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sábado, 8 de agosto de 2020

Diário Ficando em casa e os 100 mil mortos pelo Covid-19

Quando comecei a escrever o Diário Ficando em asa durante o isolamento de 20 de março a 20 de abril,pensava em ajudar as pessoas a realizar atividades para superar o tempo de isolamento distante de familiares e amigos. 

 O sentimento que as pessoas tinham, e eu me incluo, era de que seria passageiro pois a experiência do que aconteceu na Europa iria balizar as decisões do nosso governo para conter a transmissão do vírus.

Naquele período, realizamos, também, muitas orações pelo nosso amigo José Eudes, um dos primeiros casos em Maringá, que felizmente se recuperou, após permanecer 50 dias na UTI.

Entre as várias atividades na quarentena, aprendi a fazer o tradicional macarrão com sardinha familiar com a minha mãe que tem 81 anos de idade e permanecia isolada em casa.

Pela Ong Maria do Ingá, entidade que atuo, adiamos nossos eventos por um mês e, depois, finalmente os cancelamos. Assim, passamos a utilizar com mais força as redes sociais para realizar o trabalho de formação e informação na área de direitos da mulher.

Portanto, o nosso sentimento era de esperança, que o isolamento seria apenas por um tempo e logo tudo voltaria ao normal. Pra se ter uma idéia, em 26 de março, o Brasil tinha 2.915 casos e 77 mortes (dados da UOL).

Havia muita esperança nos ares do nosso Brasil. De repente, a esperança de voltar ao normal foi se esvaindo.

Infelizmente, hoje, 07 de agosto, praticamente 6 meses depois, temos quase 3 milhões de casos e 100 mil mortes. Os nossos governos estaduais e municipais pressionados pelo empresariado, por parte da população e pelos seus prováveis financiadores de campanha eleitoral, estão mais preocupados com as eleições 2020 do que com a crise sanitária e econômica e política que estamos vivendo.

Isso significa que nada aprendemos com a experiência de outros países que tiveram seus picos de contaminação e mortes antes de nós.

Liderados por um presidente negacionista que considerava a Covid-19 uma “gripinha”, fomos nocauteados pela troca de ministros da saúde e pela nomeação de um ministro militar de reserva que nada entende de saúde mas, segue rigorosamente as ordens de seu capitão.

Ao ler as notícias de que 100 mil brasileiros (100.000) perderam a vida pela Covid-19 e que essas mortes poderiam ser evitadas me vem a mente que não são apenas 100 mil pessoas afetadas. Se em cada círculo familiar existe em média 10 pessoas (avós, irmãos, tios, primos etc), ao chegar a 100 mil mortes, teremos 1 milhão de pessoas atingidas física ou emocionalmente pela doença. Sabemos que nossas famílias, em geral, possuem  mais do que 10 pessoas, portanto, além dos quase três milhões de contaminados e cem mil mortos, pode-se chegar a conta de que a Covid-19 afeta diretamente quase 10 milhões de pessoas.

Posso me equivocar nessas contas, mas ando assustada com a falta de controle da pandemia e a abertura de, praticamente, todos os serviços nas cidades.

Mais assustador e aterrador é ver a defesa de retorno às aulas levando nossas crianças, adolescentes, profissionais da educação e familiares à uma exposição desnecessária. Certamente, o ano letivo pode esperar. Ao contrário do que prega o presidente da república insensível genocida, as vidas importam mais do que a economia.

A economia pode ser recuperada com programa de desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda, que não vimos este governo realizar.

Chegamos ao ponto de termos três crises caminhando juntas: a política, a econômica e a sanitária. As três, a meu ver, são resultado da subserviência do governo brasileiro aos interesses do capital internacional e dos EUA, de um governo negacionista e de um presidente que tem a família dele em primeiro plano. Nesse último item, basta verificar as manobras judiciais para camuflar o envolvimento da família com a milícia carioca.

Nos demais itens, me veem à mente, as imagens do presidente batendo continência para a bandeira dos EUA e mostrando uma caixa de cloroquina para uma ema no pátio do palácio presidencial. Eu pensava que era montagem de tão absurdo que parecia. Mas, loucuras à parte ou encenação para chamar a atenção, é tudo verdade.

Aconteceu tanta coisa absurda em nosso Brasil nesses 6 meses que fica até fácil acreditar em ozônio introduzido para curar a Covi-19 ou na creolina para manter o distanciamento entre as pessoas.

O que fica mesmo é o sentimento profundo de tristeza pelas milhares de vidas perdidas.

E essa tristeza nem a inocência do meu Diário Ficando em casa e nem seu objetivo de auxiliar as pessoas conseguem diminuir.

Diante de tudo isso, nos resta:  nos cuidarmos, usar máscara, álcool em gel e manter o distanciamento social. Também, podemos incluir nessa lista: protestarmos contra os desmandos desse governo genocida para garantir nossa democracia e as nossas vidas.

 

Artigo publicado originalmente no Café com Jornalista

 

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