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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

No batuque do tambor: a força da integração na Jornada Latino-Americana e Caribenha

Realizada em Foz do Iguaçu nos dias 22 e 23 de fevereiro, a Jornada Latino-Americana e Caribenha para Integração dos Povos reuniu representantes de governos, de partidos políticos e de movimentos sociais (estudantes, mulheres, negritude, povos originários diversidade sexual, sem terras, agricultura familiar, por moradia, sindicatos, entre outros).

Ao todo, 26 países participaram do evento que reuniu cerca de 2.000 pessoas, no Centro de Convenções de Foz. Destacam-se a presença da vice-presidente da Colômbia, Francia Marques, do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica (um dos idealizadores do evento), do Ministro dos Direitos Humanos do Brasil, Silvio Almeida, Ministra da Previdência da Bolívia, Magdalena, Senadora Esperanza Martinez do Paraguai,  do Secretário geral da presidência representando o Presidente Lula, Marcio Macedo, do diretor presidente brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, da presidente do PT Nacional Gleisi Hofmann, do ex-governador do Paraná Roberto Requião, Diana Pereira, reitora da UNILA, deputados federais e estaduais e representantes dos movimentos sindical (CUT e UGT), da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), do MST, da UFRJ, da Prefeitura de Foz do Iguaçu e de diversos países.

Ao som de música e tambores, da Marcha Mundial das Mulheres e do MST e demais entidades em apresentações culturais, a Jornada trouxe discussões relevantes que se tornam desafios para os países que compõem o bloco latino-americano e caribenho.

No cenário internacional, temas como a crise do sistema capitalismo, o neoliberalismo e as mudanças climáticas foram tratados no contexto dos problemas que ocasionam na vida das pessoas, principalmente nos países mais empobrecidos.

Dessa forma, foram pauta das discussões:  os reflexos da pandemia da Covid-19, os mecanismos de empobrecimento capitaneados pelo sistema capitalista, a perda de direitos trabalhistas, a devastação do meio ambiente, a necessidade de direito à água, energia, terra e alimentos, o combate a violência contra a mulher, o racismo, a homofobia, a privatização com a precarização dos serviços públicos nas mãos de empresas transacionais, a desinformação e o uso da tecnologia. Os avanços da extrema-direita e os ataques à democracia e a necessidade de consciência social e ambiental, também, fizeram parte das discussões tanto nos grupos de trabalho da Jornada como das apresentações das autoridades presentes.

Na Jornada, ocorreram sessões de apoio ao cessar fogo em Gaza, criação de um estado palestino e de apoio aos imigrantes haitianos e de outros países. Ao final dos trabalhos, ocorreu, também homenagem a feminista Nalu Faria, psicóloga e líder da Marcha Mundial das Mulheres falecida em 2023.

Na carta final da Jornada Latino-Americana e Caribenha são apresentadas a necessidade da integração dos povos por meio de ações concretas tais como a autonomia dos povos, o desenvolvimento com sustentabilidade, a necessidade dos serviços básicos para a população, a necessidade de trabalho digno, o reconhecimento dos povos originários e quilombolas e o fortalecimento da democracia. 


 

 

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

As candidaturas femininas e o feminismo

 

A pesquisa que realizei sobre um grupo de candidatas às eleições 2020 advindas de diferentes partidos políticos e ideologias distintas trouxe à tona alguns pontos que chamaram a atenção: a pluralidade de ideologias no agrupamento, a  coesão do grupo, a defesa e as ações para a presença feminina na política e o espírito de união diante dos ataques sofridos pelas candidatas com apoio de instituições e com formação para o enfrentamento às adversidades na política e o incentivo ao empoderamento e protagonismo das mulheres.

No entanto, mesmo diante desses elementos que são considerados extremamente positivos, alguns pontos se destacam no grupo pesquisado: a recusa em se enxergar e ser vista como feminista por parte de algumas candidatas, a falta de conhecimento da história das mulheres desde a atuação das pioneiras, as vereadoras, as ativistas sociais e os movimentos sociais existentes e a falta de conhecimentos das estruturas de políticas públicas tais como o Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres e a Secretaria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres. Inclusive, muitas desconhecem o próprio termo “políticas públicas”.

Neste sentido, muitas indagações surgem com relação à participação feminina na política:

 como as eleitas irão atuar no cenário político institucional se não se prepararam para as demandas que se avizinham?

Como as eleitas irão reconhecer a necessidade de políticas públicas para mulheres?

Como as eleitas enxergarão as políticas de direitos e assistência social se não conhecem as estruturas que levam às pessoas à miséria e à pobreza?

Como as eleitas atuarão na saúde da mulher se não conhecem a dinâmica social e patriarcal de controle dos corpos e das mentes das mulheres?

Como as eleitas irão atuar na área de desenvolvimento sustentável sem considerar a igualdade de gênero que faz parte dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável?

E tantos outros questionamentos que surgirão na caminhada, cujos temas fazem parte da agenda feminista, tais como: a saúde integral a mulher, os direitos reprodutivos, o combate sistemático ao feminicídio e à violência contra a mulher, a garantia do aborto legal e a descriminalização do aborto, a igualdade salarial entre mulheres e homens, o controle da sociedade sobre seus corpos, a luta contra o casamento infantil e contra a mutilação genital, o protagonismo e o empoderamento feminino bem como as peculiaridades de cada local e região.

A todo momento surgem discussões a respeito desses e outros temas que demandam políticas públicas e legislação para garantir os direitos das mulheres.

Portanto, para enfrentar os desafios e estar realmente à serviço, faz-se necessário o conhecimento das estruturas que causam tantas mazelas em nossa sociedade, as quais contribuem para a violência contra a mulher tanto no mundo doméstico, como no trabalho ou na vida pública; as quais incentivam o feminicídio; o machismo, o racismo, a homofobia e a transfobia que matam e impedem as pessoas a terem uma vida digna e feliz.

Além das políticas públicas, do conhecimento do orçamento público e outras ações inerentes à função pública, as candidatas e as eleitas, de qualquer ideologia, precisam estar atentas para não serem engolidas pelo sistema e entrar no coro masculino que engessa a política e as torna invisíveis.

As mulheres precisam, sim, conhecer mais sobre o feminismo e compreender a importância do movimento feminista na busca da igualdade e liberdade.

As mulheres, precisam, urgente, deixar de sentir vergonha de se assumirem como feministas e irem à luta, pela dignidade, protagonismo, empoderamento e liberdade.

Vamos valorizar a luta das nossas antepassadas pelos direitos, muitas das quais perderam a vida para que pudéssemos estar em qualquer lugar e sermos o que quisermos ser.