Apesar de conhecer a formação da cidade de
Maringá e sua história de exclusão, a começar pela formação de bairros
separados para os pobres e trabalhadores, a não valorização das mulheres que
aqui chegaram, a invisibilidade da comunidade negra e silêncio diante da expulsão
dos indígenas que habitavam a região, a destruição da mata para erguer a
cidade, entre tantos outros problemas, me orgulho de ser maringaense e ver como
esta cidade cresceu e se projetou no cenário nacional.
Muito desse crescimento se deve a pioneiros
e pioneiras, na maioria das vezes anônimos, mas que contribuíram para formar a
cidade e construíram suas famílias aqui.
A cidade de Maringá que tem nome de
mulher, constituiu ao longo das décadas uma sólida rede de atendimento às
mulheres em situação de violência. Cada
grupo de mulheres, cada estadual ou municipal deixou sua semente na
consolidação da rede de atendimento.
Pelo lado da sociedade civil, não podemos
ignorar a existência de grupos de mulheres que lutaram e lutam pela presença da
mulher na política, pelo fim da violência contra a mulher, pela inclusão e pelos
direitos das mulheres.
Relembro aqui, para deixar registrado a
importância desses grupos: o grupo Vez e Voz da Mulher, a União de Mulheres Maringaenses
e a União Brasileira de Mulheres, os
quais atuaram nos anos 1990 e início dos anos 2000; o Instituto de Mulheres
Negras Enedina Alves Marques, a Associação Maria do Ingá Direitos da Mulher, o
Coletivo Maria Lacerda, setores de mulheres em entidades de classe, partidos políticos e sindicatos que começaram sua atuação no início dos anos 2000. Atualmente,
tem-se o Forum Maringaense de Mulheres, a Associação LGBT, a Ong Resistrans, o Grupo Nenhuma a Menos e o
grupo Flor de Lotus que se formaram em meados dos anos 2010 e em 2020.
Muitos desses grupos compõem o Conselho
Municipal da Mulher de Maringá (CMMM), criado em 1996 e reestruturado em 2001.
Em 2019, o CMMM recebeu homenagem na Câmara Municipal de Maringá por sua atuação
ininterrupta desde 2001.
Pelo lado do setor público, tem-se a
instalação da Delegacia da Mulher, que é um órgão ligado a Polícia Civil do
Paraná, presente na cidade desde os anos 1990. Em 1992, surge o primeiro
projeto de Casa Abrigo, no entanto, a casa foi implantada muito tempo depois.
A partir de 2001, inicia-se, em Maringá, a
rede de atendimento municipal.
A primeira estrutura municipal voltada ao
atendimento para as mulheres em situação de violência foi a Assessoria da
Mulher instalada no governo do saudoso Prefeito José Cláudio (PT). Com uma equipe
de duas pessoas, coordenada pela assessora, a professora Zica Franco, o órgão
rapidamente reestruturou o CMMM que estava inoperante, criou vínculos com a
Delegacia da Mulher, com os grupos de mulheres da cidade e colocou na pauta da
cidade, de forma institucional, a luta pelo fim da violência contra a mulher.
Em 2005 (governo Silvio Barros), a Assessoria
da Mulher foi transformada em Secretaria da Mulher, tendo como a primeira
secretária da mulher, Terezinha Beraldo.
Dado a plataforma de governo do Presidente
Lula de inclusão das mulheres, com a criação da Secretaria Nacional de
Políticas para Mulheres, em 2003, a Secretaria da Mulher de Maringá
fortaleceu-se com a implantação do CRAMM – Centro de Referência de Atendimento às
Mulheres Vítimas de Violência, a criação da Casa Abrigo e o aumento de recursos
humanos e infra-estrutura física da secretaria. Inicia-se também projeto de
cursos como forma de gerar emprego e renda para mulheres.
Em 2006, é promulgada a Lei Maria da Penha
que contribui com a luta pelo fim da violência contra a mulher e exige novos
organismos de atuação e preparação de profissionais da polícia, saúde e
judiciário para o atendimento as exigências da Lei.
Maringá, firme em sua defesa dos direitos
das mulheres e pelo fim da violência, recebe, também, a Vara de violência
doméstica, como forma de fortalecer, ainda mais, a atuação em defesa da vida
das mulheres.
Em 2018 (Gestão Ulisses Maia e Secretária da
Mulher Aracy Adorno Reis), a Guarda Municipal, também foi incorporada na luta
pelo fim da violência contra a mulher, com a criação da Patrulha Maria da Penha
que atende as mulheres em situação de violência.
Em
2019 (Gestão Ulisses Maia e Secretária Claudia Palomares), a Secretaria da
Mulher passa a se chamar Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres.
É gratificante saber que uma cidade que
tem nome de mulher, como Maringá, em homenagem a uma música, possui e mantém
uma estrutura física e de recursos humanos para políticas públicas para
mulheres.
Problemas existem, é claro e são muitos, a
começar pela ausência da mulher maringaense que atua em tantas frentes na
cidade, mas que não obtém a mesma expressão na política, com uma câmara de
vereadores sem representação feminina e com um executivo que nunca teve uma
prefeita ou uma vice-prefeita.
Mas, de qualquer maneira, nesses 73 anos, Maringá
tem muito a comemorar!
Parabéns para as mulheres maringaenses,
anônimas ou não, cada servidora estadual e municipal, secretárias da mulher,
conselheiras da mulher, entidades da mulher, mulheres cargos de confiança, entre
outras, que contribuíram e contribuem para que Maringá seja referência na luta
pelos direitos das mulheres.
Parabéns Maringá, uma cidade que combina a
experiência e a força de uma idosa com os arroubos e sonhos da juventude.
Tania Tait, professora da UEM (aposentada), escritora, Coordenadora da Ong Maria do Ingá Direitos da
Mulher, Secretária de Administração na Gestão 2001-2004, Presidente do Conselho
da Mulher por duas gestões (200-2006 e 2017-2019). Autora do livro: As mulheres
na luta política.
Maravilhosa homenagem, parabéns a Maringá, as mães e mulheres que nela vive 👏👏👏
ResponderExcluirObrigada pelo carinho.
ExcluirMaravilha mensagem...ameiii
ResponderExcluirObrigada
ExcluirParabéns companheira!Sua luta ,sua caminhada histórica nos dá orgulho e força para continuar,rompendo o silêncio e invisibilidade.Obrigada.UBUNTU.
ResponderExcluirObrigada pelo carinho.
ExcluirParabéns, lindo artigo , bom poder contar sempre com sua boa escrita que nos trazem fatos tão significativo de nossa bela cidade!
ResponderExcluirObrigada. Abraços.
ExcluirVc é demais, mulher.
ResponderExcluirObrigada por nos representar.
Abraço.
Obrigada. Sigamos em luta.
ExcluirLinda mensagem!Parabens!
ResponderExcluirObrigada.
ExcluirParabéns pai.
ResponderExcluirParabéns e obrigada sempre.
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