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segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

O esperançar em tempos de coronavírus

Parece que esperança é a palavra forte desde o início da pandemia pelo novo coronavírus, a Covid 19. Em 2020 ao ser decretado lockdown em todas as partes do mundo, a esperança era de que o vírus sumisse rapidamente. Passaram-se meses, milhares de mortes começaram a ocorrer e o vírus continuou assombrando.

Por outro lado, a solidariedade da população se mostrou forte com apoio e doação as pessoas que passavam necessidade. Com o aumento da fome, campanhas de arrecadação surgiram em todos os cantos. Descobriu-se fatos como a pobreza menstrual que aflige mulheres e meninas em situação de vulnerabilidade.

A próxima esperança foi a vacina. Tanta controvérsia, tanta discussão e negação, mas a ciência venceu e a vacina se mostrou promissora na redução dos efeitos da doença, durante o ano de 2021. Infelizmente, aquele ódio crescido nas eleições 2018 continua existindo durante a pandemia e tentou minar os esforços em prol da saúde e da vida.

Quando tudo parecia estar voltando ao normal possível, começam a surgir as tais variantes que ninguém entende. Alguns acham até que é outra doença. Passado o efeito "susto" pelo surgimento das variantes e quando as pessoas começam a se sentir seguras, surge mais uma variante: a ômicron. Essa mais contagiosa e menos letal, se espalhou rapidamente pelo mundo e chegou ao Brasil, com seus aeroportos e fronteiras abertos pra quem quisesse entrar no País.

Aí começa, novamente, a explosão de casos, com aumento de internações. A ômicron trouxe de volta a discussão da vacina e a terceira dose do imunizante. Paralelo a isso, surge a vacinação infantil para crianças de 5 a 11 anos, palco de negacionismo, inclusive por parte do governo federal. Felizmente, novamente a ciência venceu e a vacina foi aprovada para a proteção das crianças, a partir de janeiro de 2022. A vacinação torna-se um alento diante de mais de 620 mil vidas brasileiras perdidas para a Covid.  

Ainda, como decorrência da pandemia, empresas fecharam suas portas e milhões de pessoas estão desempregadas. Para piorar a situação, no caso brasileiro, a inflação disparou por falta de programa governamental de desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda. Afinal, antes da pandemia, o Brasil já contava com mais de 12 milhões de desempregados. A pandemia só fez aumentar uma tragédia econômica prevista.

        Diante do cenário da pandemia, desemprego, tragédias e as intempéries ocorridas por causa das chuvas, o povo brasileiro continua com sua esperança de uma vida melhor. Essa esperança remonta à lembrança do pedagogo Paulo Freire, o pai da educação brasileira, que cunhou o verbo esperançar. Como ele, provavelmente, me permitiria, gostaria de complementar. Seu significado indica movimento. Esperançar não é apenas esperança na espera. Esperançar é agir, é acreditar na ciência, é tomar vacina, quantas doses forem necessárias.

        Esperançar é votar certo nas próximas eleições pensando no bem comum, nas políticas sociais, na melhoria da vida do povo que vivenciou e sabe que isso é possível. Enfim, esperançar é tornar o impossível, possível, com união e força, transformando o sonho em realidade por um mundo justo, fraterno e solidário.


  

Imagem extraída da Internet; Pensador.


terça-feira, 4 de janeiro de 2022

A lei e a realidade na vida das brasileiras

No primeiro dia do ano, chega a notícia de que um homem atirou na cabeça da esposa na frente da filha de 10 anos, o que deixa a população estarrecida por fazer parte da realidade do país.

Entra ano, sai ano, depara-se com os dados alarmantes de violência contra a mulher. Feminicídio, estupros, agressões, importunação sexual, entre outros, infelizmente, estão na rotina das brasileiras. Os dados sempre assustadores, ao invés de reduzirem, aumentam a cada período.

Torna-se intrigante, pensar que um país que tem uma Lei, a Maria da Penha, reconhecida mundialmente como uma das melhores no combate à violência contra a mulher, continue sendo um dos países mais perigosos para elas viverem.

No ano de 2021, foram obtidos alguns avanços na legislação que se forem concretizados na prática contribuirão para melhorar a vida das brasileiras. Lei como a do stalking – que pune ameaças na Internet e outros meios; a violência psicológica transformada em crime; a punição para a violência política de gênero que ataca as que atuam na vida pública; a lei da dignidade na justiça para não revitimizar as mulheres; a pena agravada pela lesão corporal; a instituição de atividades no mês de março com o tema combate à violência contra a mulher; o Programa Sinal Vermelho e o protocolo de julgamento com perspectiva de gênero.

Entretanto, a despeito de avanços na legislação, houve redução do orçamento federal no combate à violência contra a mulher, lentidão na implantação da Casa da Mulher Brasileira, empecilhos a distribuição de absorventes para as mulheres em situação de vulnerabilidade, aumento dos casos de feminicídios, entre outros. Situação agravada diante da pandemia, na qual as mulheres foram as mais desempregadas, assumiram os cuidados com idosos e crianças da família e sofreram violência dentro de suas casas.

Com tantas leis, tantas campanhas de combate à violência contra a mulher principalmente por parte da sociedade civil e de algumas prefeituras, a situação continua em patamares de anos anteriores. Parece que a cultura machista está colada nas famílias brasileiras de forma que alguns homens jovens que deveriam estar com pensamentos e atitudes voltadas para a igualdade, retrocederam e agem como agressores e se tornam assassinos.

A esperança é que a lei e a realidade possam caminhar juntas para promover a tão sonhada igualdade, sem qualquer forma de discriminação e violência.

 
 Imagem em https://conceitos.com/justica/

 

 

 

 

Eu me incomodo

Eu me incomodo.

Não precisaria, mas eu me incomodo. Tenho 60 anos, sou professora universitária do setor público estadual, aposentada (UEM); minhas filhas são adultas e formadas, moro em casa própria, posso viajar para onde e quando quiser, tenho uma situação razoavelmente confortável sem ser rica, ou seja, tenho uma vida padrão de classe média.

Então com “o que” e “por que me incomodo”?

No plano econômico, me incomodo em ver o Brasil ladeira abaixo, sem plano de desenvolvimento econômico, com milhares de desempregados e brasileiros e brasileiras indo embora do país para tentar a sorte em outras terras, com o aumento de desempregados e desempregadas com placas de “fome”  em vários pontos das cidades, entre tantos sinais de falta de política econômica que deixa milhares de pessoas na miséria.

Sobre o meio ambiente, me incomodo em ver nossas florestas e rios sendo dizimados em nome de um desenvolvimento que camufla a busca predatória pela exploração das reservas naturais, do ouro e outros metais para enriquecimento industrial, sem se preocupar com sustentabilidade, flora, fauna ou com povos originários.

Em direitos humanos, me incomodo em ver o aumento das mortes de jovens e crianças negras, do racismo, dos ataques aos indígenas, do desrespeito e agressões aos idosos, crianças, mulheres e portadores de deficiência.

Na defesa dos direitos das mulheres, me incomodo, ver tanto retrocesso com a redução de orçamento para o combate à violência contra a mulher, ler notícias sobre o aumento do feminicídio, de importunação sexual e discriminação, saber que as mulheres negras sofrem toda sorte de discriminação e violência e são as que mais padecem por feminicídio.

No setor de saúde, me incomodo em ver pessoas ameaçando os órgãos de controle e vigilância sanitária, em ver pessoas boicotando a vacinação e não se prevenindo na pandemia, em saber de filas intermináveis por busca de atendimento, em ler notícias sobre pessoas em corredores de hospitais por falta de leitos, em saber que em plena pandemia, o governo federal e seus apoiadores negociavam propina com empresas farmacêuticas.

Ao pensar sobre a educação, me incomodo com a forma como os professores e funcionários são tratados pelos governos e por alguns setores da sociedade, com a redução de orçamento, com a falácia da inovação do novo ensino médio (esse modelo foi implantado em 1971 em plena ditadura e depois reformado por não ter dado certo).

É tanto incomodo que a lista fica cansativa. Mas, se eu não precisaria, por que me incomodo?

Sou de uma família solidária, que sempre buscou ajudar o próximo. Com a Teologia da Libertação, na Pastoral Universitária, aprendi que a fé sem obras nada vale e mais do que isso, entendi o funcionamento do sistema capitalista, a mentira da meritocracia, sobre a exploração da classe trabalhadora, o domínio das empresas multinacionais nos países da América Latina, dos EUA  e do Fundo Monetário Internacional (o famoso FMI). Naquela época, ficou claro que somos uma peça numa engrenagem maior que dita a forma como vivemos e morremos.

Por outro lado, aprendi sobre o poder da organização do povo e da democracia, que coloca nas mãos das pessoas o controle sobre suas vidas. Afinal, um belo dia, o povo descobre que até o preço do pãozinho depende de quem governa o país. Descobre-se, também, que ser solidário e doar ajuda muito quem necessita naquele momento, mas deve-se ter consciência que é necessário ir além e cobrar dos governos que resolva os problemas sociais.

Aprendi, também, que um governo consegue melhorar a vida do povo, com políticas públicas que efetivamente contribuam para reduzir as desigualdades e promover ações para educação, saúde, moradia, enfim, o básico que uma população necessita. Isso tivemos, na prática, em anos atrás.

Tanto me incomodo, que não posso me dar ao luxo de silenciar, por isso, pra ver meu Brasil, nosso Brasil feliz de novo, estou decidida, vou de Lula 13!!! Quero um governo que aja e promova a melhoria da vida do povo. Nosso povo merece!