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sábado, 2 de novembro de 2024

Conheci o senhor Jorge no Capitólio

Vale dizer que a região do Capitólio é belíssima, com cachoeiras, cânions, uma fauna

 e flora diversas. 

Estive por lá dias desses, por dois períodos intensos de muitos passeios e comida boa. 

Na manhã do primeiro dia, conversamos amenidades no grupo que continha muitas professoras, 

ex-funcionários da prefeitura e muitas pessoas aposentadas. Numas dessas conversas, um senhor 

trocando ideias a respeito da cidade de  Passos, comentou que trabalhou na prefeitura e conversa 

vai conversa vem comigo e com minha prima Rose,  chegamos no meu tio Sid (pai dela) que ele 

conheceu. O tio Sid (Ancelmo Sidnei Tait) trabalhou na  prefeitura de Maringá por quase 40 anos. 

Depois, embarcamos para mais um passeio e não conversamos mais. 

Na tarde de domingo, no último passeio, eu não me senti à vontade pra ir na última cachoeira pois

 a  rinite estava me atacando. Aí vi um banquinho debaixo de uma árvore e ali resolvi aguardar

 o pessoal voltar.

 Logo se aproximaram um casal e uma senhora. As duas resolveram descer um pouco e o senhor

 e eu ficamos sentados ali no banquinho. Era o mesmo senhor que conversamos pela manhã. 

Com óculos de sol e chapéu nós não havíamos nos reconhecido. 

E de novo conversa vai conversa vem, ele gosta de uma prosa e eu também, ele contou que 

trabalhou  na prefeitura e se aposentou.  Eu disse que também trabalhei, na época do José Cláudio. 

Ele então contou histórias sobre o Zé, que foi pedir emprego pra ele enquanto aguardava a chamada

 do concurso que passara e o Zé respondeu secamente. Segundo o seu Jorge, o prefeito estava

 certo na resposta. O Zé conhecia o pai do seu Jorge de Floriano e disse a ele que voltaria para 

visitá-lo no sítio como prefeito. E assim, o fez. Depois de eleito, José Cláudio visitou o pai dele. 

Eu, por minha vez, contei a ele que ao pedir voto pro meu pai para o Zé Claudio, meu pai retrucou 

“ele não me pediu voto”.  Rapidamente, liguei para o Zé e coloquei ele pra falar com meu pai. 

Meu pai falava: - essa minha filha é fogo, está aqui pedindo pra votar no senhor. 

O que o Zé disse, eu não sei e nem saberei, mas meu pai ao desligar o telefone me disse: 

“É um bom homem, vou votar nele”.

Assim, seu Jorge e eu ficamos conversando a respeito do Zé Claudio, de sua força, simplicidade

 e que tinha um grande futuro na política. De repente, seu Jorge falou que eu era familiar. 

Ri e falei que fora  Secretária de Administração na prefeitura e talvez, “chefe” dele. 

Ele riu e disse: Tania Tait, me lembro. Mais risadas e comentários sobre a vida, o tempo que passa. 

A esposa do seu Jorge e a outra senhora retornaram e  sentaram conosco. 

Não me recordo como chegamos no ponto, mas descobrimos que conheço o filho

 do seu  Jorge, que, inclusive, foi candidato a vereador nestas eleições. 

As conversas nos levaram a pontos comuns, locais que frequentamos, o apoio ao José Cláudio e 

a tristeza por sua passagem. 

Um prazer conhecer seu Jorge, trocar ideias com ele e saber de mais uma parte da história 

do Zé Claudio.  No desembarque fiquei feliz em ver o filho  buscar o pai. Claro que tiramos foto,

 seu Jorge, a esposa e eu na Trilha do Sol e enviamos pra ele, pra falar da coincidência de

nos encontrarmos ali. 

Tanto seu Jorge quanto eu compartilhamos o mesmo tempo na história de Maringá, 

sem nunca termos conversado ou nos encontrado. E foi ali, no banquinho no cruzamento 

da descida da cachoeira, debaixo  de uma árvore, nas Minas Gerais,  

que fomos conversar  e trocar ideias a respeito da cidade e do saudoso ex-prefeito José Cláudio.

 


 Foto: Canion no Capitólio, de minha autoria, 26/10/2024



quarta-feira, 9 de outubro de 2024

A influência da religião na política


Vários elementos influenciam a política, dentre eles, a religião assume um dos papéis preponderantes, desde os primórdios, em todos os povos. Nos anos da ditadura militar, em meio a guerra fria entre EUA e Rússia, os EUA dominaram a América Latina protagonizando golpes militares em todo o continente para barrar o avanço do comunismo (sistema implantado na Rússia), garantir a hegemonia estadounidense na região bem como explorar os recursos naturais dos países da América Central e da América do Sul.

Junto a isso, as religiões que tiveram papel preponderante ao inserir o medo do comunismo em seus fiéis. Relatos sobre aquele período histórico comprovam que padres e pastores ensinavam as pessoas a identificar os comunistas e informar a polícia, Muitos pastores norte-americanos, também se deslocavam para a América Latina numa cruzada contra o comunismo que entrou no imaginário popular como “os demônios” por serem pessoas que não acreditavam em Deus e, na visão deles, iriam destruir as famílias.

Um relato interessante de uma mulher sobre a ditadura militar é revelador desse fato histórico. Ela, estudante na época, relata que o pastor falava que o comunismo iria deixar as famílias pobres. Ela retrucou pra mãe: “esse comunismo vai deixar a gente mais miserável do que já somos?” Levou bronca, pois pra mãe, o pastor sabia o que dizia. (Relato em Tait, Tania F C,  As mulheres na luta política, CRV, 2020). De acordo com historiadores, essa etapa começa a fazer parte da “teoria do domínio”, na qual se coloca a figura de Deus em todas as ações para dominação pessoal, profissional e política, com uso principal do Antigo Testamento, ou seja, trata-se de um projeto de poder e não de obra do acaso ou de inspiração divina.

Passado o período do governo da ditadura militar (de 1964 a 1985) e com a abertura democrática, os partidos de esquerda voltaram a se reorganizar e criaram-se novos partidos, dentre os quais o Partido dos Trabalhadores (PT), de raízes socialistas. Assim, a partir de 1982, o PT surge, advindo de várias frentes: do movimento sindical, de setores progressistas da Igreja Católica sob a batuta da Teologia da Libertação e das CEBS (Comunidades Eclesiais de Base) e de militantes que atuaram contra a ditadura militar.

Entretanto, mesmo tendo sido eleito por 5 vezes para o cargo maior do país, a presidência, com a realização de programas sociais para melhorar a vida do povo e não ter transformado o Brasil num país comunista, o PT sofre ataques sistemáticos, tanto por adversários como por parte da imprensa, principalmente em período eleitoral. Ataques protagonizados por ativistas da extrema-direita que, com propaganda religiosa e anticomunista,  chegam às vias de fato em sua violência, com agressões físicas e assassinatos, são vistos nos últimos anos, quando o ódio aos contrários na política tomou conta do cenário nacional.

 A partir de 2018, com a ascensão da extrema-direita no poder máximo do país, surge, também, uma nova expressão no cenário nacional, como se fosse um xingamento: “seu/sua petista, seu/sua comunista”, dirigida aquelas pessoas contrárias ao ex-presidente inelegível, mesmo que essas pessoas nem sequer tenham filiação partidária.

Também, expressões como “demônio” ou “ satanás” direcionadas aos militantes de esquerda, seja de qual partido for, são recorrentes nas ruas e nas campanhas eleitorais. Essas expressões demonstram, de forma nítida, a mistura entre as pautas religiosas e políticas, principalmente em itens como diversidade racial e sexual, direitos reprodutivos, relações afetivas, dentre outras, as quais as religiões tem seus dogmas e regras.

Neste cenário, como se estivessem numa batalha épica contra o bem e o mal, muitos líderes religiosos inflamam seus fiéis na condução de ações autoritárias para com aqueles ou aquelas que não comungam da mesma religiosidade. Nessa visão, o bem é exaltado com práticas conservadoras e o mal é simplesmente o “comunismo”.  Infelizmente, isso se reflete nos pleitos eleitorais, não importando se o candidato ou candidata tem processos ou é condenado por crimes. Para esse tipo de influência religiosa, o que vale é se o/a candidato/a é anticomunista, antipetista, antifeminista...e o lado adversário seja relacionado ao “demônio”.  

A História, inclusive, a contemporânea, comprova que misturar religião com política promove o atraso no desenvolvimento cultural e social dos povos, aumenta a violência contra a mulher, negros e as minorias, em geral, segrega as pessoas e causa muito mal à humanidade.

Afinal, religião se trata da fé dos indivíduos que escolhem seguir seus dogmas enquanto que na política, as pessoas eleitas devem servir a toda população, independendo da posição ideológica, da fé ou crença ou mesmo descrença.

 

 

quinta-feira, 3 de outubro de 2024

Dois anos com registro profissional de Jornalista

Depois de aposentada como professora doutora da UEM e com pós-doutorado, resolvi cursar Jornalismo. Há décadas, eu realizava trabalhos de assessoria pra ong Maria do Ingá e escrevia artigos de opinião, mas pensei que seria ótimo fazer uma graduação em jornalismo e, ao mesmo tempo, continuar a trajetória que havia começado na adolescência com o diploma de Redatora Auxiliar do Colégio Gastão Vidigal. Enfim, cursei jornalismo, fiz o estágio em assessoria de imprensa e colei grau. 

E em 30/09, fez dois anos que obtive meu cartão de registro profissional de jornalismo, apta para exercer a profissão, registrada como Jornalista. Continuo me especializando em assessoria de imprensa e artigos de opinião.


Tem muitas pessoas que apoiaram essa trajetória: marido Luis Antônio, filhas Mariana e Ana Carla, família, amigas e amigos, as professoras e jornalistas Valdete da Graça e Alexandra Fante, o professor Matheus Piai, o jornalista Verdelirio Barbosa (in memorian) e uma turma grande de jornalistas.

 Quanto a vida de escritora, tem mais livro vindo por aí.


 Aqui na campanha Humberto Henrique 13 e Vera Nogueira 13123. Setembro de 2024.

 

 

terça-feira, 17 de setembro de 2024

As cores da democracia

Na adolescência, no final dos anos 1970, o professor de Educação Moral e Cívica (sim, existia uma disciplina com esse nome no ensino médio) pediu pra lermos a Constituição. Lá encontrei que existia eleição para governador de Estado e perguntei ao professor por que não havia eleição no país se estava escrito na Constituição. Ele ficou vermelho e desconversou dizendo que os governadores eram indicados. Tentei argumentar, mas devido a reação dele, desisti.

Anos depois, fui compreender que se ele tivesse me respondido, poderia ter sido preso, torturado e sabe-se lá mais o que poderia acontecer com o professor pois vivíamos num governo de ditadura militar.

Juntava-se a isso a famosa Lei Falcão, criada em 1976,  durante a Ditadura Militar no governo de Ernesto Geisel, que proibia os candidatos de fazer qualquer tipo de pronunciamento no horário eleitoral do rádio e da TV. Era permitido apenas a divulgação do nome, o número e um breve currículo de cada candidato, além de sua fotografia na TV.

De acordo com a Agência Senado, “a Lei Falcão foi suspensa em 1985, em meio à regulamentação das primeiras eleições municipais no país após a redemocratização. Apenas em 1997, com a aprovação da Lei Eleitoral que está em vigor até hoje, a Lei Falcão foi definitivamente varrida do ordenamento jurídico brasileiro.” (Fonte: Agência Senado, 2016). https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/ha-40-anos-lei-falcao-reduzia-campanha-eleitoral-na-tv-a-lista-de-chamada

De lá pra cá muita coisa mudou e os programas eleitorais se transformaram em grandes produções, quase mini comerciais ou mini filmes, com cores, músicas, jornalistas âncoras e pessoas apoiadoras das candidaturas.

Um dos pontos que chama atenção é que a democracia, duramente reconquistada, não contempla todos os setores da sociedade, como era de se esperar. Mulheres, negros, juventude, lgbtqia+, PCDs (pessoas com deficiência), classe trabalhadora, dentre outros, não tem representatividade na política de acordo com o tamanho de sua população e importância no cenário nacional. Portanto, pode-se afirmar que não se tem ainda a verdadeira democracia, quando a maioria dos que disputam são oriundos das classes empresarias (sejam fazendeiros ou de empresas), profissionais liberais, alguns do setor público e poucos ou nenhum vinculados à iniciativa privada, como empregados. Basta verificar a distribuição no Congresso Nacional e até nas Câmaras Municipais. https://www.camara.leg.br/noticias/913922-advogados-e-empresarios-sao-a-maioria-entre-profissionais-eleitos-para-a-camara-dos-deputados/

Entretanto, apesar das grandes dificuldades e inúmeros problemas que ainda persistem na política brasileira, não há nada mais bonito do que ver as bandeiras de diferentes agremiações políticas tremulando ao vento nas eleições, com a liberdade de estarem ali, mostrando sua cara e suas propostas, num colorido que remete a alegria de viver numa democracia. 


 Imagem extraída da Internet