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domingo, 3 de julho de 2022

Documentário "O Silêncio das Rosas" e as emoções diante da violência

     Um dia recebi uma mensagem do Eliton Oliveira, diretor do documentário O Silêncio das Rosas. Na mensagem ele escreveu que a secretária da mulher Terezinha Pereira passou meu contato, que ele estava realizando um documentário e gostaria de me convidar para ser entrevistada e falar da Ong Maria do Ingá- Direitos da Mulher. Eu fiz perguntas, claro, como sempre. Um dos comentários do Eliton: - Eu e minha equipe queremos que seja um documentário emblemático, que consiga trazer à tona as histórias de violência e luta de muitas mulheres e todos aqueles que estão ao redor policiando e auxiliando.

     O diretor Eliton colocou no roteiro, além dos depoimentos das vítimas, pessoas e entidades que combatem a violência contra a mulher, no setor público e nos movimentos sociais. No setor público, por meio de organismos como Secretaria da mulher, Patrulha Maria da Penha, Delegacia da Mulher, entre outros. No movimento social, a visão do machismo estrutural, do antes e depois da Lei Maria da Penha e a necessidade da mulher buscar ajuda. Foi nesse ponto que a Ong Maria do Ingá entrou, com a minha participação.

Logo, a equipe dele entrou em contato, ele me enviou algumas perguntas, a responsável pela imagem enviou mensagem sobre cores de roupas etc. No dia marcado fui lá. O "lá" foi no consultório do professor, escritor e psicanalista Artur Molina. Eu os apresentei. Essa é outra história. A Madalena e eu fomos conversar com o Artur a respeito do aplicativo Indicador de violência doméstica que o professor estava desenvolvendo como pós-doutorado e no mesmo dia, o Eliton e eu tínhamos nos desencontrado para entregar o livro de autoria dele: “Coisas que aprendemos quando é tarde demais”.  Avisei onde estava e ele foi levar o livro. Ao saber do aplicativo, ele convidou o Artur para conversar. O resultado é que o professor Artur, também, é entrevistado para o documentário.  

Voltando ao documentário. Vimos alguns locais para as filmagens e o local escolhido foi consultório do Artur Molina. Chegando lá, me surpreendi com a produção. Eu imaginava que seríamos o Eliton, a entrevistadora e uma filmadora. Nada disso, era um estúdio completo, se não me engano, o nome técnico é “set de filmagem”. Fui maquiada, cabelos escovados...produzida para a entrevista. No local, todos os muitos profissionais usavam máscaras e todos os cuidados estavam sendo tomados com relação à pandemia.

Respondi as perguntas realizadas pela querida Carol Morais, que realizou a condução com maestria. Mais tarde soube que ela também fora vítima de violência e superou ao dar e realizar as entrevistas. Imagino a dor que ela sentia a cada resposta.

Conversamos por mais ou menos uma hora. Soube que foram 21 entrevistas. Claro que sentimos curiosidade em saber o que a produção aproveitaria das nossas entrevistas pois a produção não poderia a apresentar um documentário de 21 horas. Não fui só eu quem teve esse sentimento, a curiosidade natural fez parte de cada entrevistada(o). Inclusive, uma das entrevistadas que sofreu violência fui eu quem indiquei, ela aceitou e ao ouvi-la me deu uma tristeza enorme por saber que ela passou por tudo aquilo e não soubemos na época.

No dia do lançamento do documentário, confesso que estava com um pouco de ansiedade pra saber o que iria aparecer de nossas falas. Entretanto, nos primeiros depoimentos, com os olhos lacrimejando e o peito apertado, essa ansiedade e a curiosidade desapareceram por completo. Diante de tantas violências sofridas, a emoção foi nos envolvendo de tal forma que parecia que estávamos junto com as mulheres, ouvindo e participando de suas histórias de vida. Tanto no início como no final, o documentário apresenta, também, a reconstrução das vidas das mulheres que sofreram violência e um mensagem fica bastante clara: busque ajuda sempre.

Particularmente, eu sorri, quando li nos agradecimentos finais, o nome da Ong Maria do Ingá, como parte desse belo trabalho que toca as pessoas em um tema tão sensível e senti, mais uma vez, que estamos no caminho certo na defesa dos direitos das mulheres e pelo combate à violência contra a mulher.

Parabéns Eliton e equipe. Muito obrigada por esse momento tão ímpar em nossas vidas e por ter transmitido, por meio do documentário, a mensagem contundente pelo fim da violência contra a mulher.

#Bastadeviolênciacontraamulher

 


 

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