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domingo, 14 de novembro de 2021

Importunação sexual é crime

 "Importunação sexual é crime, conforme lei federal nº 13.718, de 24 de setembro de 2018. A lei alterou o texto do Código Penal no capítulo "Dos Crimes Contra a Liberdade Sexual"."

 Quando começou a discussão sobre importunação sexual, homens chamaram de frescura ou "mimimi" o fato das mulheres se sentirem constrangidas com as tais" gracinhas masculinas". Outros vão além dizendo que elas deveriam estar felizes por chamarem a atenção deles.

 UAU!!! além de machismo explícito, vamos combinar que é de uma tremenda falta de educação e de respeito importunar as pessoas que não querem ouvir as famosas “gracinhas” que de graça nada tem ou sentirem toques de outros.

Todas nós mulheres, em algum momento das nossas vidas passamos por isso. O beijo roubado que é minimizado como romântico; o comentário inoportuno sobre o corpo que é visto como elogio, o toque em locais públicos, aquela mão inoportuna na cintura,  entre tantos exemplos. Destaque aqui para os crimes como estupro e violência sexual que são aterradores e violam a alma e o corpo das mulheres.

Lembrei de um congresso de computação na área empresarial que fomos no Rio de Janeiro em 1979, no auge dos meus 18 aninhos.. Fretamos um ônibus com alunos(as) e professores (as). O evento trazia novidades na área. Toda essa discussão sobre importunação me lembrou três episódios. O primeiro foi quando eu estava descendo a escada do centro de convenções e um senhor de terno e gravata passou por mim e disse: - menina com essa loirice toda você está perdendo tempo estudando. Eu acelerei o passo.

O segundo, foi na apresentação de informações sobre um programa de computador que eu pedi explicação. Não sei se ele era o programador ou um representante, mas o que ele disse foi, no mínimo, inconveniente. – menina, você devia estar lá com aqueles engravatados em outro tipo de programa. Pra esse eu respondi: - não se preocupe, eu estou muito bem programando computadores, não preciso deles e quer saber, nem de gente como você. Sai pensando, será que esses dois estavam de combinado, no mínimo foi esquisito.

O terceiro foi num coquetel de confraternização no mesmo evento. Um carioca se plantou do meu lado e não parava de conversar. Aí me convidou pra sair dali. Eu respondi que não, que estava com a turma da faculdade e íamos embora de ônibus. Ele disse que me levava e muito blá blá blá...Eu estava procurando um jeito de me safar daquela conversa, quando um amigo chegou me abraçou e disse – vamos querida. Aí o cara saiu. Esse amigo disse que viu que eu estava incomodada e pensou num jeito de me tirar dali. Lembrei desse episódio quando vi a propaganda da L´oreal que mostra pessoas ajudando as que estão sendo importunadas.

Eu era uma mulher jovem e por mais que os machistas de plantão falem, nada disso foi lisonjeiro. Por se tratar de uma área inovadora, a computação, na época, eles se julgavam no direito de dizer onde era nosso lugar, se tivesse uma aparência razoável ainda se achavam no direito de insinuar que programas deveríamos fazer, referindo à programas sexuais e não aos programas de computadores.

Não vou listar as inúmeras importunações que sofremos, pois todas sabemos o que nos incomoda. A regra é muito simples, apesar de ser difícil de ser compreendida por importunadores: se a mulher não corresponde ou se sente constrangida ou ofendida, é importunação sexual sim, então sai dali e repense seus conceitos e ações. 

Aprenda a respeitar que “não é não!” seja num olhar, num recuo ou numa palavra dita.


 

 

 

 

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

A morte do Bolsa Família na maioridade

Lembro bem quando o programa Bolsa Família foi lançado 18 anos atrás. Houve muito debate, muitas críticas e, também, muito apoio.

As críticas vieram principalmente de grupos da classe média que viam como absurdo o governo dar dinheiro para as pessoas ao invés de dar emprego. Outra crítica vinha ao encontro da famosa malfadada meritocracia na linha do “se eu consegui, porque esse povo não consegue”.

Não pensavam essas pessoas nas milhões de famílias brasileiras que viviam na miséria, as quais nunca tiveram oportunidades. Pra ter argumentos pra discussão, falei com a Telma, assistente social. Ela me explicou detalhadamente que o programa se tratava de transferência de renda com uma série de requisitos e condições, principalmente vinculados à saúde e a vida escolar das crianças.

Lembro, também, que depois de um tempo, o cartão do Bolsa Família passou a ficar na mão das mães visto que uma pesquisa mostrou que os homens gastavam e outras coisas e as mulheres compravam comida.

Uma prima, a Margarete, que atuava na época em escola me contou que, todo mês, enviava a lista de presença de estudantes cuja família recebia o benefício. Caso houvesse falta, a assistência social ia na casa da família para ver o que estava acontecendo. Havia uma interseção também com a área de saúde para o acompanhamento das crianças.

Ah! Mas teve gente que recebeu e não precisava...diziam os contrários. Sim, mas quem cuidava do cadastro era o município que fazia a análise e distribuía o benefício. Infelizmente teve município que distribuiu com fins eleitoreiros.

Criados que somos na linha do ensinar a pescar, houve, realmente, dificuldades de assimilação por uma grande parte da classe média, principalmente por aqueles e aquelas que, graças a estudos, puderam ter uma vida uma pouca mais digna.

No entanto, com o conhecimento do programa e a visível melhoria da vida de muita gente, o Bolsa Família passa a ser mais aceito pela população, como uma ação de governo. É inegável que o Bolsa Família mudou o cenário da pobreza no Brasil, com a retirada do país do mapa da fome.

Agora, na sua maioridade, o Bolsa Família deixará de existir. Junto dele todas as ações na área de saúde e educação, voltadas para as crianças, sucumbirão.

Tudo porque o governo atual pensa em duas coisas: eleição e dinheiro. Assim, matar o Bolsa Família tem como intuito tirar da memória das pessoas, os governos do PT que o implementara. O dinheiro reduzido com o programa substituto Auxílio Brasil do governo servirá para a tentativa de comprar a reeleição.

E o povo? Voltará para a triste estatística do Brasil cravado no mapa da fome no mundo.