Para compartilhar idéias!







sábado, 3 de setembro de 2022

O “Agosto lilás” terminou e agora?

A promulgação da Lei Maria da Penha, em 07 de agosto de 2006, pelo presidente Lula, desencadeou, ao longo dos anos, ações para marcar o mês de agosto com prevenção e combate à violência contra a mulher, chamado “Agosto Lilás”. Tanto por parte das prefeituras como das entidades da sociedade civil, são realizados palestras, debates, rodas de conversa, ente outras ações, durante o período.

Agora, o mês de agosto terminou.

Entretanto, o número de feminicídios, as agressões contra as mulheres, em todos os níveis crescem a cada dia. Além da crueldade da violência doméstica, ataques desferidos às mulheres são constantes, também, na política e nos espaços de poder.

A palavra misoginia, que significa “ódio ou aversão às mulheres” passou a fazer parte do cenário nacional, infelizmente, propagada por uma autoridade eleita que deveria respeitar a Constituição Brasileira que prega em seu artigo 5, a  igualdade entre mulheres e homens, em direitos e obrigações.

Não se pode admitir comentários e ataques realizados pelo atual presidente da república, que escolhe jornalistas e adversárias políticas, de um modo geral, para ofensas, calúnia e difamação.

Na prática, ao ofender uma mulher, ele está reforçando as frases que disse a longo de sua vida pública, registradas pela imprensa e em vídeos. Frases ditas por ele, tais como: você é tão feia que nem merece ser estuprada; não contraria mulher porque mulher engravida; meus filhos foram bem educados e não casariam com uma negra; na quinta dei uma fraquejada e veio uma menina...entre tantas mostram o lado misógino, preconceituoso, racista e machista daquele que deveria servir de exemplo para o povo.

Quando sua equipe, na análise dos dados detectou que as mulheres, em sua maioria não votam nele, a estratégia de campanha eleitoral foi modificada e a esposa dele foi colocada para falar às mulheres, principalmente para as evangélicas. Para quem não sabe, pesquisa recente mostrou que 40% das mulheres que sofrem violência doméstica são evangélicas, com a conivência de certos pastores que ao invés de incentiva-las a sair do relacionamento abusivo e denunciar o agressor, as manda orar, em nome da manutenção da família. Enquanto isso, o agressor continua vivendo em sua saga de violência causando danos irreversíveis em sua mulher e filhos.

A atenção precisa ser redobrada e compreender que as frases ditas pelo presidente se transformaram, sem seu governo, em cortes de verbas para o combate à violência contra a mulher, mesmo durante uma pandemia em que as mulheres foram as mais penalizadas e quando aumentou, ainda mais, os índices de violência. Frase como “você é tão feia que nem merece ser estuprada” indicam, por ele, que o estupro é “uma coisa boa” (sic), reforçando a cultura do estupro existente no país. Cultura essa que violenta, em sua maioria, meninas com menos de 13 anos, estupradas no seio de seus lares ou escolas ou em grupos de amigos que, por princípio, as deviam proteger.

 Ao falar que “não contrataria mulher porque engravida e merece ganhar menos por isso”, ele reforça a discriminação contra as mulheres no local de trabalho, justificando o desnível salarial que, inclusive, fere a lei brasileira de igualdade de salários no exercício da mesma função.

“Ensinar seus filhos a não casar com mulher negra”, reforça todo seu preconceito contra o qual o movimento feminista e o movimento negro vem lutando por décadas para empoderar e fortalecer a presença e atuação das mulheres negras.

E, entre tantos absurdos, afirmar que a própria filha é resultado de uma “fraquejada” incentiva a tratarem as mulheres como serem inferiores. Diga-se de passagem que risadas foram ouvidas quando ele disse isso para um público repleto de homens.

Nós, mulheres, não podemos permitir que um governante nos trate de forma a desqualificar nossas vidas.  

Não podemos permitir que o ódio às mulheres de um presidente estimule outros homens e mulheres (é uma pena, mas elas existem) a agirem da mesma forma que ele.

As mulheres já padecem pela violência doméstica, não podemos permitir mais essa violência e esse mau exemplo vindos de quem quer que seja, mesmo que seja uma autoridade eleita.

Por fim, tenho certeza que as brasileiras, de qualquer tipo, de qualquer raça, etnia, cor, religião ou ideologia política merecem todo respeito.

Precisamos começar a agir em nosso cotidiano. Também, períodos especiais como os eleitorais podem significar a continuidade da violência ou o seu rompimento, a partir de políticas públicas verdadeiras e com orçamento condizente para a resolução dos problemas.

Ao serem 53% das eleitoras, está nas mãos das mulheres por um ponto final nesse período de misoginia.

A primeira oportunidade de fechar esse ciclo está no primeiro turno das eleições 2022. Vamos prestar muita atenção.

Como não sou de meias palavras ou indiretas, afirmo com clareza, vamos trazer de volta aquele que promulgou a lei Maria da Penha e fez políticas públicas para mulheres, com muito respeito: Lula Presidente.

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário