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domingo, 16 de agosto de 2020

O livro

Li, na semana que passou, várias notícias a respeito da proposta do atual Ministro da Economia de taxar os livros.

Num país cuja densidade de leitura é muito baixa, motivada não apenas pelos preços dos livros mas, pela falta de incentivo à leitura, isso soa como um disparate. Tem muita coisa que poderia ser taxada e que traria mais recursos aos cofres públicos como as grandes fortunas, por exemplo.

O que mais chama a atenção no ataque aos livros no Brasil são os dados da leitura por parte dos brasileiros. Dados da EBC – Empresa Brasileira de Comunicação atestam que o brasileiro lê, em média, apenas dois livros por ano.  30% da população nunca comprou um livro. Ou seja, não somos um povo que tenha a leitura como hábito.

Então porque a taxação de livros agora, em plena pandemia?

Se formos analisar mais a fundo, a taxação de livros não é pela arrecadação de tributos mas, sim por um projeto político. como forma de poder que privilegia a falta de conhecimento e a desconstrução da cultura.

Afinal, um povo que lê terá mais capacidade de compreender as manobras e as falcatruas dos maus políticos, saberá discernir quem realmente defende políticas públicas e quem está ao lado do povo e da democracia. Aliás, lendo, o povo saberá exatamente o que significa democracia.

Ao olhar a história da humanidade, verifica-se que esse ataque aos livros não é novidade. Ora queimados, ora taxados, os livros sempre foram incomodo para governos autoritários. Haja visto, por exemplo, a queima de livros promovida pelo governo nazista, notadamente de livros contrários à sua ideologia.

No Brasil, a história não foi diferente com a caça aos livros condenados por serem contrários às ideologias dominantes.

Na pesquisa realizada com as mulheres de Maringá que atuaram no campo de luta contra o governo militar no Brasil, chamou a atenção uma característica comum entre todas as militantes entrevistadas: o gosto pela leitura de livros. Uma delas chegou a dizer que tinha medo que a polícia pegasse seus livros e os escondia ou tirava a capa para que não vissem o título. Muitos desses livros cassados pela polícia política versavam sobre comunismo ou marxismo.

Portanto, seja num país considerado de primeiro mundo, seja numa cidade do interior, os livros sempre incomodam. Esse incomodo se dá porque os livros nos fazem pensar, seja em um romance, seja em um livro científico. Ao pensar, as pessoas passam a agir e esse agir pode ser destoante do que os dominadores querem.

Para o autoritarismo é mais fácil queimar os livros e o conhecimento dentro eles. Na atualidade, a queima de livros soa péssimo por ser relacionado ao nazismo que dizimou milhares de pessoas, então uma saída adotada pelo governo é taxar, torna-los mais caros e inacessíveis à população.

Nos livros, os escritores tem a liberdade de escrever sobre suas vidas, seu povo, o mundo e a forma como encaram a sociedade.

Livros podem nos levam a reflexão sobre o mundo em que vivemos e podem influenciar gerações.

Livros inspiram medo em quem quer impor sua ideologia, em quem quer deixar o povo como massa de manobra para se manter no poder.

Esse “monte de letras” que formam frases, que viram páginas agrupadas e que se tornam livros são realmente um perigo para as pessoas que querem dominar pela força, pela mentira e desinformação.

Um brinde aos livros! Que os livros continuem a abrilhantar nossa existência!

 

 

 

2 comentários:

  1. Como sempre, Tania, impecável. Obrigada pelo texto gostoso que merece reflexão! Bora pensar, povo!

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