Na semana em que o Brasil
atinge a pesarosa marca dos 278 mil mortos por Covid, com média de mortes altíssima
na maioria dos Estados, três notícias chamaram a atenção: o discurso do
ex-presidente Lula após ter suas ações da Lava Jato suspensas pelo STF (Superior
Tribunal Federal); a normativa de proibição do uso de legítima defesa da honra
por parte dos advogados de defesa em casos de feminicídios e as aglomerações em
festas e manifestações pelo país.
O discurso do ex-presidente
Lula mobilizou a militância de esquerda e petista ao mesmo tempo que forçou uma
guinada do governo federal no direcionamento do combate ao Covid-19.
Antes pautado pelo
negacionismo, críticas aos governadores e contra o lockdown, o
presidente assume uma postura mais cautelosa, provavelmente, pressionado por
seus apoiadores e pelo mercado internacional que enxergam no retorno de Lula ao
cenário político, um perigo para suas aspirações eleitorais de 2022 para
reeleição com vistas ao aprofundamento da agenda neoliberal de privatização e
desmonte do serviço público.
Por sua vez, ao falar e
ter a possibilidade de elegibilidade, Lula acendeu a esperança em milhões de
brasileiros que tem na sua memória os benefícios que recebiam nos governos
petistas, com sonho de casa própria, universidade, atendimento na saúde, alimentação,
dentre outras coisas básicas para que as pessoas tenham o mínimo para uma vida
digna.
Além da liberação de Lula
pelo STF, no dia 08 de março, o mês da mulher recebeu outra notícia que se soma
as ações no combate à violência contra a mulher.
Finalmente, o STF retirou
dos processos a alegação de “legítima defesa da honra” que ainda aparecia como
argumento de defesa nos processos de defesa de assassinos de feminicídio. Um
argumento muito usado nos anos 1960 e que voltou ao cenário jurídico
recentemente, a legítima defesa da honra possibilitava que os homens assassinos
sequer fossem a julgamento, em alguns locais. A partir desse argumento absurdo,
a culpa do próprio assassinato recaia sobre a mulher vítima, pois da honra dela
dependia a honra do marido e, assim, ele poderia dispor de sua vida.
Felizmente, o STF acabou com o uso desse argumento absurdo que promovia a
absolvição de criminosos feminícidas.
As aglomerações em festas
e manifestações tomaram conta dos noticiários. Festas com até 500 pessoas, num
momento de aumento de casos de mortes por Covid, demonstra a insensibilidade
dos organizadores e dos frequentadores. Festas organizadas num momento em que
pessoas estão morrendo por Covid e lotando as UTIs mostra um lado não só
irresponsável, mas perverso contra a valorização da vida.
Da mesma forma, as
manifestações convocadas durante uma semana em que as mortes atingiram mais de
2000 casos por vários dias, soam como irresponsabilidade. Sabe-se que os
manifestantes são apoiadores do governo federal que tem negado o combate ao
Covid. As palavras de ordem se misturam e se confundem ao pedir abertura do
comércio, abertura das escolas, intervenção militar, contra o STF e contra os
governadores que estão se empenhando em adquirir vacina.
No fim das contas, as
três notícias estão interligadas pois estão inseridas no contexto da pandemia.
Ao estarem interligadas confundem a população que sabe que, mesmo diante de tudo
isso, pode ficar desempregada ou ter seu salário reduzido, o que não dá pra manter
suas necessidades básicas de alimentação e moradia. Entretanto, vale lembrar
que a culpa não é só da pandemia, a política econômica do governo federal já se
mostrava um desastre, antes da pandemia, com 12 milhões de desempregados em
fevereiro de 2020.
Enquanto a elite
brasileira se esbalda em lucrar com a pandemia, o empobrecimento toma conta do
país, apoiado ainda por uma classe média que não se enxerga como classe
trabalhadora ou pequeno/médio empresário ou pequeno agricultor e vai às
manifestações no apoio ao governo federal, contra si própria, sem se aperceber
do tiro no próprio pé.
A semana foi movimentada
com notícias, sentimentos, em indignação e em tristeza pelas quase 300 mil
mortes. Vale a esperança da vacina que vai chegando aos poucos e se tornando
concreta na vida do povo brasileiro.
Vale a esperança de
semanas melhores!