Com 15 anos de idade
tive a oportunidade de ler “Subterrâneos da Liberdade” de Jorge Amado pra
auxiliar uma prima num trabalho da escola. Trata-se de uma trilogia: Os ásperos
tempos; Agonia da Noite e a Luz no túnel. Era pra ler apenas o primeiro volume
mas me interessei e li os demais. A trilogia trata da luta e resistência e das
torturas sofridas pelos integrantes do Partido Comunista
Brasileiro durante o Estado Novo (1937-1945).
Chamou-me
a atenção e causou arrepios a descrição realizada por Jorge Amado das torturas
sofridas pelos militantes comunistas presos. Claro que eu soube depois que
existiam mais técnicas terríveis de tortura como empalada, pau de arara,
estupros etc. Tive a oportunidade de ver uma exposição de instrumentos de
tortura utilizados em vários períodos da história da humanidade. Fiquei
assustada com o uso do conhecimento que o ser humano pode desenvolver para torturar,
tais como usar psicologia e medicina para promover tortura de forma a dar
esperança para que a pessoa possa detalhar informações e pensar que não vai
morrer.
Certamente
no período da ditadura militar no Brasil, instaurada a partir do golpe de 1964,
as técnicas foram aprimoradas como pode ser conhecido no relatório da Comissão
Nacional da Verdade.
E
mesmo assim, os comunistas estavam lá, bradando e lutando contra a ditadura,
mesmo sabendo que poderiam ser torturados e mortos. Junto a eles, estavam
outras organizações, inclusive ligadas as igrejas, na luta pelo fim da ditadura
militar, mesmo com os riscos que corriam se fossem descobertos pela policia
política.
Tudo
isso me leva a pensar nos primeiros cristãos, que por seguirem os ensinamentos
de Cristo, foram mortos, inclusive como alimento para leões em apresentações
públicas. E, mesmo sabendo do perigo, estavam lá firmes, professando sua fé.
Temos
inúmeros exemplos em nossa História de mulheres e homens que foram assassinados,
queimados vivos ou presos por defenderem um ideal, desde a igualdade de raças,
luta pelo voto, direitos das mulheres ou mudança de sistema político.
Certamente
essas pessoas não são movidas pelo dinheiro mas por algo maior que poderíamos
chamar de amor, pois colocaram, verdadeiramente, suas vidas para que o mundo se
tornasse um lugar melhor pra viver. Ao estudar nossa história temos grandes exemplos
de amor ao próximo em sua essência como nos ensinou um dos mártires da nossa
história e seus seguidores, sejam cristãos, comunistas ou afins.