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sexta-feira, 6 de maio de 2022

As mães e a pandemia

Mãe, sempre tão encantada e cantada em prosa e verso, seja mãe de coração ou biológica, inspiração para muitos e homenageada em todos os tempos.  

Hoje, vamos falar de um tipo de mãe muito especial e ao mesmo tempo comum: a mãe trabalhadora, seja mãe solo, arrimo de família ou mãe que compartilha a vida com um pai.

A mãe trabalhadora, como todas as mães, se desdobrou em cuidados e orações durante a pandemia, cuidou dos doentes e, muitas vezes, esqueceu de si.

No entanto, o sistema no qual vivemos, não as esqueceu. Elas foram as primeiras a serem demitidas na pandemia pelo Covid-19 ou as primeiras a deixar seu trabalho para cuidar das crianças sem escolas, as primeiras a acompanhar os doentes da família e, em muitos locais, foram as primeiras contaminadas e mortas pelo vírus. Várias pesquisas como a publicada no Correio Brasiliense, de março de 2022 comprovam a realidade com relação ao desemprego das mulheres, principalmente as que tem filhos (as).

Num país que, historicamente, demorou para incluir as mulheres no mercado de trabalho e nas escolas e que, apenas a partir da Constituição de 1988, iguala mulheres e homens em direitos e obrigações, não causa estranhamento a situação das mulheres que, excluídas do mercado formal de trabalho, entram na informalidade para sua sobrevivência e dos seus.

Por outro lado, muitas profissionais suspenderam suas carreiras para cuidar da família, e após dois anos, começam a sentir as dificuldades de retornar suas atividades e se sentem tristes mesmo a sociedade não as compreendendo ou apoiando.

Faz-se necessário considerar, também, a situação das mulheres negras e jovens que se torna alarmante visto que negros e jovens foram, também, afetados de forma impiedosa pela pandemia e pela crise econômica.

Não é por acaso que as estatísticas mostram que as mulheres foram as mais desempregadas pela pandemia em relação aos homens no mesmo período entre 2020 e 2022. Isso confirma o que disse a filósofa Simone de Beauvoir, no século XX: “basta uma crise política, econômica ou religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados”. Acrescentamos a crise sanitária que se misturou com a  crise econômica que vinha se desenhando desde 2016 junto com  a crise política.

Mas, deixando a crise de lado, vamos sim abraçar nossas mães e dar-lhes todo carinho. Vamos reverenciar àquelas que se foram para outro plano da vida, seja pela pandemia ou não.

Vamos valorizar as mães de coração. Vamos valorizar o legado das mães, que sem sombra de dúvida, são seres de luz, como a minha mãe sempre atenta a tudo, com seus infinitos olhos azuis.

 


 Minha mãe, Laura, comigo na minha terceira colação de grau, em Jornalismo, no Centro Universitário Ingá em 29/04/2022.

 Foto: Luis Antônio. 


quinta-feira, 28 de abril de 2022

Justiça! Basta de violência contra as mulheres e meninas!


Triste país que silencia diante de atos violentos e não protege seu povo. 


 

terça-feira, 12 de abril de 2022

Viagra e motociata: distração para o povo

 A compra de viagra, o veto à absorventes para mulheres pobres, a corrupção escancarada no MEC, as tais motociatas e o aumento de armas no país mostra o verdadeiro significado da famosa frase “com o Supremo, com tudo...” proferida por uma raposa velha da política brasileira que, navegou em diferentes governos, perdeu as eleições 2018 e anda silencioso pelos cantos junto com alguns juízes, parte da imprensa, parte das entidades de classe, as forças armadas que, por muito menos, se inflam, fazem moções de repúdio, entram na justiça etc.

Num país que está sem programa de desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda, com inflação elevada, corrupção e desemprego, a compra de viagra que logo se tornou piada nacional e as motociatas com dinheiro público continuam servindo como palco para distrair o povo.

Enquanto são feitas as piadas, esquece-se da triste realidade de mulheres e meninas brasileiras que lançam mão de artifícios como jornais e miolo de pão em período menstrual para estancar o sangue que escorre. O projeto para distribuir absorventes para a população vulnerável foi aprovado na Câmara, mas vetado pelo presidente da república que parece enxergar melhor a virilidade dos soldados do que a miséria das pobres.  

Também, se esquece do aumento da inflação que corrói o poder de compra de produtos básicos para a alimentação das famílias. Ao mesmo tempo, casos de corrupção pipocam pelo país afora, com os dois mais recentes, o do MEC e da empresa de fachada que ganhou licitações no governo federal.

Não dá pra esquecer as tais motociatas realizadas com dinheiro público, servidores e cargos de confiança num aparato para mostrar poder viril e intimidação aos que pensam de forma contrária aos mandantes atuais. Motociatas que não passam de propaganda eleitoral antecipada.

Por fim, parece que algumas forças brasileiras esquecem que são servidores públicos e, como tal, deveriam defender a população, ao invés de se inebriaram com o poder e as benesses advindas dele.

Tantas dúvidas, tantas perguntas, tantos medos e incertezas rondam a nação. “Quem irá nos proteger?  Quem mandou matar Marielle Franco e Anderson Silva? Cadê o programa de desenvolvimento econômico?

 

 


 

 

quinta-feira, 31 de março de 2022

Ditadura nunca mais!

 DITADURA NUNCA MAIS!!


Foto: manifestação de 1968, feita por artistas,  contra a censura e contra a ditadura militar.

#ditaduranuncamais




Ong Maria do Ingá recebe o Prêmio Dorcelina Folador

 É hoje, às 19h30 no Auditório Hélio Moreira , na Prefeitura de Maringá, a entrega do Prêmio Dorcelina Folador  para a ong Maria do Ingá Direitos da Mulher. Uma alegria ver a ong,  na qual  atuo e sou uma das fundadoras, receber esse reconhecimento.

@mariadoingamulher

#direitosdamulher


quinta-feira, 3 de março de 2022

O Dia Internacional da Mulher, a pandemia e o alerta para a perda de direitos

     Mulheres mais qualificadas em anos de estudo, direito ao voto feminino, uma presidente da república, lei Maria da Penha, lei do Feminicídio, lei da violência psicológica, entre outras, fazem parte das muitas conquistas ao longo dos séculos XX e XXI.

    Por outro lado, apenas 10% de presença feminina na política, aumento de feminicídios, mais desempregadas na pandemia, aumento da violência doméstica e de importunação sexual, aumento do estupro de meninas são alguns dos muitos pontos negativos que, também, fazem parte da vida das brasileiras. Não é por acaso que o país ocupa a posição de quinto lugar como mais perigoso do mundo para as mulheres viverem.

    De forma contraditória, diante das conquistas, a perda de direitos tornou-se uma sombra na vida das mulheres protagonizada pela falta de políticas públicas, pela redução de orçamento federal no combate à violência, suspensão da implementação da Casa da Mulher Brasileira e ataques misóginos e discriminatórios direcionados à população feminina.

    Com a pandemia, a situação das mulheres se agravou com as demissões, a necessidade de cuidar de crianças sem escolas e dos idosos doentes, a suspensão de suas atividades  profissionais, entre inúmeros desafios trazidos pela Covid. Além disso, junte-se o fato das mulheres serem as mais expostas ao vírus pelo uso do transporte coletivo, pela atuação em profissões da linha de frente na área de saúde e por acompanharem os doentes das famílias. 

    Contudo, a pandemia apenas acelerou um processo que vinha se desenhando no país desde 2016 quando ocorreu o impeachment da presidente Dilma, o qual desencadeou uma onda conservadora marcada por um governo sucessório composto por homens brancos, ricos e supostamente heteros. Por esse processo, os ataques machistas, homofóbicos e racistas encontraram campo fértil para florescer, patrocinados por governos que estimulam a discriminação e usam o ódio como ferramenta de manipulação.

    A boa notícia vem de alguns Estados e Municípios que possuem rede de atendimento às mulheres, com recursos, mesmo que parcos, para o combate à violência, com programas de qualificação, geração de emprego e renda e valorização da mulher. Embora sua existência não seja uma regra no cenário brasileiro, as redes de atendimento municipais estão empenhadas em salvar a vida das mulheres.

    Além disso, o movimento feminista tem sido fortalecido com a inserção das mulheres na política e nos espaços de poder e a colocação das suas reivindicações para a sociedade de forma mais ampla. A realidade, entretanto, mostra que retrocessos se sucedem na área de diretos.

    O alerta continua ligado pois como bem frisou a filósofa e feminista Simone de Beauvoir “Basta uma crise política, econômica e religiosa para que os direitos das mulheres sejam questionados”.  Mais do que questionados, podemos afirmar que, também, numa crise sanitária como a que estamos vivendo, os direitos das mulheres são retirados.

    A perda dos direitos impacta nas conquistas obtidas rumo à igualdade entre mulheres e homens, é como se tivéssemos que começar tudo de novo. Isso não podemos permitir! Retrocesso jamais!

    Aproveito para fazer um convite. Vamos participar da IV Caminhada/Pedalada pelo fim da violência contra a mulher, dia 12 de março, com concentração às 9 h, na Praça da Catedral de Maringá.


 

 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

Afinal, nunca é tarde!

Ontem assisti um filme de 2020, “A última escapada” (Never too late, nome original em inglês). No filme, Jack Bronson (James Cromwell) é separado de sua amada Norma (Jackie Weaver) na casa de repouso onde mora. Nessa casa, ele reencontra ex-combatentes de guerra que lutaram com ele no Vietnã. Eram chamados “os implacáveis”. Na tentativa de reencontrar sua amada que está em outra casa de repouso, eles se unem e, ao mesmo tempo, buscam realizar o desejo de cada um: Caine (Dennis Waterman) é diagnosticado com uma doença terminal; Angus (Jack Thompson) começa a desenvolver Alzeihmer e Wendel (Roy Billing) é cadeirante. Com Jack e um novo amigo, o adolescente Elliot (Zachary Wan), filho de uma das funcionárias da casa de repouso, o grupo arma estratégias para alcançar a realização dos seus objetivos. Além do jovem Elliot, eles tiveram apoio do filho de Wendel e da funcionária que cuidava de Norma. Não vou contar o final e nem o que eles queriam, afinal, a curiosidade serve pra despertar o interesse.  

Numa semana em que tive um sonho no qual me pai me abraça muito feliz, o filme me fez voltar ao passado, em algumas das situações em que fiz a vontade dos meus pais. As vezes cansada ou atarefada, quando vinha algum pedido deles, eu lembrava de dois jovens com 22 e 26 anos de idade, numa cidade, Maringá, com 14 anos e uma filhinha de um aninho (eu) acometida por paralisia infantil e, prontamente, os atendia.

Um desses pedidos, feito por meu pai, foi uma visita a Brodowski, sua cidade natal, que fica na região metropolitana de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Ele queria ir em dezembro, mas um pequeno AVC o impediu. Combinamos de ir no mês de abril, pois devido a uma greve seria férias na UEM. Não sei mais precisar o ano. Enfim, fomos, ele, minha mãe e eu. Adorei ser a motorista de um motorista de caminhão, claro que teve muita conversa na estrada, afinal eu estava ao lado de um especialista em estradas e motores.

Num viaduto perto de Ribeirão Preto houve a discussão sobre qual entrada pegar para a cidade.

- Pai, você viajou pra cá de caminhão faz muitos anos, deve ter mudado. Tinha esse viaduto?

 - Eu conheço aqui, você não conhece.

Ele já foi afirmando, teimou e eu obedeci. Não havia placa com o nome da cidade.. Uns 10 km depois, eu achei que a estrada estava muito movimentada.

- Pai, acho que estamos indo pra São Paulo. Tem muito movimento aqui. Pra Brodowski não deve ser assim.

- Tá bom, então para no posto e pergunta, disse ele.

Imagina a minha cara de vitória de filha quando o frentista disse:

- Volta, pega a primeira estrada do trevo, em direção a Batatais e Franca, logo aparece placa pra Brodowski.

Chegamos, visitamos os primos, um tio (irmão do meu avô) e tia com mais de 80 anos, na época, fomos no Museu do Portinari, tiramos fotos, visitamos os primos da tanoaria (fábrica de toneis para bebida) e voltamos pra casa. Minha mãe e eu rimos e trocamos muitos olhares durante a estadia diante de um pai risonho, feliz e com ares de menino de uma pequena cidade do interior. Aquele olhar feliz e ao mesmo tempo com dever cumprido, depois de tantas visitas familiares, quis voltar pra Maringá, ciente dos que se foram desta vida, dos doentes e das lembranças de menino naquela terra. Ainda demos uma parada em Ribeirão Preto para visitar um primo, de surpresa. O primo ainda vivia na mesma casa e o pai lembrou o endereço.

- Vamos embora pra casa, chega de ouvir falar de doenças.

Ao ouvi-lo, mais uma vez, minha mãe e eu rimos em silêncio. Ele estava certo.

Voltei eu pra casa, com sensação de dever cumprido. Valeu a pena dirigir mais de 600 km e desfrutar da alegria do meu pai. No fim das contas, a satisfação que tive em vê-lo tão animado naqueles dias me acompanha vida afora. Meu pai se foi em 2005, ficaram as lembranças, o amor incondicional dele por nós, as lágrimas quando ouvimos música sertaneja, daquelas antigas, os conselhos e os exemplos.

Enfim, com essas duas histórias, a do filme e a da nossa viagem para Brodowski, levo como lição que devemos prestar atenção ao que querem os nossos idosos, os quais podem ser pedidos simples ou podem ser complicados. Eles têm interesses, mesmo com as peles envelhecidas, redução da mobilidade ou doenças, as vontades estão ali, pulsando em suas veias. Se puder, atenda; se não puder imediatamente, se organize pra atender.

Certamente, o seu sorriso será proporcional, se não maior, do que a alegria deles e delas em ter seus desejos realizados. Não precisamos ser protagonistas, podemos ser coadjuvantes como a moça do filme que ajudou a senhora a chegar no píer pra ser pedida em casamento ou como o filho que possibilitou que os ex-combatentes fossem atender o pedido de um deles ou o adolescente que fez o mapa do local pra eles.

No final das contas, o que realmente importa, é que o sorriso, o amor e a alegria são espalhados e compartilhados.