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domingo, 31 de julho de 2022

Um olhar sobre a trajetória da Guarda Municipal na defesa das mulheres

                                                                        Foto: Maringapost, 2021

Todas as vezes que encontro a Silvia Ferreira (Comandante da Guarda Municipal-GM)  ou a Silvana Soares (Supervisora do setor da Patrulha Maria da Penha) fico feliz por ver como a Guarda cresceu e realiza trabalho com as mulheres em situação de violência doméstica por meio do setor. O último encontro foi em julho, na OAB Maringá, no qual a Silvana e eu apresentamos na mesa redonda, após a exibição do documentário O Silêncio das Rosas, por nossa participação como entrevistadas.

Lembro bem  do começo da ideia da GM em Maringá, protagonizada pelo Cabo Zé Maria e pelos vigias da prefeitura.

Em 2002, o então saudoso prefeito José Claudio  (PT) solicitou um estudo sobre a transformação da vigilância patrimonial da prefeitura em guarda municipal. Era uma reivindicação dos vigilantes. Até então, a vigilância era realizada apenas nos prédios da prefeitura tais como o paço municipal, as escolas, postos de saúde e bibliotecas. Como eu era a secretária de administração, fomos, em um grupo, conhecer a Guarda Municipal de Campinas, considerada referência em nível nacional. A estrutura da GM de Campinas era completa e acumulava experiência tanto no cuidado ao patrimônio público como da cidade em geral.

No retorno para Maringá, apresentamos o relatório para o José Claudio. Sempre muito atento, o prefeito se preocupou com dois pontos. O primeiro era a falta de verbas municipais pela herança deixada pelo prefeito anterior que desviou milhões de reais da prefeitura pois, com os poucos recursos e a recuperação das finanças, teria que investir para equipar a guarda, contratar mais servidores e qualificar o pessoal. O segundo ponto era a qualificação e o treinamento da vigilância para o uso de armas e demais equipamentos de segurança. A vigilância patrimonial não usava armamento e isso preocupava muito o prefeito sofre os incidentes que, por ventura, viessem a acontecer com armas.

Infelizmente, José Cláudio veio a falecer, sem conhecer a estrutura da GM, que foi criada e aperfeiçoada nas gestões seguintes.

Posteriormente a esse episódio inicial, tive outros encontros ao longo da vida da GM de Maringá, dentre eles: a entrega dos certificados para guardas que concluírem o curso de qualificação sobre atendimento às mulheres em situação de violência e o lançamento da viatura Patrulha Maria da Penha.

Ambos eventos  com a secretária da Mulher, Aracy Adorno Reis, na primeira gestão do prefeito Ulisses Maia (2017-2020). Eram dois sonhos da professora Aracy que foram concretizados. Na entrega dos certificados, eu estava como Presidente do Conselho da Mulher e fui convidada para a cerimônia. Foi um momento importante e de alegria entregar os certificados no projeto realizado pela parceria entre as prefeituras de Maringá e Sarandi.

No segundo momento, participei da cerimônia do lançamento da Patrulha Maria da Penha. Nem preciso comentar, como coordenadora da Ong Maria do Ingá Direitos da Mulher, na época, sobre a alegria em saber que Maringá contaria com mais um mecanismo de apoio para atender e socorrer as mulheres vítimas de violência.

Na atualidade, com o nome de Guarda Civil Municipal de Maringá, o setor está vinculado à Secretaria de Segurança e conta com os(as) guardas treinados(as) para o uso de armamento e patrulhamento das ruas da cidade.

Por fim, a  parceria entre a Guarda Civil Municipal, por meio da Patrulha Maria da Penha com a Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres desencadeia ações que, também, humanizam o atendimento às mulheres em situação de violência.

Lá em 2002, quando o querido Zé Claudio solicitou o projeto da Guarda Municipal, nem ele e nem eu, imaginávamos que haveria essa vinculação entre a defesa das mulheres vítimas de violência e a guarda municipal, afinal naquela época nem a Lei Maria da Penha existia.

Gosto muito quando vejo a viatura com o impresso “Patrulha Maria da Penha” e, tenho certeza que o Zé Cláudio também sorri, lá no universo das estrelas onde ele se encontra.

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