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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

As candidaturas femininas e o feminismo

 

A pesquisa que realizei sobre um grupo de candidatas às eleições 2020 advindas de diferentes partidos políticos e ideologias distintas trouxe à tona alguns pontos que chamaram a atenção: a pluralidade de ideologias no agrupamento, a  coesão do grupo, a defesa e as ações para a presença feminina na política e o espírito de união diante dos ataques sofridos pelas candidatas com apoio de instituições e com formação para o enfrentamento às adversidades na política e o incentivo ao empoderamento e protagonismo das mulheres.

No entanto, mesmo diante desses elementos que são considerados extremamente positivos, alguns pontos se destacam no grupo pesquisado: a recusa em se enxergar e ser vista como feminista por parte de algumas candidatas, a falta de conhecimento da história das mulheres desde a atuação das pioneiras, as vereadoras, as ativistas sociais e os movimentos sociais existentes e a falta de conhecimentos das estruturas de políticas públicas tais como o Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres e a Secretaria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres. Inclusive, muitas desconhecem o próprio termo “políticas públicas”.

Neste sentido, muitas indagações surgem com relação à participação feminina na política:

 como as eleitas irão atuar no cenário político institucional se não se prepararam para as demandas que se avizinham?

Como as eleitas irão reconhecer a necessidade de políticas públicas para mulheres?

Como as eleitas enxergarão as políticas de direitos e assistência social se não conhecem as estruturas que levam às pessoas à miséria e à pobreza?

Como as eleitas atuarão na saúde da mulher se não conhecem a dinâmica social e patriarcal de controle dos corpos e das mentes das mulheres?

Como as eleitas irão atuar na área de desenvolvimento sustentável sem considerar a igualdade de gênero que faz parte dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável?

E tantos outros questionamentos que surgirão na caminhada, cujos temas fazem parte da agenda feminista, tais como: a saúde integral a mulher, os direitos reprodutivos, o combate sistemático ao feminicídio e à violência contra a mulher, a garantia do aborto legal e a descriminalização do aborto, a igualdade salarial entre mulheres e homens, o controle da sociedade sobre seus corpos, a luta contra o casamento infantil e contra a mutilação genital, o protagonismo e o empoderamento feminino bem como as peculiaridades de cada local e região.

A todo momento surgem discussões a respeito desses e outros temas que demandam políticas públicas e legislação para garantir os direitos das mulheres.

Portanto, para enfrentar os desafios e estar realmente à serviço, faz-se necessário o conhecimento das estruturas que causam tantas mazelas em nossa sociedade, as quais contribuem para a violência contra a mulher tanto no mundo doméstico, como no trabalho ou na vida pública; as quais incentivam o feminicídio; o machismo, o racismo, a homofobia e a transfobia que matam e impedem as pessoas a terem uma vida digna e feliz.

Além das políticas públicas, do conhecimento do orçamento público e outras ações inerentes à função pública, as candidatas e as eleitas, de qualquer ideologia, precisam estar atentas para não serem engolidas pelo sistema e entrar no coro masculino que engessa a política e as torna invisíveis.

As mulheres precisam, sim, conhecer mais sobre o feminismo e compreender a importância do movimento feminista na busca da igualdade e liberdade.

As mulheres, precisam, urgente, deixar de sentir vergonha de se assumirem como feministas e irem à luta, pela dignidade, protagonismo, empoderamento e liberdade.

Vamos valorizar a luta das nossas antepassadas pelos direitos, muitas das quais perderam a vida para que pudéssemos estar em qualquer lugar e sermos o que quisermos ser.

 


 

 

 

 

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