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segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Por que propor campanha de prevenção ao coronavírus para as mulheres?

Na cidade de Maringá, de acordo com os dados fornecidos pela Secretaria de Saúde estão morrendo mais homens do que mulheres pelo COVI-10.  No entanto, as mesmas estatísticas apresentadas indicam que as mulheres estão sendo mais contaminadas pelo novo coronavírus.

Diante desse cenário, a ong Associação Maria do Ingá Direitos da Mulher analisou a situação e os dados. Na análise, discutiu-se a presença da mulher na cidade, a qual conta uma rede de comércio e de fábricas de confecção de roupas de âmbito regional tanto com relação às vendas como no emprego de mulheres, em sua maioria.

Além disso, nas áreas de saúde e dos serviços domésticos, as mulheres são, também, a maioria das trabalhadoras, executando as atividades em um ou mais empregos.

Outro fator analisado relaciona-se a movimentação econômica protagonizada pelas mulheres tanto no comércio local nos bairros como no centro da cidade, quando se deslocam para aquisição de produtos e serviços.

Para completar esse cenário, surge a mobilidade das mulheres, em sua maioria, usuárias do transporte coletivo. Assim, as mulheres circulam tanto no ambiente público como no ambiente doméstico.

No ambiente doméstico, as mulheres, são as que, normalmente, gerenciam e realizam as atividades da casa, na realização das tarefas, no cuidado das crianças, dos idosos e dos doentes das famílias.

Todo esse conjunto de fatores leva a maior exposição por parte das mulheres ao coronavírus, o que mostra a necessidade de que seja realizada uma campanha de prevenção voltada para as mulheres,

Em face do exposto, a Ong Maria do Ingá protocolou documento junto à Prefeitura de Maringá solicitando que seja realizada uma campanha de prevenção e conscientização específica para as mulheres no sentido de reduzir a contaminação e a proliferação do coronavírus – Covid-19.

Esperamos que a solicitação da entidade seja atendida com valorização para a importância do trabalho e da presença da mulher na cidade.


 

sábado, 29 de agosto de 2020

Ong propõe campanha de prevenção pra mulheres no combate ao coronavírus

 A Ong Maria do Ingá- Direitos da Mulher, reunida em 26/08/2020 e, diante da análise dos dados referentes ao coronavírus na cidade de Maringá, detectou que a maioria das pessoas contaminadas na cidade é mulheres. Isso se dá, possivelmente, pela cidade contar com uma rede de comércio e de fábricas de confecção de roupas, nas quais as mulheres são a maioria das trabalhadoras, o mesmo ocorre na área de saúde e no serviço doméstico.


Também, são as mulheres as que mais movimentam a economia local, tanto nos bairros como na área central e as que mais utilizam o transporte coletivo.

Em face do exposto, a Ong Maria do Ingá protocolou documento ao Prefeito de Maringá solicitando que seja realizada uma campanha de prevenção e conscientização específica para as mulheres no sentido de reduzir a contaminação e a proliferação do coronavírus – Covid-19.

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

A quem interessa que a política seja vista como suja?

 A quem interessa que a política seja vista como suja e os políticos como maus e corruptos?

Essa é uma pergunta recorrente. A cada vez que uma pessoa diz: “não vou mais votar”; “é tudo farinha do mesmo saco”;  “é tudo corrupto” e por aí afora... fica o questionamento: “Serão todos iguais mesmo?”; “Não tem político que trabalha em prol do povo?”; Não tem político que não enriquece na política?”

Se formos pensar bem. Tem sim. Tem políticos que atuam com seriedade e respeito ao povo e a coisa pública.

O problema vai além de colocar todos no “mesmo saco”. Ao optar pela democracia, que é o clássico “do povo, pelo povo e para o povo” aceita-se junto o direito ao voto para escolher que vai ser o representante com a defesa dos interesses desse mesmo povo.

No entanto, a maioria da população não pesquisa sobre os candidatos, nem verifica o que fizeram de útil para a comunidade. Votam por inúmeros outros motivos, desde a lábia até a figura estética agradável. Alguns votam naquele candidato que os espelha nas ações e nos pensamentos.

Depois quando esse político faz coisas erradas, se envolve em corrupção, vota contra os interesses do povo, os eleitores se indignam com a própria escolha.

Muitos eleitores sequer lembram em quem votaram nas últimas eleições, quanto mais acompanhar o que seu candidato eleito está fazendo onde foi colocado por meio do voto.

Ao invés de propagar que “político é tudo igual”, os eleitores e as eleitoras deveriam pesquisar sobre as candidaturas, sem confiar em fakenews. Observem o que o (a) candidato (a) já realizou, quais são suas propostas, se está ligado aos interesses da maioria da população, se possui olhar e ações concretas para as chamadas minorias (mulheres, lgbt, negros, idosos, portadores de deficiência, indígenas...), verifique se não é uma pessoa que menospreza seus semelhantes, veja se trata bem o meio ambiente e os animais e, confira as propostas da candidatura se realmente defendem o que você pensa e o que deseja para a sociedade.

Não se iluda, mesmo que na candidatura, a pessoa finja ser uma boa pessoa, em algum momento, a verdade aparece. No entanto, verifique se é verdade mesmo. Todo fato tem várias versões.

Isso dá trabalho...claro que dá, pois, na medida que decidimos escolher as pessoas que vão nos representar, temos a responsabilidade com nosso voto e a obrigação de acompanhar a candidatura que elegemos. Se nos decepcionar, tentamos novamente.

Esse ano temos uma novidade que é importante ser analisada:  a organização das mulheres para eleger mais mulheres na política. As mulheres são 52% da população e tem uma representatividade muito baixa, sendo apenas 10% na política. Analise as candidatas mulheres, também. Elas conhecem nossa realidade e apresentam propostas concretas para melhorar a nossa vida, principalmente aquelas candidatas que possuem experiência em movimento social e popular.

Temos opções em várias correntes ideológicas, representantes de várias movimentos e organizações. O que precisamos é arregaçar as mangas, fazendo valer o direito sagrado do voto com as obrigações que emanam desse direito para acompanhar o que faz nosso eleito.

O que não podemos fazer é tratar todo mundo como se fosse igual e ignorar as boas candidaturas. Afinal, quem ganha com o desinteresse da população pela política é o mau político que se aproveita da falsa idéia de que é tudo farinha do mesmo saco, levando as pessoas a voltar em qualquer um.

Sejamos espertos e vamos fazer como canta Zeca Pagodinho em sua música “Comunidade Carente”:

“Nós vivemos muito mal
Mas esse ano nós estamos reunidos
Se algum candidato atrevido
For fazer promessas vai levar um pau
Vai levar um pau prá deixar de caô
E ser mais solidário
Nós somos carentes, não somos otários
Prá ouvir blá, blá, blá em cada eleição”

 

Urna eletrônica.

 


domingo, 16 de agosto de 2020

O livro

Li, na semana que passou, várias notícias a respeito da proposta do atual Ministro da Economia de taxar os livros.

Num país cuja densidade de leitura é muito baixa, motivada não apenas pelos preços dos livros mas, pela falta de incentivo à leitura, isso soa como um disparate. Tem muita coisa que poderia ser taxada e que traria mais recursos aos cofres públicos como as grandes fortunas, por exemplo.

O que mais chama a atenção no ataque aos livros no Brasil são os dados da leitura por parte dos brasileiros. Dados da EBC – Empresa Brasileira de Comunicação atestam que o brasileiro lê, em média, apenas dois livros por ano.  30% da população nunca comprou um livro. Ou seja, não somos um povo que tenha a leitura como hábito.

Então porque a taxação de livros agora, em plena pandemia?

Se formos analisar mais a fundo, a taxação de livros não é pela arrecadação de tributos mas, sim por um projeto político. como forma de poder que privilegia a falta de conhecimento e a desconstrução da cultura.

Afinal, um povo que lê terá mais capacidade de compreender as manobras e as falcatruas dos maus políticos, saberá discernir quem realmente defende políticas públicas e quem está ao lado do povo e da democracia. Aliás, lendo, o povo saberá exatamente o que significa democracia.

Ao olhar a história da humanidade, verifica-se que esse ataque aos livros não é novidade. Ora queimados, ora taxados, os livros sempre foram incomodo para governos autoritários. Haja visto, por exemplo, a queima de livros promovida pelo governo nazista, notadamente de livros contrários à sua ideologia.

No Brasil, a história não foi diferente com a caça aos livros condenados por serem contrários às ideologias dominantes.

Na pesquisa realizada com as mulheres de Maringá que atuaram no campo de luta contra o governo militar no Brasil, chamou a atenção uma característica comum entre todas as militantes entrevistadas: o gosto pela leitura de livros. Uma delas chegou a dizer que tinha medo que a polícia pegasse seus livros e os escondia ou tirava a capa para que não vissem o título. Muitos desses livros cassados pela polícia política versavam sobre comunismo ou marxismo.

Portanto, seja num país considerado de primeiro mundo, seja numa cidade do interior, os livros sempre incomodam. Esse incomodo se dá porque os livros nos fazem pensar, seja em um romance, seja em um livro científico. Ao pensar, as pessoas passam a agir e esse agir pode ser destoante do que os dominadores querem.

Para o autoritarismo é mais fácil queimar os livros e o conhecimento dentro eles. Na atualidade, a queima de livros soa péssimo por ser relacionado ao nazismo que dizimou milhares de pessoas, então uma saída adotada pelo governo é taxar, torna-los mais caros e inacessíveis à população.

Nos livros, os escritores tem a liberdade de escrever sobre suas vidas, seu povo, o mundo e a forma como encaram a sociedade.

Livros podem nos levam a reflexão sobre o mundo em que vivemos e podem influenciar gerações.

Livros inspiram medo em quem quer impor sua ideologia, em quem quer deixar o povo como massa de manobra para se manter no poder.

Esse “monte de letras” que formam frases, que viram páginas agrupadas e que se tornam livros são realmente um perigo para as pessoas que querem dominar pela força, pela mentira e desinformação.

Um brinde aos livros! Que os livros continuem a abrilhantar nossa existência!

 

 

 

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

O Plano Diretor de Maringá e seu impacto na vida das mulheres

 A estatística mostrou que temos em Maringá, 52% da população composta por mulheres e no eleitorado, as mulheres são 54%. A estatística, nesse caso, confirma o que vemos a olho nu. As mulheres estão em todos os postos de serviços, utilizam o transporte público e os serviços de saúde educação, movimento o comércio dos bairros e do centro das cidades. Ou seja, as mulheres vivem o cotidiano das cidades, conhecem os problemas e reúnem condições para opinar para melhor os serviços prestados.

No entanto, as mulheres não tem sido ouvidas, principalmente dado a sua limitada atuação na política, que é o local onde as decisões são tomadas.

A despeito disso, as mulheres atuam em outras frentes de participação popular como os conselhos municipais, associações de moradores e organizações da sociedade civil. Diante disso, o Conselho da Mulher de Maringá solicitou ao IPPLAM (Instituto de Planejamento de Maringá) para que realizasse uma audiência com a temática “A Mulher e a Cidade”. Na época, o órgão disse que não possuía condições de realizar tal temática.

 O Conselho da Mulher, não se dando por vencido, deliberou pela realização de uma conferência “A mulher na cidade” e consolidou parceria com a BR Cidades-unidade Maringá. Dessa forma, em 18 de novembro de 2018 no Plenarinho da Câmara com a presença de mulheres representantes de diversas entidades da sociedade civil realizou-se a Conferência Livre ‘A mulher na Cidade”.

O intuito foi a promoção de um debate sobre as necessidades e as expectativas das mulheres na sua vivência urbana bem como apresentar propostas para contribuir com o plano diretor e melhorar a vida na cidade.  

Assim, o debate realizado no evento gerou propostas que foram encaminhadas para o órgão responsável pela condução da revisão do Plano Diretor de Maringá. São elas:

 

1.      Prever espaços públicos na cidade que incentivem a ocupação, a circulação e a sociabilidade, adequados à utilização por parte de crianças e idosos, e cuja segurança não dependa exclusivamente da força policial;

2.      Aprimorar o sistema de iluminação e monitoramento dos espaços públicos, numa perspectiva de policiamento protetivo, que não se fixe apenas nas áreas centrais;

3.      Manter as áreas com vegetação e evitar áreas muradas em alvenaria;

4.      Levantar necessidades por bairro de equipamentos e espaços públicos, principalmente afeitas às mulheres e à juventude, descentralizando pelo território o planejamento urbano;

5.      Ampliar espaços de deliberação descentralizados pelos bairros;

6.      Revitalizar fundos de vale, com criação de áreas de lazer na periferia;

7.      Prever espaços para hortas comunitárias, em discussão com o conselho municipal de segurança alimentar;

8.      Prever logística para as conexões trabalho/moradia, favorecendo a mobilidade das mulheres trabalhadoras no espaço urbano;

9.      Garantir segurança para públicos que usam bicicleta para locomoção moradia/trabalho;

10.  Garantir o atendimento das necessidades das pessoas LGBTs na sua permanência na cidade, com criação de uma gerência para políticas específicas para esse grupo;

11.  Garantir o atendimento das necessidades das mulheres indígenas na sua permanência na cidade, incluindo a criação de um centro permanente para comercialização e exposição de artesanato indígena;

12.  Garantir o atendimento das necessidades da população em situação de rua na sua permanência na cidade, particularmente das mulheres grávidas;

13.  Garantir o atendimento das necessidades das mulheres encarceradas na sua permanência na cidade

14.  Prever reserva de agenda dos campos de futebol públicos da cidade aos grupos de futebol feminino, bem como equipá-los com demais equipamentos que favoreçam a ocupação do seu entorno pelo público feminino;

15.  Incluir a preocupação com o tema da Região Metropolitana no planejamento urbano;

16.  Incentivar projetos arquitetônicos que considerem as especificidades das mulheres, levando essa discussão ao conselho de habitação de interesse social;

17.  Deslocar a delegacia da mulher para centro da cidade e centralizar no território os serviços especializados para mulheres.

 

Como se pode perceber, as propostas giram em torna da mobilidade e da ocupação dos espaços na cidade, o que demonstra a preocupação das mulheres para além do seu espaço privado, como aa circulação nos ambientes, a criação e aprimoramento de parques e ciclovias, entre outros.

Além disso, as mulheres presentes na conferência, incluíram propostas para as especificidades das indígenas, população de rua, encarceradas, mulheres em situação de violência doméstica, as quais necessitam de políticas públicas de atendimento em áreas como saúde, segurança alimentar e geração de emprego e renda.

Temos, assim, o Plano Diretor como um mecanismo para pensar a cidade que queremos. A contribuição de todos os setores da sociedade, em especial, das mulheres que se configuram na maioria ou metade da população se torna primordial para que a cidade seja realmente o espaço de viver para todas as pessoas.

 

Observação: Atuei como representante do Grupo de Acompanhamento do Plano Diretor em 2019 pelo Conselho da Mulher e coordenei a Conferência Livre: A mulher e a cidade"

 

Este artigo foi publicado originalmente na   Gazeta de Maringá, em 12/08/2020.

sábado, 8 de agosto de 2020

Diário Ficando em casa e os 100 mil mortos pelo Covid-19

Quando comecei a escrever o Diário Ficando em asa durante o isolamento de 20 de março a 20 de abril,pensava em ajudar as pessoas a realizar atividades para superar o tempo de isolamento distante de familiares e amigos. 

 O sentimento que as pessoas tinham, e eu me incluo, era de que seria passageiro pois a experiência do que aconteceu na Europa iria balizar as decisões do nosso governo para conter a transmissão do vírus.

Naquele período, realizamos, também, muitas orações pelo nosso amigo José Eudes, um dos primeiros casos em Maringá, que felizmente se recuperou, após permanecer 50 dias na UTI.

Entre as várias atividades na quarentena, aprendi a fazer o tradicional macarrão com sardinha familiar com a minha mãe que tem 81 anos de idade e permanecia isolada em casa.

Pela Ong Maria do Ingá, entidade que atuo, adiamos nossos eventos por um mês e, depois, finalmente os cancelamos. Assim, passamos a utilizar com mais força as redes sociais para realizar o trabalho de formação e informação na área de direitos da mulher.

Portanto, o nosso sentimento era de esperança, que o isolamento seria apenas por um tempo e logo tudo voltaria ao normal. Pra se ter uma idéia, em 26 de março, o Brasil tinha 2.915 casos e 77 mortes (dados da UOL).

Havia muita esperança nos ares do nosso Brasil. De repente, a esperança de voltar ao normal foi se esvaindo.

Infelizmente, hoje, 07 de agosto, praticamente 6 meses depois, temos quase 3 milhões de casos e 100 mil mortes. Os nossos governos estaduais e municipais pressionados pelo empresariado, por parte da população e pelos seus prováveis financiadores de campanha eleitoral, estão mais preocupados com as eleições 2020 do que com a crise sanitária e econômica e política que estamos vivendo.

Isso significa que nada aprendemos com a experiência de outros países que tiveram seus picos de contaminação e mortes antes de nós.

Liderados por um presidente negacionista que considerava a Covid-19 uma “gripinha”, fomos nocauteados pela troca de ministros da saúde e pela nomeação de um ministro militar de reserva que nada entende de saúde mas, segue rigorosamente as ordens de seu capitão.

Ao ler as notícias de que 100 mil brasileiros (100.000) perderam a vida pela Covid-19 e que essas mortes poderiam ser evitadas me vem a mente que não são apenas 100 mil pessoas afetadas. Se em cada círculo familiar existe em média 10 pessoas (avós, irmãos, tios, primos etc), ao chegar a 100 mil mortes, teremos 1 milhão de pessoas atingidas física ou emocionalmente pela doença. Sabemos que nossas famílias, em geral, possuem  mais do que 10 pessoas, portanto, além dos quase três milhões de contaminados e cem mil mortos, pode-se chegar a conta de que a Covid-19 afeta diretamente quase 10 milhões de pessoas.

Posso me equivocar nessas contas, mas ando assustada com a falta de controle da pandemia e a abertura de, praticamente, todos os serviços nas cidades.

Mais assustador e aterrador é ver a defesa de retorno às aulas levando nossas crianças, adolescentes, profissionais da educação e familiares à uma exposição desnecessária. Certamente, o ano letivo pode esperar. Ao contrário do que prega o presidente da república insensível genocida, as vidas importam mais do que a economia.

A economia pode ser recuperada com programa de desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda, que não vimos este governo realizar.

Chegamos ao ponto de termos três crises caminhando juntas: a política, a econômica e a sanitária. As três, a meu ver, são resultado da subserviência do governo brasileiro aos interesses do capital internacional e dos EUA, de um governo negacionista e de um presidente que tem a família dele em primeiro plano. Nesse último item, basta verificar as manobras judiciais para camuflar o envolvimento da família com a milícia carioca.

Nos demais itens, me veem à mente, as imagens do presidente batendo continência para a bandeira dos EUA e mostrando uma caixa de cloroquina para uma ema no pátio do palácio presidencial. Eu pensava que era montagem de tão absurdo que parecia. Mas, loucuras à parte ou encenação para chamar a atenção, é tudo verdade.

Aconteceu tanta coisa absurda em nosso Brasil nesses 6 meses que fica até fácil acreditar em ozônio introduzido para curar a Covi-19 ou na creolina para manter o distanciamento entre as pessoas.

O que fica mesmo é o sentimento profundo de tristeza pelas milhares de vidas perdidas.

E essa tristeza nem a inocência do meu Diário Ficando em casa e nem seu objetivo de auxiliar as pessoas conseguem diminuir.

Diante de tudo isso, nos resta:  nos cuidarmos, usar máscara, álcool em gel e manter o distanciamento social. Também, podemos incluir nessa lista: protestarmos contra os desmandos desse governo genocida para garantir nossa democracia e as nossas vidas.

 

Artigo publicado originalmente no Café com Jornalista

 

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

A Lei Maria da Penha completa 14 anos em meio a pandemia

A Lei Maria da Penha, promulgada em 2006 pelo então Presidente Lula, aconteceu no período que se configura como a “terceira onda do feminismo”. A classificação do feminismo em “ondas” é um recurso didático que engloba as várias fases e lutas do movimento feminista no mundo.

No Brasil, a primeira onda do movimento feminista, teve início no século XIX. As reivindicações eram voltadas para assuntos como o direito ao voto e à presença da mulher na vida pública. A segunda onda teve início nos anos 1970 em plena ditadura do governo militar. Além de lutar pela valorização do trabalho da mulher, o direito ao prazer, contra a violência sexual, o movimento feminista também lutou contra a ditadura militar.

Na terceira onda, que teve início da década de 1990, começou-se a discutir a diversidade na luta das mulheres, com as especificidades das mulheres negras, LGBTs, sindicalistas, portadoras de deficiência, mulheres do campo, das florestas e da cidade, entre outras. Começa, também, a discussão de gênero com recorte de classe e raça.

A partir de 2012 surge a expressão quarta onda do feminismo marcado pelo uso da tecnologia das redes sociais. O foco da quarta onda do feminismo é a busca pela justiça, a luta contra o assédio sexual e à violência contra a mulher, contesta a misoginia e outras desigualdades. Traz a discussão da cultura do estupro, da violência sexual e assédio no ambiente de trabalho, a inclusão de mulheres que sofrem além das opressões de gênero, opressões como racismo, lesbofobia ou transmisoginia. Assim, o movimento feminista busca ser interseccional, dando voz e representação a todas.  

Percebe-se que cada onda do movimento feminista deixou um legado para a luta pelos direitos das mulheres. No entanto, mesmo com a chegada da quarta onda do movimento que faz uso da modernidade das redes digitais, as mulheres brasileiras continuam com presença tímida na política, sofrem violência doméstica, recebem menores salários, sofrem assédio, são assassinadas, entre outras situações que revelam a batalha diária travada pelo movimento feminista.

Dentre as ações pelo fim da violência contra a mulher pautadas pelo movimento feminista inclui-se a Lei Maria da Penha. Construída dentro do espírito da terceira onda do feminismo, a Lei Maria da Penha buscou incluir nas formas de violência e nas medidas protetivas, a discussão de classe, gênero e raça, homossexualidade, mulheres idosas, entre outras as quais são contempladas nas 5 formas de violência tipificadas como: sexual, física, emocional ou psicológica, moral e patrimonial. Um exemplo é a violência patrimonial que atinge muitas das mulheres idosas que ficam reféns das famílias com relação aos seus vencimentos. Um destaque importante se dá, também, no recorte raça e classe que mostra a dificuldade das mulheres de buscarem auxílio e se empoderarem, inclusive financeiramente, para se livrar da violência.

E agora, o que nos diz a quarta onda do movimento feminista, marcada pelo uso da tecnologia e em plena pandemia?

O uso da tecnologia trouxe para o movimento feminista, a presença das mulheres jovens, familiarizadas com as novas tecnologias e que puderam contribuir com a amplitude das discussões a respeito da cultura do estupro, da violência e do assédio sexual. Exemplo recente é a recente campanha Exposed, na qual mulheres e meninas se sentiram encorajadas a realizar denúncias sobre assédios sofridos nas escolas, nas suas casas e nos locais de trabalho. Essa campanha veiculada pela Internet em várias cidades ao redor do mundo trouxe como efeito prático a revelação da violência sofrida em silêncio e a punição de agressores, inclusive com demissão destes por parte das empresas.

Outra campanha que encontrou ampla repercussão nas redes sociais foi a campanha #EleNão, em 2018. Mesmo não obtendo o resultado esperado que era da não eleição de um presidente da república declaradamente misógino, homofóbico, racista e machista, a campanha aglutinou vários setores do movimento de mulheres, unindo as diferentes vertentes e dando voz a todas.

Nesse contexto, com relação a aplicação da Lei Maria da Penha durante a pandemia, as entidades e organismos públicos da rede de atendimento às mulheres em situação de violência utilizaram as redes sociais para apoiar e auxiliar as mulheres.

Pautado na estatística de que houve aumento de 22% de feminicídios no Brasil em relação ao mesmo período no ano passado, por conta do isolamento social durante a pandemia, houve uma reorganização com relação a formalização das denúncias, medidas protetivas e apoio às mulheres com uso das tecnologias de informação e comunicação. Dessa forma, boletins, solicitações de ajuda, emissão de proteção, entre outros puderam ser agilizados via Internet.

Leis como a Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio são algumas conquistas nessa grande luta pela busca de uma vida digna e igualitária para as mulheres.

Mas, precisamos ir além, pois casos como o aumento do feminicídio em plena pandemia nos acenam que mesmo diante da conquista pela igualdade de direitos, o machismo estrutural continua matando as mulheres e tirando delas o direito a uma vida feliz e sem medo.