A Internet, conhecida
como a rede mundial de computadores, desde o seu nascimento secreto até sua
abertura comercial trouxe esperanças na área de comunicação e de aproximação
entre as pessoas dispersas em vários lugares pelo mundo. Por meio da Internet, atividades
de lazer, entretenimento, pesquisas, negócios, entre outras puderam ser
viabilizados em tempo e velocidades nunca vistos.
Alguns pontos negativos,
também, surgiram no meio eletrônico tais como a disseminação da pedofilia, os
crimes financeiros, os golpes ditos amorosos, entre outros crimes que
encontraram na rede digital um campo fácil e fértil de propagação. Inclusive,
leis foram criadas ao longo do tempo para conter os chamados crimes digitais. Dessa forma, os problemas
a partir do mau uso das redes sociais digitais tornaram-se públicos.
Dentro desse cenário, a
pandemia trouxe mais elementos a serem avaliados ao tratar do uso da rede
mundial, com o aumento da busca por serviços e pelo tempo maior de utilização. Especialmente, duas situações chamam a
atenção: a busca pelo auxílio emergencial e o ensino remoto.
A busca pelo auxílio
emergencial colocou como forma de solicitação o aplicativo via celular ou
computadores. O governo criou uma estrutura de atendimento para solicitações e
acompanhamento que se tornou muito lenta, trouxe dúvidas em sua avaliação para
os que deveriam receber o benefício e desconfiança do recebimento dos valores.
O ensino remoto nas
escolas públicas e privadas, do ensino fundamental ao ensino médio foi
estabelecido para que os estudantes não perdessem o conteúdo das aulas. Além da
possibilidade de causar stress em professores e alunos, o governo não
considerou para o ensino remoto, a situação econômica dos envolvidos, o uso dos
instrumentos para as aulas e nem o processo de ensino-aprendizagem.
Assim, ao necessitar do
uso da Internet, brasileiros tiveram dificuldades de acessar o aplicativo para
buscar o auxílio emergencial e estão tendo dificuldades para acompanhar o
ensino remoto.
Confirmou-se o que era
sabido: a Internet não chega da mesma forma ou não chega a todos os cantos do
Brasil.
Segundo reportagem da UOL
veiculada no mês de maio, 70 milhões de brasileiros tem acesso precário ou não
tem acesso à Internet, o que representa 30% da população brasileira,
principalmente moradora das periferias das grandes cidades e da zona rural.
Ainda de acordo com a
pesquisa, 42 milhões de brasileiros nunca acessaram a Internet. Das classes
sociais C e D conectadas, 85% acessam a Internet pelo celular com pacotes
limitados que inviabilizam ações como download ou videoaulas.
Um ponto a ser
considerado, também, ao tratar do alcance da Internet, é o aumento do consumo
da informação pelo estudo e trabalho em casa, ocasionando mais lentidão e queda
de sinal da rede.
Talvez com a pandemia,
esse lado da Internet, que exclui parcela considerável da população seja
revisto e tanto governos como empresas de telecomunicações passem a adotar
medidas que levem a rede a locais mais remotos e a usuários mais carentes.
Quem sabe a rede mundial
de computadores possa, assim, reduzir o abismo que existe entre a população das
periferias e o acesso à tecnologia de informação e comunicação.
Mesmo diante da pandemia
e das desigualdades mais expostas, sonhar com um mundo justo, fraterno e
igualitário é possível com inclusão da tecnologia a serviço da vida.
Tania F C Tait,
professora doutora aposentada do Departamento de Informática da UEM,
coordenadora da Ong Maria do Ingá Direitos da Mulher
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