetivo de vacinação para a população a começar por elementos simples como a indicação da data da vacinação. A vacina tornou-se palco de disputa política e não de saúde pública. Inclusive, destaca-se a postura do presidente da república que ignora as recomendações da área de saúde e faz aglomeração de pessoas, não usa máscara facial para proteção e ironiza a gravidade da Covid19, ou seja, ele continua com a mesma atuação desde o início da pandemia.

A retomada das festas e das viagens amplamente divulgada tanto na imprensa como nas redes digitais particulares ou públicas assustou e tornou-se preocupação para a saúde com a expectativa do retorno e das complicações por falta de leito e atendimento. Durante a escrita desse artigo, li uma reportagem que em algumas cidades os profissionais da área de saúde começam a definir quem tem atendimento e quem não tem devido a falta de leitos.

Aliado a tudo isso, junta-se o fato de que muitas pessoas influenciadas por fakenews e pelo negacionismo da ciência, estão promovendo o medo da vacina. Esquecem ou fingem esquecer que as vacinas erradicaram doenças graves como poliomielite, sarampo ou meningite que levavam as pessoas à morte ou deixavam as pessoas com sequelas terríveis.

Mesmo diante de tudo isso, o uso do álcool em gel, a máscara e o distanciamento social tornam-se rotina em nossas vidas com a esperança redobrada de que a vacina chegue ao Brasil e paremos de perder vidas que poderiam ser salvas. Apesar de parecer simples, ainda encontramos pessoas que se recusam a utilizar máscaras para entrar em lojas, pessoas que se aglomeram, que não se importam com seus familiares idosos e pensam que são imunes a tudo isso.

Enfim, como o Diário sempre tem uma conotação intimista, emotiva e por que não dizer romântica, me atrevo a ter esperanças de que a vacina e a cura para esse vírus tão devastador que mudou tudo como conhecemos, possa nos fazer respeitar o planeta Terra e seus habitantes.

Que venha a vacina!!

 

 

 

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

50 anos: muitos brindes para a UEM

A UEM é sem dúvida um patrimônio de Maringá construída e mantida graças aos esforços de seus professores, funcionários e estudantes. Em sua trajetória, a Universidade teve colaboração de alguns governantes, no entanto, em sua maioria, infelizmente, os governos estaduais sempre buscaram minar a evolução das nossas universidades estaduais.

A UEM faz parte da minha história e como eu, muitos estudantes sonhavam em passar no vestibular. Sou da turma de 1979. Como eu, também, muitos atuaram no movimento estudantil, tornaram-se professores e funcionários, militantes sindicais e participaram de cada mobilização e de cada conquista.

Antes de ser estudante da UEM, eu já a conhecia pois visitava e ouvia os fatos narrados pela minha tia, professora Maria Apparecida Tait, que era secretária do antigo Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Ficava encantada com a possibilidade de me tornar estudante ali. Fiz Processamento de Dados e Administração de Empresas. Ainda hoje ando por lá, aposentada, continuo como coralista no Coro Feminino da UEM.

Quando a minha turma de Processamento de Dados (PD) resolveu se reunir para comemorar os 35 anos do curso, confirmei o quanto eu era ligada a UEM. O curso de PD foi criado em 1976. Com a turma com ex-alunos vindos de vários estados do Brasil fizemos um tour pela universidade e assim fomos passando pelos espaços que ocupávamos quando estudantes. Fiquei emocionada, como maringaense, ex-estudante e professora, ao mostrar pra eles as novas construções, os novos jardins, a mudança de PD para Ciência da Computação e Informática e ao mesmo tempo relembrando nossa trajetória de estudantes.

A UEM, também, me possibilitou combinar a parte tecnológica com a parte humana, o que culminou num pós-doutorado em História das Mulheres, impulsionado por minha militância no movimento feminista e por discutir a presença da mulher na tecnologia.

Mas, a UEM não é somente emoção pessoal. Ela está inserida na comunidade e ao atuar no tripé ensino, pesquisa e extensão contribui tanto para a formação de novos profissionais como para o desenvolvimento da região em que está situada, na sede e nos campus regionais. Pude participar, um pouco, de perto dessa inserção ao representar a UEM no Arranjo Produtivo Local de Software, no Conselho da Mulher, ao representar o Centro de Tecnologia no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, com o Museu do Computador, como Secretária de Administração na Prefeitura de Maringá e na apresentação de nossas pesquisas em eventos nacionais e internacionais.

Não é à toa que a UEM é detentora de pontos em estatísticas, tais como possuir o maior número de pesquisadoras, estar entre as melhores estaduais e entre as melhores do Brasil. Isso é resultado de trabalho sério e consistente, de esforço continuado com envolvimento de toda a comunidade universitária. A pandemia mostrou, mais uma vez, o lado de integração da UEM com a comunidade, com a luta por atendimento adequado, aumento de leitos e de infraestrutura para atender pacientes de Covid no Hospital Universitário.

Mesmo com a tentativa de racionalizar, afinal nem tudo são flores no mundo do trabalho, sou tomada por uma emoção muito grande. Estive emocionada cantando no aniversário dos 40 anos da UEM. É uma pena que por causa da pandemia não possamos fazer uma grande festa pra comemorar o aniversário dessa cinquentona cuja vida se mistura com a vida da cidade.

E, hoje quando passo na frente da universidade, falo para os netos com um baita orgulho: essa é a Universidade Estadual de Maringá em que estudei e trabalhei a vida toda. Agora compreendo o orgulho dos meus avós e pais quando mostravam os pontos da cidade em que trabalharam ou conheceram no início da formação de Maringá.

A gente se mistura aos locais, como se nossos corpos e mentes permanecessem neles ao longo das nossas vidas. Assim, sorrio ao pensar na UEM e ao caminhar por suas passarelas.

 

 
Artigo publicado em 05/01/2021 no Café com Jornalista