Para compartilhar idéias!







quinta-feira, 31 de março de 2022

Ditadura nunca mais!

 DITADURA NUNCA MAIS!!


Foto: manifestação de 1968, feita por artistas,  contra a censura e contra a ditadura militar.

#ditaduranuncamais




Ong Maria do Ingá recebe o Prêmio Dorcelina Folador

 É hoje, às 19h30 no Auditório Hélio Moreira , na Prefeitura de Maringá, a entrega do Prêmio Dorcelina Folador  para a ong Maria do Ingá Direitos da Mulher. Uma alegria ver a ong,  na qual  atuo e sou uma das fundadoras, receber esse reconhecimento.

@mariadoingamulher

#direitosdamulher


quinta-feira, 3 de março de 2022

O Dia Internacional da Mulher, a pandemia e o alerta para a perda de direitos

     Mulheres mais qualificadas em anos de estudo, direito ao voto feminino, uma presidente da república, lei Maria da Penha, lei do Feminicídio, lei da violência psicológica, entre outras, fazem parte das muitas conquistas ao longo dos séculos XX e XXI.

    Por outro lado, apenas 10% de presença feminina na política, aumento de feminicídios, mais desempregadas na pandemia, aumento da violência doméstica e de importunação sexual, aumento do estupro de meninas são alguns dos muitos pontos negativos que, também, fazem parte da vida das brasileiras. Não é por acaso que o país ocupa a posição de quinto lugar como mais perigoso do mundo para as mulheres viverem.

    De forma contraditória, diante das conquistas, a perda de direitos tornou-se uma sombra na vida das mulheres protagonizada pela falta de políticas públicas, pela redução de orçamento federal no combate à violência, suspensão da implementação da Casa da Mulher Brasileira e ataques misóginos e discriminatórios direcionados à população feminina.

    Com a pandemia, a situação das mulheres se agravou com as demissões, a necessidade de cuidar de crianças sem escolas e dos idosos doentes, a suspensão de suas atividades  profissionais, entre inúmeros desafios trazidos pela Covid. Além disso, junte-se o fato das mulheres serem as mais expostas ao vírus pelo uso do transporte coletivo, pela atuação em profissões da linha de frente na área de saúde e por acompanharem os doentes das famílias. 

    Contudo, a pandemia apenas acelerou um processo que vinha se desenhando no país desde 2016 quando ocorreu o impeachment da presidente Dilma, o qual desencadeou uma onda conservadora marcada por um governo sucessório composto por homens brancos, ricos e supostamente heteros. Por esse processo, os ataques machistas, homofóbicos e racistas encontraram campo fértil para florescer, patrocinados por governos que estimulam a discriminação e usam o ódio como ferramenta de manipulação.

    A boa notícia vem de alguns Estados e Municípios que possuem rede de atendimento às mulheres, com recursos, mesmo que parcos, para o combate à violência, com programas de qualificação, geração de emprego e renda e valorização da mulher. Embora sua existência não seja uma regra no cenário brasileiro, as redes de atendimento municipais estão empenhadas em salvar a vida das mulheres.

    Além disso, o movimento feminista tem sido fortalecido com a inserção das mulheres na política e nos espaços de poder e a colocação das suas reivindicações para a sociedade de forma mais ampla. A realidade, entretanto, mostra que retrocessos se sucedem na área de diretos.

    O alerta continua ligado pois como bem frisou a filósofa e feminista Simone de Beauvoir “Basta uma crise política, econômica e religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados”.  Mais do que questionados, podemos afirmar que, também, numa crise sanitária como a que estamos vivendo, os direitos das mulheres são retirados.

    A perda dos direitos impacta nas conquistas obtidas rumo à igualdade entre mulheres e homens, é como se tivéssemos que começar tudo de novo. Isso não podemos permitir! Retrocesso jamais!

    Aproveito para fazer um convite. Vamos participar da IV Caminhada/Pedalada pelo fim da violência contra a mulher, dia 12 de março, com concentração às 9 h, na Praça da Catedral de Maringá.


 

 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Afinal, nunca é tarde!

Ontem assisti um filme de 2020, “A última escapada” (Never too late, nome original em inglês). No filme, Jack Bronson (James Cromwell) é separado de sua amada Norma (Jackie Weaver) na casa de repouso onde mora. Nessa casa, ele reencontra ex-combatentes de guerra que lutaram com ele no Vietnã. Eram chamados “os implacáveis”. Na tentativa de reencontrar sua amada que está em outra casa de repouso, eles se unem e, ao mesmo tempo, buscam realizar o desejo de cada um: Caine (Dennis Waterman) é diagnosticado com uma doença terminal; Angus (Jack Thompson) começa a desenvolver Alzeihmer e Wendel (Roy Billing) é cadeirante. Com Jack e um novo amigo, o adolescente Elliot (Zachary Wan), filho de uma das funcionárias da casa de repouso, o grupo arma estratégias para alcançar a realização dos seus objetivos. Além do jovem Elliot, eles tiveram apoio do filho de Wendel e da funcionária que cuidava de Norma. Não vou contar o final e nem o que eles queriam, afinal, a curiosidade serve pra despertar o interesse.  

Numa semana em que tive um sonho no qual me pai me abraça muito feliz, o filme me fez voltar ao passado, em algumas das situações em que fiz a vontade dos meus pais. As vezes cansada ou atarefada, quando vinha algum pedido deles, eu lembrava de dois jovens com 22 e 26 anos de idade, numa cidade, Maringá, com 14 anos e uma filhinha de um aninho (eu) acometida por paralisia infantil e, prontamente, os atendia.

Um desses pedidos, feito por meu pai, foi uma visita a Brodowski, sua cidade natal, que fica na região metropolitana de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Ele queria ir em dezembro, mas um pequeno AVC o impediu. Combinamos de ir no mês de abril, pois devido a uma greve seria férias na UEM. Não sei mais precisar o ano. Enfim, fomos, ele, minha mãe e eu. Adorei ser a motorista de um motorista de caminhão, claro que teve muita conversa na estrada, afinal eu estava ao lado de um especialista em estradas e motores.

Num viaduto perto de Ribeirão Preto houve a discussão sobre qual entrada pegar para a cidade.

- Pai, você viajou pra cá de caminhão faz muitos anos, deve ter mudado. Tinha esse viaduto?

 - Eu conheço aqui, você não conhece.

Ele já foi afirmando, teimou e eu obedeci. Não havia placa com o nome da cidade.. Uns 10 km depois, eu achei que a estrada estava muito movimentada.

- Pai, acho que estamos indo pra São Paulo. Tem muito movimento aqui. Pra Brodowski não deve ser assim.

- Tá bom, então para no posto e pergunta, disse ele.

Imagina a minha cara de vitória de filha quando o frentista disse:

- Volta, pega a primeira estrada do trevo, em direção a Batatais e Franca, logo aparece placa pra Brodowski.

Chegamos, visitamos os primos, um tio (irmão do meu avô) e tia com mais de 80 anos, na época, fomos no Museu do Portinari, tiramos fotos, visitamos os primos da tanoaria (fábrica de toneis para bebida) e voltamos pra casa. Minha mãe e eu rimos e trocamos muitos olhares durante a estadia diante de um pai risonho, feliz e com ares de menino de uma pequena cidade do interior. Aquele olhar feliz e ao mesmo tempo com dever cumprido, depois de tantas visitas familiares, quis voltar pra Maringá, ciente dos que se foram desta vida, dos doentes e das lembranças de menino naquela terra. Ainda demos uma parada em Ribeirão Preto para visitar um primo, de surpresa. O primo ainda vivia na mesma casa e o pai lembrou o endereço.

- Vamos embora pra casa, chega de ouvir falar de doenças.

Ao ouvi-lo, mais uma vez, minha mãe e eu rimos em silêncio. Ele estava certo.

Voltei eu pra casa, com sensação de dever cumprido. Valeu a pena dirigir mais de 600 km e desfrutar da alegria do meu pai. No fim das contas, a satisfação que tive em vê-lo tão animado naqueles dias me acompanha vida afora. Meu pai se foi em 2005, ficaram as lembranças, o amor incondicional dele por nós, as lágrimas quando ouvimos música sertaneja, daquelas antigas, os conselhos e os exemplos.

Enfim, com essas duas histórias, a do filme e a da nossa viagem para Brodowski, levo como lição que devemos prestar atenção ao que querem os nossos idosos, os quais podem ser pedidos simples ou podem ser complicados. Eles têm interesses, mesmo com as peles envelhecidas, redução da mobilidade ou doenças, as vontades estão ali, pulsando em suas veias. Se puder, atenda; se não puder imediatamente, se organize pra atender.

Certamente, o seu sorriso será proporcional, se não maior, do que a alegria deles e delas em ter seus desejos realizados. Não precisamos ser protagonistas, podemos ser coadjuvantes como a moça do filme que ajudou a senhora a chegar no píer pra ser pedida em casamento ou como o filho que possibilitou que os ex-combatentes fossem atender o pedido de um deles ou o adolescente que fez o mapa do local pra eles.

No final das contas, o que realmente importa, é que o sorriso, o amor e a alegria são espalhados e compartilhados.



 

 

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

O esperançar em tempos de coronavírus

Parece que esperança é a palavra forte desde o início da pandemia pelo novo coronavírus, a Covid 19. Em 2020 ao ser decretado lockdown em todas as partes do mundo, a esperança era de que o vírus sumisse rapidamente. Passaram-se meses, milhares de mortes começaram a ocorrer e o vírus continuou assombrando.

Por outro lado, a solidariedade da população se mostrou forte com apoio e doação as pessoas que passavam necessidade. Com o aumento da fome, campanhas de arrecadação surgiram em todos os cantos. Descobriu-se fatos como a pobreza menstrual que aflige mulheres e meninas em situação de vulnerabilidade.

A próxima esperança foi a vacina. Tanta controvérsia, tanta discussão e negação, mas a ciência venceu e a vacina se mostrou promissora na redução dos efeitos da doença, durante o ano de 2021. Infelizmente, aquele ódio crescido nas eleições 2018 continua existindo durante a pandemia e tentou minar os esforços em prol da saúde e da vida.

Quando tudo parecia estar voltando ao normal possível, começam a surgir as tais variantes que ninguém entende. Alguns acham até que é outra doença. Passado o efeito "susto" pelo surgimento das variantes e quando as pessoas começam a se sentir seguras, surge mais uma variante: a ômicron. Essa mais contagiosa e menos letal, se espalhou rapidamente pelo mundo e chegou ao Brasil, com seus aeroportos e fronteiras abertos pra quem quisesse entrar no País.

Aí começa, novamente, a explosão de casos, com aumento de internações. A ômicron trouxe de volta a discussão da vacina e a terceira dose do imunizante. Paralelo a isso, surge a vacinação infantil para crianças de 5 a 11 anos, palco de negacionismo, inclusive por parte do governo federal. Felizmente, novamente a ciência venceu e a vacina foi aprovada para a proteção das crianças, a partir de janeiro de 2022. A vacinação torna-se um alento diante de mais de 620 mil vidas brasileiras perdidas para a Covid.  

Ainda, como decorrência da pandemia, empresas fecharam suas portas e milhões de pessoas estão desempregadas. Para piorar a situação, no caso brasileiro, a inflação disparou por falta de programa governamental de desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda. Afinal, antes da pandemia, o Brasil já contava com mais de 12 milhões de desempregados. A pandemia só fez aumentar uma tragédia econômica prevista.

        Diante do cenário da pandemia, desemprego, tragédias e as intempéries ocorridas por causa das chuvas, o povo brasileiro continua com sua esperança de uma vida melhor. Essa esperança remonta à lembrança do pedagogo Paulo Freire, o pai da educação brasileira, que cunhou o verbo esperançar. Como ele, provavelmente, me permitiria, gostaria de complementar. Seu significado indica movimento. Esperançar não é apenas esperança na espera. Esperançar é agir, é acreditar na ciência, é tomar vacina, quantas doses forem necessárias.

        Esperançar é votar certo nas próximas eleições pensando no bem comum, nas políticas sociais, na melhoria da vida do povo que vivenciou e sabe que isso é possível. Enfim, esperançar é tornar o impossível, possível, com união e força, transformando o sonho em realidade por um mundo justo, fraterno e solidário.


  

Imagem extraída da Internet; Pensador.


terça-feira, 4 de janeiro de 2022

A lei e a realidade na vida das brasileiras

No primeiro dia do ano, chega a notícia de que um homem atirou na cabeça da esposa na frente da filha de 10 anos, o que deixa a população estarrecida por fazer parte da realidade do país.

Entra ano, sai ano, depara-se com os dados alarmantes de violência contra a mulher. Feminicídio, estupros, agressões, importunação sexual, entre outros, infelizmente, estão na rotina das brasileiras. Os dados sempre assustadores, ao invés de reduzirem, aumentam a cada período.

Torna-se intrigante, pensar que um país que tem uma Lei, a Maria da Penha, reconhecida mundialmente como uma das melhores no combate à violência contra a mulher, continue sendo um dos países mais perigosos para elas viverem.

No ano de 2021, foram obtidos alguns avanços na legislação que se forem concretizados na prática contribuirão para melhorar a vida das brasileiras. Lei como a do stalking – que pune ameaças na Internet e outros meios; a violência psicológica transformada em crime; a punição para a violência política de gênero que ataca as que atuam na vida pública; a lei da dignidade na justiça para não revitimizar as mulheres; a pena agravada pela lesão corporal; a instituição de atividades no mês de março com o tema combate à violência contra a mulher; o Programa Sinal Vermelho e o protocolo de julgamento com perspectiva de gênero.

Entretanto, a despeito de avanços na legislação, houve redução do orçamento federal no combate à violência contra a mulher, lentidão na implantação da Casa da Mulher Brasileira, empecilhos a distribuição de absorventes para as mulheres em situação de vulnerabilidade, aumento dos casos de feminicídios, entre outros. Situação agravada diante da pandemia, na qual as mulheres foram as mais desempregadas, assumiram os cuidados com idosos e crianças da família e sofreram violência dentro de suas casas.

Com tantas leis, tantas campanhas de combate à violência contra a mulher principalmente por parte da sociedade civil e de algumas prefeituras, a situação continua em patamares de anos anteriores. Parece que a cultura machista está colada nas famílias brasileiras de forma que alguns homens jovens que deveriam estar com pensamentos e atitudes voltadas para a igualdade, retrocederam e agem como agressores e se tornam assassinos.

A esperança é que a lei e a realidade possam caminhar juntas para promover a tão sonhada igualdade, sem qualquer forma de discriminação e violência.

 
 Imagem em https://conceitos.com/justica/

 

 

 

 

Eu me incomodo

Eu me incomodo.

Não precisaria, mas eu me incomodo. Tenho 60 anos, sou professora universitária do setor público estadual, aposentada (UEM); minhas filhas são adultas e formadas, moro em casa própria, posso viajar para onde e quando quiser, tenho uma situação razoavelmente confortável sem ser rica, ou seja, tenho uma vida padrão de classe média.

Então com “o que” e “por que me incomodo”?

No plano econômico, me incomodo em ver o Brasil ladeira abaixo, sem plano de desenvolvimento econômico, com milhares de desempregados e brasileiros e brasileiras indo embora do país para tentar a sorte em outras terras, com o aumento de desempregados e desempregadas com placas de “fome”  em vários pontos das cidades, entre tantos sinais de falta de política econômica que deixa milhares de pessoas na miséria.

Sobre o meio ambiente, me incomodo em ver nossas florestas e rios sendo dizimados em nome de um desenvolvimento que camufla a busca predatória pela exploração das reservas naturais, do ouro e outros metais para enriquecimento industrial, sem se preocupar com sustentabilidade, flora, fauna ou com povos originários.

Em direitos humanos, me incomodo em ver o aumento das mortes de jovens e crianças negras, do racismo, dos ataques aos indígenas, do desrespeito e agressões aos idosos, crianças, mulheres e portadores de deficiência.

Na defesa dos direitos das mulheres, me incomodo, ver tanto retrocesso com a redução de orçamento para o combate à violência contra a mulher, ler notícias sobre o aumento do feminicídio, de importunação sexual e discriminação, saber que as mulheres negras sofrem toda sorte de discriminação e violência e são as que mais padecem por feminicídio.

No setor de saúde, me incomodo em ver pessoas ameaçando os órgãos de controle e vigilância sanitária, em ver pessoas boicotando a vacinação e não se prevenindo na pandemia, em saber de filas intermináveis por busca de atendimento, em ler notícias sobre pessoas em corredores de hospitais por falta de leitos, em saber que em plena pandemia, o governo federal e seus apoiadores negociavam propina com empresas farmacêuticas.

Ao pensar sobre a educação, me incomodo com a forma como os professores e funcionários são tratados pelos governos e por alguns setores da sociedade, com a redução de orçamento, com a falácia da inovação do novo ensino médio (esse modelo foi implantado em 1971 em plena ditadura e depois reformado por não ter dado certo).

É tanto incomodo que a lista fica cansativa. Mas, se eu não precisaria, por que me incomodo?

Sou de uma família solidária, que sempre buscou ajudar o próximo. Com a Teologia da Libertação, na Pastoral Universitária, aprendi que a fé sem obras nada vale e mais do que isso, entendi o funcionamento do sistema capitalista, a mentira da meritocracia, sobre a exploração da classe trabalhadora, o domínio das empresas multinacionais nos países da América Latina, dos EUA  e do Fundo Monetário Internacional (o famoso FMI). Naquela época, ficou claro que somos uma peça numa engrenagem maior que dita a forma como vivemos e morremos.

Por outro lado, aprendi sobre o poder da organização do povo e da democracia, que coloca nas mãos das pessoas o controle sobre suas vidas. Afinal, um belo dia, o povo descobre que até o preço do pãozinho depende de quem governa o país. Descobre-se, também, que ser solidário e doar ajuda muito quem necessita naquele momento, mas deve-se ter consciência que é necessário ir além e cobrar dos governos que resolva os problemas sociais.

Aprendi, também, que um governo consegue melhorar a vida do povo, com políticas públicas que efetivamente contribuam para reduzir as desigualdades e promover ações para educação, saúde, moradia, enfim, o básico que uma população necessita. Isso tivemos, na prática, em anos atrás.

Tanto me incomodo, que não posso me dar ao luxo de silenciar, por isso, pra ver meu Brasil, nosso Brasil feliz de novo, estou decidida, vou de Lula 13!!! Quero um governo que aja e promova a melhoria da vida do povo. Nosso povo merece!