Fiquei pensando em escrever sobre professores (as) e a comemoração do dia 15 de outubro. A profissão de professora sempre esteve presente na minha família. A minha avó foi professora de datilografia, tenho muitas tias, primas, primos, irmã e genro que atuam na profissão. Uma vez minha filha mais nova, criança, afirmou: “mãe, nossa família é família de professores, tem você, o pai e um monte de gente, né”. Lembro também de professores e professoras maravilhosos que tive, alguns nem tanto, calmos, bravos, “pegadores de pé” entre tantos perfis. No entanto, seja de qual estilo ou perfil, uma coisa é certa, professores (as) sempre estimulam a turma de estudantes, corrigem, cobram porque sua função, além de conhecimento, transmite incentivo e a esperança de um mundo melhor.

Uma vez visitamos uma delegada da mulher pela Ong Maria do Ingá. Fomos a Zica e eu, duas professoras. Na conversa com a delegada sobre a juventude, chegamos à conclusão que ela, a delegada, devido ao seu trabalho tinha uma visão muito triste sobre a adolescência enquanto nós professoras, uma de ensino fundamental e uma de ensino universitário, tínhamos visão de esperança e de futuro para a juventude por meio da educação, cultura e esportes. Também me lembro ao viajar pela América Latina, anos atrás, quando as pessoas sabiam que eu era professora, o atendimento se tornava mais respeitoso ainda, como se eu fosse um símbolo de algo muito bom.  

No entanto, nem tudo é essa visão romanceada. Agredidos(as) física e moralmente por governos descomprometidos com a educação,  professoras e professores começaram a ser atacados, no  Brasil, por pessoas que deturpam o processo de ensino-aprendizagem sem sequer entender o que falam e por governantes que sabem que a educação promove a libertação das pessoas e eles querem as pessoas longe do conhecimento para se perpetuarem no poder.

Aí chegou a pandemia e o mundo enfim redescobriu novamente a função relevante de professores e professoras. Seja porque as crianças ficaram confinadas em casa, seja porque realmente estavam preocupados com seus filhos(as), o fato é que os professores tiveram um papel fundamental na vida das pessoas. Eu diria que ao lado dos profissionais de saúde, sem dúvida, imprescindíveis no combate à pandemia, os profissionais de ensino possibilitaram  junto com o conhecimento, a esperança.

Dentro de suas casas, com limitações tecnológicas, internet ruim, equipamentos não preparados e nem metodologia para o ensino on line, sem incentivo governamental (no caso das escolas públicas) ou empresarial (escolas privadas),  professores e professoras deram sinal de resistência, aprenderam a usar a tecnologia e foram a exaustão para manter alunos e alunas em suas aulas.

Em alguns locais, professores e funcionários de escolas foram nas casas em busca de alunos que não assistiam aulas virtualmente, o que revelou outro lado da desigualdade social que é a falta de acesso às tecnologias de comunicação e informação. Falta de acesso por problemas de infraestrutura de rede de comunicação, celulares com limitações de conexão, famílias com um celular para mais de uma criança, entre tantos problemas que a pandemia mostrou que existem em nossa sociedade e não eram visíveis.

No fim das contas, mesmo com salários defasados, falta de infraestrutura para trabalho e com agressões de todo tipo, professoras e professores, cientes do seu papel, continuam firmes e convictos. A todos eles e a todas elas, nosso respeito, nossa reverência e nos moldes do imperador japonês que dizem só se curvar diante de professores, nós, também nos curvamos diante deles (as) e agradecemos pela existência de cada um (a) em nossas vidas.



Tania Tait 14/10/2021