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domingo, 19 de abril de 2020

Diário Ficando em casa, 19/04/2020.

A idéia de escrever o Diário Ficando em casa, começou, quando foi decretada a quarentena com o isolamento total em Maringá, como uma forma de colaborar com as pessoas dando sugestões de atividades a serem realizadas ou simplesmente descrevendo alguma situação pra animar.
Como o isolamento total está deixando de existir e as atividades estão com retorno marcado, creio que esse seja meu penúltimo “Diário Ficando em casa” até porque deve estar se tornando monótono. Se vocês perceberam eu nem escrevo mais que lavei, cozinhei ou limpei. Substitui estas tarefas pela expressão “aquelas tarefas domésticas que todo mundo faz”.
Sempre sou muito animada e procuro preencher meu tempo com atividades produtivas e pensamentos bons. Entretanto, hoje, especialmente, estou experimentando um sentimento que ainda não consegui definir, parece tristeza, mas não se iguala as tristezas que senti no passado. Talvez seja melancolia. No entanto, o que motiva esse sentimento estranho eu sei, com certeza.
Ao ler as notícias vejo o isolamento social total, por incrível que possa parecer, está sendo combatido. O isolamento total serve para proteger as pessoas do coronavírus e ao mesmo tempo preparar as unidades de saúde em termos de equipamentos e pessoa para receber possíveis contaminados, ou seja, salva vidas.
Recomendado por profissionais de saúde, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela esmagadora maioria das lideranças mundiais, o isolamento está sendo destruído no Brasil, um país de espaço geográfico continental com um população de mais de 200 milhões de habitantes, com falta de leitos e de respiradores visto que o coronavírus traz insuficiência respiratória, entre outros problemas.
Também, vejo a postura do presidente da República e seus seguidores completamente fora da realidade. Ao invés de realizar o combate na área sanitária, o presidente está atuando na área política com a cantiga que seus apoiadores gostam de ouvir. Não acho que seja loucura ou devaneio dele. Pra mim, tudo isso faz parte de um plano político pois ele tem uma parcela da população que o segue cegamente, a ponto de dizer que o coronavírus é uma fraude mesmo com todas as mortes ocorrendo no mundo todo, em especial nos EUA, o país que tanto idolatram.
O que nos resta agora, é lutar pela democracia que está sempre sendo ameaçada pelos insanos que tomaram conta do país e nos cuidar, transformando nossa rotina com a inclusão de hábitos que não possuíamos como usar máscara, álcool em gel e nada de apertos de mãos e nem dos nossos calorosos beijos e abraços.
Pessoalmente, no final da tarde, deu saudades dos nossos almoços de família, com a molecada correndo pra lá e pra cá e todo mundo falando ao mesmo tempo.
Aos meus amigos e amigas que voltam ao trabalho, sejam empregados ou patrões, muito cuidado, sigam todas as instruções e não descuidem nem de si, nem dos seus colegas e familiares. 
Deus abençoe a todos e todas nós!
#ForçaEudes continuamos em oração
#Fiqueemcasa quem puder e quem precisa sair, #cuide-se

Foto de um dos nossos Café, Mulheres e Política que este ano foi adiado por conta da pandemia. Deu vontade de dar um "oi" pra voces, além das letrinhas.



quarta-feira, 15 de abril de 2020

O coronavírus, sorrateiro, chega perto de nós

Desde o começo da pandemia pelo coronavírus tenho acompanhado as notícias e a evolução da doença pelo mundo, até a chegada da pandemia ao nosso Brasil.
Em todos os países, após seus governos tentarem outras alternativas que se mostraram infrutíferas devido à velocidade de propagação do vírus, a decisão foi pelo isolamento total. Nestes locais, inicialmente, pensaram em salvar a economia e com o aumento do número de mortos, compreendeu-se que é preciso primeiro salvar vidas.
E, assim, esta alternativa do isolamento total foi implantada no Brasil por iniciativa de governadores e prefeitos, a despeito de reações contrárias e muita fakenews correndo nas redes sociais.
Certas pessoas parecem não ter se dado conta ainda da gravidade da situação. O isolamento nos auxilia a ganhar tempo para preparar o sistema de saúde, com qualificação de profissionais e equipamentos para atender as pessoas contaminadas.
Desde o dia 20 de março, com a decretação do isolamento em Maringá, decidi escrever o “Diário Ficando em casa” no Facebook, no qual descrevo atividades realizadas durante o dia, comentários, receitas e outras informações como forma de ajudar as pessoas.
Percebi, neste tempo, que muitas pessoas, por ignorância ou teimosia ou sei lá o que, não estão seguindo as orientações da área de saúde, nem pra se proteger e nem para proteger os seus familiares. O coronavírus é invisível a olho nu e não sabemos onde ele está, a não ser quando ele se instala em nós.
Conforme o tempo vai passando, o coronavírus vai chegando cada vez mais perto de cada um e cada uma de nós. É um ex-prefeito, o filho de um amigo do amigo, é a esposa de um professor, é a prima da prima...e assim por diante. E “ele”, o vírus chegou...
No meu “Diário Ficando em casa” de sábado não teve descrição de atividades, mas foi marcado por orações e pensamentos positivos para um amigo querido de tantas décadas que se encontra na UTI lutando pela vida, diagnosticado com coronavírus, o Eudes.
Para minha surpresa e emoção, muita energia positiva e orações oriundas de várias pessoas somaram-se ao meu texto, como forma de solidariedade ao Eudes.
Desde o dia que soube do seu internamento, fiquei pensando em todas as lutas que travamos ao longo das décadas. Conheço o Eudes desde o movimento estudantil na UEM, certamente faz uns 40 anos. Nascemos no mesmo ano, 1961, uma safra boa como sempre dissemos. Participamos de vários movimentos em defesa da democracia, da classe trabalhadora, no diretório do PT por várias gestões e atuamos como secretários municipais no Governo do saudoso José Claudio.
Ele sempre disse que somos iguais, com a diferença que, segundo ele, eu sou mais educada e falo mais manso por isso sou uma “autoritária doce”. 
Força meu amigo, temos muitas batalhas pra travar juntos. Muito pensamento firme e positivo. Estamos em oração por voce! 



Imagem: Luiz Fernando Cardoso

Artigo publicado originalmente no
Café com jornalista

sábado, 4 de abril de 2020

Violência contra a mulher em tempos de coronavírus


Duas reportagens veiculadas durante a semana chamaram a atenção em paralelo ao avanço do coronavírus. A primeira reportagem trata do aumento de casos de registro de ocorrências em Maringá que aumentou 15% desde que foi decretada a quarentena. A outra reportagem apresenta dados sobre o aumento de 9% de ocorrências em São Paulo no período da quarentena.

Agressões físicas, verbais e sexuais foram as ocorrências mais registradas. Parece que os agressores se sentiram a vontade pra praticar violência pelo impedimento de sair de casa, no entanto, a Lei Maria da Penha continua em vigor e a rede de atendimento às mulheres vítimas de violência se organizou para continuar atendendo neste período, prevendo com antecedência que esse aumento poderia crescer.

As mulheres, além de todos os afazeres que o isolamento necessário provoca, ainda precisam lidar com a violência cometida em seus lares. Também, os Conselhos Tutelares estão atentos à violência doméstica que atinge também as crianças.



As Delegacias da Mulher estão atendendo tanto no local, como pela Internet ou telefone. As Varas de violência Doméstica também disponibilizam atendimento para que as mulheres não fiquem desamparadas. As prefeituras com seus setores estão alertas e as entidades não governamentais estão realizando atividades para proteger e auxiliar as mulheres.

Portanto, não é porque existe o isolamento social que as mulheres em situação de violência não terão como buscar ajuda. Pelo contrário, a rede de atendimento continua funcionando. É preciso aciona-la sempre que for necessário.

O Disque 180 é uma das formas de buscar ajuda. As denúncias anônimas também podem continuar sendo realizadas.

As mulheres precisam se isolar para não se contaminar pelo coronavírus mas não precisam se isolar quando sofrem violência. As mulheres precisam buscar ajuda e apoio para superar essa fase difícil que se torna mais complicada combinada com a violência doméstica.


terça-feira, 31 de março de 2020

Ditadura Nunca Mais!!!

Hoje é 31 de março, dia em que foi dado o golpe militar que culminou no governo da ditadura militar no Brasil, em 1964. A ditadura durou de 1964 a 1985, foram 21 anos de retrocessos e atrocidades que, ao longo das décadas foram aparecendo.
Assassinatos, estupros, torturas físicas e emocionais, entre tantos crimes começaram a desvendar aquele período histórico, graças a atuação de historiadores (as); a Comissão Nacional da Verdade e as pessoas que nunca se furtaram de lutar pela democracia.
A todos e a todas que lutaram pela nossa democracia, minha homenagem no dia de hoje. Em especial, as mulheres que foram transgressoras ao romper com o papel social atribuído a elas pela sociedade e se adentraram no campo da luta política contra a ditadura militar.
Sinto muito honra e responsabilidade por ser a guardiã da história de algumas dessas mulheres guerreiras cujas histórias retratei no meu livro.
Duas grande lições aprendi com essas mulheres maravilhosas:
. Ditadura nunca mais;
. Não foi em vão, faria tudo de novo!
Segue um trecho da visão sobre a ditadura militar de duas mulheres, jovens estudantes secundaristas na época que entendiam o que acontecia no Brasil.
 
 TAIT, Tania F C, As Mulheres na Luta Política. Curitiba: Editora CRV, 2020.

sexta-feira, 27 de março de 2020

A vida em tempos de pandemia

Sou maringaense, completei 59 anos no dia 01 de março, portanto quando nasci Maringá tinha apenas 14 anos. Fiquei pensando nesses dias de sustos devido a pandemia do coronavírus sobre a minha vida e as doenças que me lembro.
Talvez porque o mundo não era globalizado e as pessoas não viajassem tanto, ou porque nos escondessem informações mas o fato é que não me lembro de nenhuma época como agora onde tudo parou devido a propagação veloz de um vírus que contamina e mata as pessoas.
O mundo realmente parou e na disputa entre salvar a economia e salvar vidas, vence o salvar vidas. Mesmo diante de pessoas que insistem na defesa do lucro e da economia acima de tudo, o vírus vai fazendo vítimas e mostrando que se não salvarmos vidas, não vai ter ninguém para consumir os produtos ou os serviços que por ora seguem parados. Nesta situação não existe redução de danos pois se fala em vidas.
Lembro que na minha adolescência existiram vacinas de febre amarela, sarampo, poliomielite, entre outras doenças comuns e as pessoas procuravam se cuidar e vacinar as crianças e adultos.
Na época do surgimento da gripo A ou H1N1, houve um momento de pânico pelo desconhecimento e pela relação com a gripe espanhola que matou milhares no início do século XX. Aos poucos, com o desenvolvimento de uma vacina, a situação foi se acalmando.
Hoje, estamos vivendo uma época especial. Eu imaginava as vezes, que poderíamos voltar a ter governo de ditadura militar ou populista, ou muitas chuvas, ou catástrofes naturais, mas nunca imaginei que o mundo ficaria parado diante de um vírus.
Sei que vivemos num sistema capitalista em que a lógica do lucro fala mais alto, no entanto ver governo e pessoas querendo deixar os idosos à própria sorte em detrimento de alavancar seus lucros nos deixa perplexos diante dessa falta de humanidade.  Falta de humanidade que cancelou pesquisas e investimentos em saúde e que agora estão fazendo muito falta para conter a devastidão que o coronavírus ou COVID-19 está causando.
Estamos parados e começa a me assustar algumas posturas que lembram o famoso Ensaio de Cegueira de Saramago que conta a história de uma cegueira coletiva que de repente tomou conta do mundo. Com a cegueira, surge a divisão de grupos em busca da sobrevivência, colocando a mostra toda sua perversidade e ao mesmo tempo toda sua solidariedade.
Talvez, em tempos sombrios, a força e a esperança acompanhem o amor e torne o mundo  um local melhor e mais humano. 
Que esses novos tempos possam mostrar que um novo mundo com fraternidade e justiça social seja possível.  Esperemos !

terça-feira, 24 de março de 2020

O rádio em minha vida

Ao estudar a disciplina Radiojornalismo no curso de Jornalismo me dei conta do quanto sempre gostei do rádio.
Da infância, lembro dos meus avós e do meu pai ouvindo rádio. Do vô Antonio e a Hora do Brasil, sempre antenado. Do meu pai, as músicas sertanejas as 5h da matina. Da minha mãe, ouvia as músicas que, na infância, aprendi a cantar. Na adolescência, ganhei um radinho de pilha do meu tio-padrinho, radinho que ficava colado no meu ouvido.  
Sempre gostei do rádio no carro pra ouvir notícias e músicas. Depois passei a ouvir apenas notícias pois em algumas rádios as músicas fugiram do meu gosto. Ouvi muito a Rádio Itapema em Santa Catarina e a Rádio UEM em Maringá as quais sempre primam por programas que evidenciam a história da música, seja clássica ou popular.
Na idade adulta passei a frequentar programas de rádio como convidada para entrevistas, em rádios comerciais, rádios comunitárias e estatais.  Foi quando descobri o alcance do rádio e a delícia de saber que sua opinião ou informação está sendo ouvida por milhares de pessoas. Sim, por milhares. De acordo com a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (ABERT), na pesquisa realizada em 2017, 58% da população ouve rádios em aparelhos comuns, 14% por celular e 4% em computador.
O rádio, além de informações e músicas, tinha programação de radionovelas. Imaginem a criatividade dos profissionais para realizar as cenas de novelas, as informações e as partidas de futebol para passarem as emoções apenas pelo tom de voz e utilização de sons para registrar passos de caminhadas, brigas ou cenas de romance.
Com previsão de que iria acabar, o rádio sobreviveu ao surgimento da televisão e de inovações tecnológicas, mudou seu estilo e sua programação mas continua interagindo com o público que o ouve em todos os cantos do país.
Atualmente, o rádio se faz valer das inovações tecnológicas e expande seu raio de alcance ao se inserir, também, na Internet.
Daqui a dois anos, o rádio completará 100 anos de sua primeira transmissão oficial no Brasil que se realizou  em  7 de setembro de 1922 na comemoração dos 100 anos da Independência, com discurso do presidente Epitácio Pessoa.
Tomara que as rádios se organizem e nos propiciem programação especial para comemorar seus 100 anos de existência oficial no Brasil.
Será lindo de ouvir!





Foto da entrevista sobre o meu livro "As Mulheres na Luta Política", na Rádio UEM no dia 12/03/2020, no programa de Marcelo Galdioli.


domingo, 22 de março de 2020

Entre orações e panelaços: o que está por trás


Sábado, 21/03/2020 foi uma noite especial, ocorreu  o quinto panelaço contra o presidente da República e uma chamada de oração para proteger as pessoas contra o coronavírus. As duas ações são válidas neste momento de pandemia que estamos vivendo e apresentaram três grupos de pessoas: as pessoas que oram, as que batem panelas e as que fazem as duas coisas, ou seja, oram e batem panela.

As orações colocam as pessoas em comunhão e criam espírito de solidariedade com o pedido de proteção para a humanidade e para fortalecer os profissionais de saúde.

Os panelaços estão sendo realizados mostrando a indignação da população diante da postura irresponsável e criminosa do presidente Bolsonaro na demora de atitudes e nas mentiras sobre a propagação do coronavírus.

Muitas pessoas realizaram as duas ações em conjunto, rezaram e, também,  protestaram com  cobrança de uma postura firme do presidente no combate à pandemia, para que ele pense nas pessoas e não apenas no mercado financeiro.

Mas, se olharmos com mais atenção, veremos que não se trata apenas de orações e panelaços. Inúmeros comentários veiculados nas redes sociais mostraram que, ainda, alguns dos adeptos do presidente que estavam em silêncio diante dos panelaços, encontraram no movimento por oração uma forma de expressar seu sentimento de apoio ao presidente mesmo que tímidamente, na linha do “pra que bater panela num momento desse, agora não é hora disso, etc etc.”  

Vale lembrar, também, que os panelaços são oriundos de bairros da própria classe média que fez os panelaços contra a Dilma. Portanto, não adianta falar que é coisa de esquerdista, que é coisa de gente que quer desestabilizar o governo, de gente ignorante ou ruim diante da gravidade da situação. Os panelaços estão mostrando a indignação das pessoas com a postura, as falas e as regras adotadas pelo presidente no combate à pandemia.

Governadores e prefeitos estão realizando atuação mais efetiva que o presidente. Alguns certamente se aproveitam do momento político, mas uma coisa é certa: na crise se descobre o tamanho dos líderes e o presidente Bolsonaro se apequenou ainda mais.

Na frase perfeita do ex-presidente Lula que disse: “primeiro vamos cuidar do povo, depois cuidamos da economia”, eu pensava em acrescentar “da economia e da política”.  Mas, mudei de idéia pois percebi que é impossível ignorar a política neste momento visto que estamos no meio de um embate político enorme ocasionado pela postura irresponsável e criminosa de um presidente da República que parece querer levar  o país aos caos e a morte de milhares de pessoas.

Decisões do presidente Bolsonaro como permitir a entrada apenas de estadounidenses (EUA) cujo país está com pandemia de coronavírus, permitir a abertura de estradas e aeroportos, fazer vídeo com fake News sobre remédios, cumprimentar pessoas e não admitir que está contaminado e nem se importar com a contaminação das pessoas, defender a abertura de shopping e templos, entre outras atitudes, fazem parte de um ato político sim de desmonte da economia brasileira e de subserviência ao capital.

Não podemos mais fechar os olhos diante da gravidade da situação que nos coloca num navio sem capitão ou comandante. 
Ainda bem que temos os oficiais que fazem a guarda do navio e estão realizando ações para conter a possibilidade de afundarmos, neste caso específico, como os nossos governadores e prefeitos responsáveis e nossos valorosos profissionais de saúde e de manutenção das cidades.