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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Desafios nos 89 anos do voto feminino

A luta pelo voto feminino começou na luta pela Proclamação da República do Brasil, realizada em 1889. No entanto, a mudança de regime brasileiro de império para república não garantiu o direito ao voto para as mulheres, que foi obtido apenas em 1933, ou seja, quase 50 anos depois de proclamada a república.

 A alegação na época era de que o voto feminino era um “perigo da desagregação da família e da figura da mulher” e, assim, as mulheres foram excluídas em seu direito ao voto, na Constituição Brasileira de 1891, mesmo tendo atuado na luta pela república.

Destaca-se que em 1932 sob o governo Getúlio Vargas foi aprovado o voto feminino apenas para as funcionárias públicas e em 1934, para maiores de 21 anos, sem distinção de sexo. Depois teve outra época que proibiu o voto das funcionárias públicas.

A data marcada como do voto feminino no Brasil é 24 de fevereiro de 1932, quando se comemora esse direito conquistado a duras penas pelas sufragistas, mulheres que batalharam para garantir o direito de votar e serem votadas.

 

Somente em 1946, na nova Constituição, o direito do voto foi estendido a todas as mulheres com a consideração de que podem votar: “os brasileiros maiores de 18 anos que se alistarem na forma da lei”.

 

A história registra que outra data se revelou de extrema importância para o voto feminino, 1985, quando o voto dos analfabetos foi aceito, visto que na época, a maioria das mulheres era analfabeta.

 

Outras leis fortaleceram a presença da mulher brasileira na política como a Lei 9.100/1995, chamada de lei das cotas, que determinava que pelo menos 20% das vagas de cada partido ou coligação seja preenchida por mulheres. Depois veio a Lei 95404/1997 que determinou que nas eleições d e1998, o percentual mínimo de cada sexo fosse de 25 %, sendo transformado em 30% em leis posteriores.

 

A partir de 2009, novas modificações na lei foram realizadas para garantir a igualdade na condição da candidatura feminina no tocante à divulgação, participação e financiamento de campanha eleitoral e de representatividade nas direções partidárias. Destaca-se que alguns partidos políticos como o Partidos do Trabalhadores, deliberou por 50% de representação masculina e feminina em suas direções partidárias, reservando, também, percentuais para juventude, comunidade negra e LGBT.

 

Em 2010, finalmente, o país elegeu a primeira mulher presidente da república, sendo a sua 36. Presidente, Dilma Roussef, candidata do bloco político democrático-popular. Ela governou de 2011 a 2016, quando sofreu impeachment, chamado por muitos como um golpe de estado. Num país machista como o brasileiro, Dilma sofreu toda espécie de xingamentos e atitudes, desde falas, ataques, impropérios e imagens com relação ao fato de ser mulher.

 

Constata-se, pelos dados do Tribunal Superior Eleitoral, que as últimas eleições, lançaram-se mais candidatas na política, no entanto, o quadro de eleitas não se alterou de forma considerável, ou seja, no executivo ou legislativo, a presença das mulheres continua na casa dos 10%.

 

Tem-se 89 anos da primeira aprovação do voto feminino, entretanto, a história comprova uma lenta evolução na presença das mulheres na política brasileira.

 

De acordo com as últimas estatísticas, as mulheres são a maioria da população brasileira, a maioria no colégio eleitoral, possuem mais anos de estudos e são chefes de família, em grande parte dos lares brasileiros. No entanto, toda essa força não encontra representatividade na política. Isso se dá, ainda pela falta de incentivo por partes dos partidos políticos que ignoram a lei e das famílias que não apoiam a inserção das mulheres na política, em muitos casos.

 

Não se pode ignorar nesse cenário da presença e atuação da mulher brasileira na política, o famigerado machismo que tolhe qualquer direito à igualdade, usando a imagem da mulher como figura de obediência e mantenedora da família tradicional.

 

Portanto, a luta pelo direito ao voto feminino ainda não terminou enquanto as mulheres não ocuparem a metade da representatividade que é de direito, em todas as instâncias desde os partidos políticos até as esferas municipal, estadual e federal.

 

Por fim, registra-se a presença e a altivez das mulheres sufragistas que nos séculos 19 e 20 dedicaram suas vidas para que, nós mulheres, pudéssemos escolher nossos representantes e termos o direito de, também, sermos escolhidas.

 

A elas, nossa reverência e agradecimento.

 


Foto: Arquivo do Tribunal Superior Eleitoral

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Falta de vacina, aumento da comida e dos combustíveis marcam o desprezo do governo Bolsonaro pelo povo

Vindo de governos anteriores, como Lula e Dilma, que valorizaram o direito do povo à alimentação, à moradia, à saúde, educação e lazer, respeitando o que apregoa a Constituição Federal Brasileira, nosso povo, agora, se vê diante de um enorme retrocesso e perda com relação aos direitos básicos.

Por quase duas décadas, o povo brasileiro usufruiu de programas como Samu, UPA, Minha Casa Minha Vida, Mais Universidades, entre tantos outros.

No entanto, por problemas de governos, por ataques da mídia, por fake news, por falhas na comunicação governo-povo, pelo golpe de 2016 com o “Supremo, com tudo” ou por outras infinitas avaliações realizadas por cientistas políticos, o que se tem de concreto é que o povo foi perdendo suas conquistas.

Projetos privatizantes e de retirada dos direitos dos trabalhadores foram implantados com a defesa fantasiosa de que iria trazer economia aos cofres públicos e aumentar o emprego, tais como: a famigerada reforma da previdência e a reforma trabalhista. Nenhuma das duas cumpriu as promessas para as quais foram implantadas, a não ser patrocinar, cada vez mais, o sucateamento do setor público e a perda dos direitos trabalhistas.

E o povo, sem esperança, se vê no meio de uma pandemia que se estende por um ano, com negacionismo por parte do presidente da república brasileira e seus seguidores, que acumula quase 250 mil vidas perdidas.

O desemprego e o aumento de preços assolavam o país no início de 2020 por incompetência do governo, o que a situação e as medidas não adotadas pelo governo fizeram foi, simplesmente, piorar a situação.

Os sinais de desencanto começam a surgir na boca do povo: Esse governo tá ferrando o povo. Enganou todo mundo dizendo que ia melhorar a vida do povo e só piorou. Tá nem ligando pra nós. (depoimento de um trabalhador jovem, 21/01/2020).

Frases como essa estão sendo ditas por pessoas que acreditaram na propaganda (ou falta dela) nas eleições de 2018 e que se sentem desanimadas diante de um governo que vira às costas para seu povo.

As pessoas sabem que o governo federal poderia ter reservado doses de vacinas desde julho de 2020 e que os institutos brasileiros poderiam produzir as vacinas em grande escala.

As pessoas sabem que um botijão de gás, custando entre 97 e 120 reais impacta em seu orçamento familiar que começa a economizar no tipo de alimento que consome.

O povo percebe, aos poucos, o buraco que se enfiou em 2018 ao confiar num capitão reformado que nada fez como deputado, em quase 30 anos de vida pública, a não ser fortalecer sua família e a milícia carioca na política.

A máxima de que a política tem influência até no pãozinho de todo dia, se tornou mais forte na medida em que as pessoas percebem que, por falta de vacina, a política influencia, também, quem vai morrer e quem vai viver em meio a uma pandemia.

Quem nunca tinha entendido, agora entendeu, que a vida e a morte, também podem depender de decisões políticas.

                                                Imagem extraída de Valor Economico
 

 

 


terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Junção de Collor e Bolsonaro: nada é por acaso na política

Ao ver a foto do presidente fake atual num jet ski rodeado de pessoas me ocorreu que é proibido os jets ski se aproximarem das pessoas na praia. Mas, outras imagens me vieram à mente. Uma delas é a turma que aplaude o presidente no cercadinho em Brasília, que o acompanhou no Guarujá e outros locais, sempre barulhenta, desrespeitosa e aos berros de “mito”. As imagens são sempre bem feitas e capturadas do alto, numa demonstração clara de que existe uma produção prévia por trás desse tipo de acontecimento.

A outra imagem que me veio à mente foi mais longínqua. É a imagem do presidente Collor e esposa Rosane vestidos com trajes militares passeando pela Floresta Amazônica, lá pelo início dos anos 1990. O país estava com inflação altíssima, as pessoas desesperadas com o congelamento de salários e o confisco das poupanças e o presidente passeando como se tudo fosse um mar de rosas, ou no caso, um campo de folhas verdes. Collor renunciou diante do processo de impeachment, mas teve seus direitos políticos cassados por 8 anos. No entanto, como o país é o Brasil, ele se candidatou novamente ao término dos 8 anos e foi eleito. Hoje é senador da República por Alagoas.

E de repente, eu leio em algum local que o Collor está dando conselhos e apoiando o presidente fake atual. Aí as imagens dos dois se unificaram. São dois fanfarrões, escolhidos pela direita brasileira para se contrapor a candidatos de posição democrático-popular. Ambos políticos fortalecidos pela mídia que os criaram e depois não conseguiram controla-los, que usaram discurso anticorrupção mesmo tendo suspeição de corrupção em suas trajetórias políticas anteriores.

O Collor era o “caçador de marajás”, tendo como alvo, funcionários do setor público, também aplicou o neoliberalismo no pouco tempo que permaneceu no poder, incentivando a privatização da Petrobras, dos setores de comunicação e outros considerados estratégicos do ponto de segurança nacional. Vale lembrar que Collor faz parte da elite alagoana no ramo meios de comunicação.

Então percebe-se que não há nada de novo na postura ideológica dos dois governos no tocante à economia. Uma outra lembrança que me vem é a grosseria do Collor na campanha eleitoral, usando expressões como “tenho o saco roxo” e fazendo gestos de demonstração de força. Não usava a imagem da “arminha” com as mãos, mas usava o punho cerrado esmurrando.

E a história vem se repetindo, aperfeiçoada com mais técnica pelo uso das redes digitais na disseminação de mentiras, na desinformação e na tentativa de manter a imagem de mito do presidente.

Enquanto as famílias seguem enlutadas perdendo seus entes para a Covid-19, os preços dos alimentos disparam, trabalhadores são desprotegidos, a pobreza aumenta e a vacinação caminha a passos lentos, tem-se um presidente que está brincando com seu povo. Primeiro, ele brincou com a cloroquina, amplamente desmentida pelo próprio laboratório que a fabrica sobre as faculdades terapêuticas propagada pelo presidente e seu ministro da saúde. Agora, ele está especulando sobre um spray que está sendo testado em Israel. Alguém imagina uma cena mais bizarra do que um chefe de Estado erguendo uma caixa de cloroquina para as pessoas e mostrando para uma ema (aff...).  Pois é, isso aconteceu no Brasil atual.

Já são quase 240 mil brasileiros que perderam a vida por Covid-19. Vidas que teriam sido salvas se tivéssemos um presidente sério, que tivesse se antecipado à vacina e incentivado seu povo ao uso dos cuidados básicos de uso de máscara, higiene das mãos e distanciamento social. Ao invés disso, ele prefere estimular uso de armas de fogo, liberando mais armas por pessoas.

Do fundo do meu coração, eu torço para que as semelhanças construídas, não pelo acaso, mas por uma estratégia de manutenção de poder da elite brasileira, continue igual até que ocorra, também, a renuncia ou o impeachment desse presidente fake, que mostrou seu lado genocida na pandemia do coronavírus.

Sei que não estou sozinha nessa torcida!

                                                                   Imagem:mastersport.com

 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Escorregando no leite condensado

A campanha de 2018 do atual presidente teve como um dos grandes temas acabar com a corrupção no Brasil, com ataque sistemático aos partidos de esquerda, principalmente ao Partidos dos Trabalhadores, vinculado à Operação Lava Jato, mesmo não sendo o partido que tem o maior número de políticos condenados. A vinculação se deu claro, pela possibilidade de retornar ao poder federal, tendo sido golpeado em 2016, com a junção de forças (com o Supremo, com tudo) que retiraram a presidente Dilma.

Ao assumir o governo federal, o discurso desde o primeiro instante foi acabar com a corrupção no Brasil.

Aí começaram a aparecer atos de corrupção antigos e novos: da família do presidente, filhos e esposa, líderes religiosos apoiadores e tantos outros. Teve ainda a história de desvio de dinheiro que seria para o combate à Covid, teve os 89 mil na conta da primeira dama, a compra de imóveis em dinheiro vivo e tantas laranjices mais.

E em 24 de janeiro, o Portal Metrópoles  trouxe dados impressionantes sobre as compras do governo federal tais como R$ 15 milhões em leite condensado, R$ 2,5 milhões em vinho e itens como chicletes, alfafa, entre outros.

As justificativas começaram a surgir por todos os lados, até dizendo que os soldados precisam de muito doce para aguentar as atividades... Enfim, Ministério Público  e Tribunal de Contas da União foram acionados.

O injustificável com relação as compras tomou conta do cenário nacional em meio a duas disputas políticas: as eleições na Câmara e no Senado e a disputa pela vacina contra a Covid.

No meio disso tudo, a sociedade brasileira ainda teve que lidar com os impropérios chulos e xingamentos protagonizados para a imprensa por aquele que deveria ser a maior autoridade do país, pela descoberta das compras superfaturadas e descoberta da rejeição de outras vacinas para o país por parte do governo.

Não nos esqueçamos da prevista greve dos caminhoneiros, do desmonte do Banco do Brasil, da compra por parte do presidente dos deputados do chamado centrão pra votar em seus candidatos e do aumento da pandemia.

Estar no meio de uma pandemia, com um vírus que se propaga rapidamente e já ceifou a vida de mais de 220 mil brasileiros e brasileiras, torna-se mais pesaroso ainda com um governo negacionista e supostamente corrupto que não se preocupa com a vida do povo.

Assim, vemos a propaganda da “nova política” não se tornar realidade e o governo federal começa a ficar afundado em compras superfaturadas, compra de deputados e outras atitudes que mostram que de nova, essa política atual nada tem. A política atual reproduz a atuação de um deputado que enriqueceu, colocou toda a família na política, tem ligações estreitas com milicianos cariocas, foi eleito presidente e está aí com a popularidade descendo a ladeira.

Mas, como essa política brasileira está calcada no “Com o Supremo, com tudo”, nos parece que tudo isso vai acabar em pizza ou quem sabe...escorregar em leite condensado.

Esperemos pra ver. Que venha a vacina, que as pessoas sejam salvas e que mais pessoas acordem pra ver quem e o que é esse atual governo.

 Imagem: Lei condensado. Fonte: Blog Tudogostoso

 

 

 

 

 

 

domingo, 17 de janeiro de 2021

Vacina: o nome da esperança

Mais de 209 mil mortos por Covid no Brasil e eis que surge uma esperança: a vacina. Mesmo com atraso de mais de um mes, afinal outros países começaram a vacinação em 14 de dezembro de 2020, a vacina chega nos trazendo esperança.

Palco de disputa política, a vacina antes utilizada como forma de erradicar inúmeras doenças tais como a poliomielite, sarampo e varíola, tornou-se o tema preferido de negacionistas da ciência e de fakenews (notícias falsas), a ponto de as pessoas começarem a ter dúvidas e a negar a comprovação científica de uma vacina.

Passada essa fase e com a aprovação da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o Brasil todo se emocionou e aplaudiu a vacinação da primeira pessoa a ser imunizada, a enfermeira Monica Calazans, mulher e negra.

Ao ver a imagem, certamente todas as pessoas se imaginaram com o braço em posição para receber a vacina que vai nos fazer a retomar nossas vidas como era antes de março de 2020 e que vai nos fazer não chorar mais por causa de tantas vidas perdidas.

Um novo desafio surge no horizonte brasileiro: a viabilização da vacina para todos e a conscientização da necessidade da vacina para que as pessoas não morram mais de tão famigerado vírus.

Mas, hoje, 17 de janeiro de 2021, nos importa comemorar e deixar extravasar o coração de esperança.

Viva a ciência! Viva os nossos institutos públicos de pesquisa (Butantan e FioCruz)!


                                     Foto: SUAMY BEYDOUN/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

Diário Ficando em casa: 200 mil mortos e a vacina

 

            Imagem gratuita do Freepik com adaptação de Luiz Fernando Cardoso do Café com Jornalista


O meu "Diário Ficando em Casa" que começou, de forma ingênua, com o propósito de contribuir com as pessoas para ajuda-las a conseguir ficar em casa, perdeu seu sentido com a retomada das atividades e o próprio conhecimento dos cuidados com o coronavírus.

No entanto, diante do que estamos vivendo no país e diante de, praticamente 200 mil vidas perdidas para a Covid19 e quase 8 milhões de contaminados, senti a necessidade de escrever mais uma parte do Diário Ficando em casa, mesmo que não estejamos mais ficando em casa.

No meu último artigo Diário Ficando em casa, em 08 de agosto de 2020, o Brasil contabilizava 100 mil mortes por Covid e as vacinas estavam em desenvolvimento. A pandemia pelo coronavírus ampliara a crise econômica e trouxe à cena, a crise política e sanitária, ou seja, no final das contas, aumentou a pobreza colocando o Brasil de volta ao mapa da fome, trazendo consequências graves para a população. Consequências essas que foram minoradas graças ao auxílio emergencial cujo valor foi aumentado pelos congressistas ante a insensível proposta de R$200,00 proposto pelo governo.

Enfim, surge a esperança com o desenvolvimento e testes das vacinas em diversos laboratórios pelo mundo. Países começam a vacinação a partir de 14 de dezembro de 2020 enquanto que no Brasil, em 05 de janeiro de 2021, contabilizamos 197.777 óbitos e 7.812.007 casos de contaminação por coronavírus. Cada vida perdida a partir da existência de uma vacina, é uma vida que poderia ter sido salva

Três pontos se destacam nesse período: a incompetência ou negligência planejada do governo brasileiro em planejar vacinação da população; a retomada das festas e viagens como se o vírus não mais estivesse entre nós e o aumento do número de pessoas que tem medo da vacina.

O governo brasileiro não tem plano efetivo de vacinação para a população a começar por elementos simples como a indicação da data da vacinação. A vacina tornou-se palco de disputa política e não de saúde pública. Inclusive, destaca-se a postura do presidente da república que ignora as recomendações da área de saúde e faz aglomeração de pessoas, não usa máscara facial para proteção e ironiza a gravidade da Covid19, ou seja, ele continua com a mesma atuação desde o início da pandemia.

A retomada das festas e das viagens amplamente divulgada tanto na imprensa como nas redes digitais particulares ou públicas assustou e tornou-se preocupação para a saúde com a expectativa do retorno e das complicações por falta de leito e atendimento. Durante a escrita desse artigo, li uma reportagem que em algumas cidades os profissionais da área de saúde começam a definir quem tem atendimento e quem não tem devido a falta de leitos.

Aliado a tudo isso, junta-se o fato de que muitas pessoas influenciadas por fakenews e pelo negacionismo da ciência, estão promovendo o medo da vacina. Esquecem ou fingem esquecer que as vacinas erradicaram doenças graves como poliomielite, sarampo ou meningite que levavam as pessoas à morte ou deixavam as pessoas com sequelas terríveis.

Mesmo diante de tudo isso, o uso do álcool em gel, a máscara e o distanciamento social tornam-se rotina em nossas vidas com a esperança redobrada de que a vacina chegue ao Brasil e paremos de perder vidas que poderiam ser salvas. Apesar de parecer simples, ainda encontramos pessoas que se recusam a utilizar máscaras para entrar em lojas, pessoas que se aglomeram, que não se importam com seus familiares idosos e pensam que são imunes a tudo isso.

Enfim, como o Diário sempre tem uma conotação intimista, emotiva e por que não dizer romântica, me atrevo a ter esperanças de que a vacina e a cura para esse vírus tão devastador que mudou tudo como conhecemos, possa nos fazer respeitar o planeta Terra e seus habitantes.

Que venha a vacina!!

 

 

 

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

50 anos: muitos brindes para a UEM

A UEM é sem dúvida um patrimônio de Maringá construída e mantida graças aos esforços de seus professores, funcionários e estudantes. Em sua trajetória, a Universidade teve colaboração de alguns governantes, no entanto, em sua maioria, infelizmente, os governos estaduais sempre buscaram minar a evolução das nossas universidades estaduais.

A UEM faz parte da minha história e como eu, muitos estudantes sonhavam em passar no vestibular. Sou da turma de 1979. Como eu, também, muitos atuaram no movimento estudantil, tornaram-se professores e funcionários, militantes sindicais e participaram de cada mobilização e de cada conquista.

Antes de ser estudante da UEM, eu já a conhecia pois visitava e ouvia os fatos narrados pela minha tia, professora Maria Apparecida Tait, que era secretária do antigo Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. Ficava encantada com a possibilidade de me tornar estudante ali. Fiz Processamento de Dados e Administração de Empresas. Ainda hoje ando por lá, aposentada, continuo como coralista no Coro Feminino da UEM.

Quando a minha turma de Processamento de Dados (PD) resolveu se reunir para comemorar os 35 anos do curso, confirmei o quanto eu era ligada a UEM. O curso de PD foi criado em 1976. Com a turma com ex-alunos vindos de vários estados do Brasil fizemos um tour pela universidade e assim fomos passando pelos espaços que ocupávamos quando estudantes. Fiquei emocionada, como maringaense, ex-estudante e professora, ao mostrar pra eles as novas construções, os novos jardins, a mudança de PD para Ciência da Computação e Informática e ao mesmo tempo relembrando nossa trajetória de estudantes.

A UEM, também, me possibilitou combinar a parte tecnológica com a parte humana, o que culminou num pós-doutorado em História das Mulheres, impulsionado por minha militância no movimento feminista e por discutir a presença da mulher na tecnologia.

Mas, a UEM não é somente emoção pessoal. Ela está inserida na comunidade e ao atuar no tripé ensino, pesquisa e extensão contribui tanto para a formação de novos profissionais como para o desenvolvimento da região em que está situada, na sede e nos campus regionais. Pude participar, um pouco, de perto dessa inserção ao representar a UEM no Arranjo Produtivo Local de Software, no Conselho da Mulher, ao representar o Centro de Tecnologia no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, com o Museu do Computador, como Secretária de Administração na Prefeitura de Maringá e na apresentação de nossas pesquisas em eventos nacionais e internacionais.

Não é à toa que a UEM é detentora de pontos em estatísticas, tais como possuir o maior número de pesquisadoras, estar entre as melhores estaduais e entre as melhores do Brasil. Isso é resultado de trabalho sério e consistente, de esforço continuado com envolvimento de toda a comunidade universitária. A pandemia mostrou, mais uma vez, o lado de integração da UEM com a comunidade, com a luta por atendimento adequado, aumento de leitos e de infraestrutura para atender pacientes de Covid no Hospital Universitário.

Mesmo com a tentativa de racionalizar, afinal nem tudo são flores no mundo do trabalho, sou tomada por uma emoção muito grande. Estive emocionada cantando no aniversário dos 40 anos da UEM. É uma pena que por causa da pandemia não possamos fazer uma grande festa pra comemorar o aniversário dessa cinquentona cuja vida se mistura com a vida da cidade.

E, hoje quando passo na frente da universidade, falo para os netos com um baita orgulho: essa é a Universidade Estadual de Maringá em que estudei e trabalhei a vida toda. Agora compreendo o orgulho dos meus avós e pais quando mostravam os pontos da cidade em que trabalharam ou conheceram no início da formação de Maringá.

A gente se mistura aos locais, como se nossos corpos e mentes permanecessem neles ao longo das nossas vidas. Assim, sorrio ao pensar na UEM e ao caminhar por suas passarelas.

 

 
Artigo publicado em 05/01/2021 no Café com Jornalista