Comecei a me envolver com
tecnologia em 1979 quando passei no vestibular do curso de Processamento de
Dados da UEM. Naquela época e até meados dos anos 1980, a tecnologia do uso dos
computadores era restrita a poucas pessoas e inimaginável para a maioria da
população.
O tamanho dos
computadores e sua capacidade possuíam uma desproporcionalidade: o computador
era grande e sua capacidade de processamento e de memória, pequena. As empresas
que possuíam os equipamentos usavam como propaganda de modernidade e desenvolvimento,
muitas vezes, colocavam parede de vidros para que as pessoas vissem a sala onde
ficavam esses “monstros” que poucas pessoas conseguiam dominar.
Com a evolução
tecnológica, os computadores foram diminuindo de tamanho e a capacidade de
processamento e de armazenamento aumentou consideravelmente. As aplicações
computacionais começaram a se aprimorar em todas as áreas de conhecimento.
O desenvolvimento dos
microcomputadores em meados dos anos 1970 aliado a discussão de
descentralização da informação e de necessidade de acesso à população, começou
a popularizar a computação, a ponto de se criar a estrutura do computador
pessoal baseado na premissa: “um computador, uma pessoa”.
A evolução não parou por
aí. Surgiram posteriormente os notebooks e outros equipamentos móveis mudando o
paradigma para “onde a pessoa for, o computador vai com ela”. Ao ligar imagens
e sons, o computador se mesclou aos aparelhos celulares surgidos no final dos
anos 1990 (no Brasil).
Hoje o celular e junto
com ele, os aplicativos e o acesso a Internet estão com as pessoas e fazem
parte do dia a dia e porque não dizer, do nosso minuto de tempo. Claro que o
acesso não é facilitado e nem homogêneo. Não chega da mesma forma a todo mundo
e mostra a desigualdade entre os países e dentro dos países.
Entretanto, agora em
2020, surpreendido por uma pandemia devido a um vírus difícil de combater, o
mundo parou. Só não parou ainda mais por existir a tecnologia que possibilita
que nos comuniquemos virtualmente. Plataformas foram aperfeiçoadas e liberadas
para facilitar as reuniões virtuais que envolve um público cada vez maior.
Assim, reuniões de
trabalho, entrevistas, aulas, festas entre tantas atividades encontram no mundo
virtual uma forma de serem realizadas. Suprimiu-se o contato físico, o aperto
de mão, a troca de olhares e as expressões faciais. A palavra da moda se tornou
“live”.
Não se sabe até quando
esse será o nosso modo de nos reunirmos, no entanto, a falta da presença começa
a ser sentida. O isolamento revelou situações como o aumento da violência
contra a mulher, a dificuldade de acesso ao ensino remoto e aos benefícios como
o auxílio emergencial, a falta de políticas governamentais federais de combate
ao coronavírus, entre outros problemas.
Por outro lado, as saídas
para mercados e bancos ou outras necessidades, inicialmente substituídas por
entregas nas residências, começam a tomar conta das ruas novamente. As
máscaras, o álcool em gel e o distanciamento das pessoas se torna realidade.
Dizem que quando tudo passar, esse será o “novo normal”.
Muitas teorias e estudos surgem,
inclusive sobre o comportamento das pessoas, cujos otimistas consideram que
será melhor e os pessimistas, que nada mudará. Uma coisa é certa, o mundo parou
e pode respirar por um tempo.
Certamente, quando o
“novo normal” for estabelecido, talvez confirmemos que quem era bom, continua
bom, quem era ruim, continua ruim.
Quem sabe cantemos com o cantor
Ivan Lins: “No novo tempo, apesar dos castigos,
Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos,
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer...”
Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos,
Pra nos socorrer, pra nos socorrer, pra nos socorrer...”
E assim caminhará a
humanidade...Ou não.
Foto: Rio Paraná, da autora.
Tania Tait, professora
doutora aposentada da UEM, coordenadora da ONG Maria do Ingá Direitos da Mulher