Nos
anos 1920 e 1930, no auge da luta das mulheres pelo direito ao voto, a imprensa
atacava as feministas, de forma jocosa e feroz. Charges e textos exaltando o
feminino como valor e o perigo das mulheres votarem e terem o poder de decisão eram constantes. As mulheres conquistaram o
direito ao voto, em 1932 e depois em 1946, de forma ampla e não trocaram a
“lingerie pelo casacão masculino” como temiam alguns homens. Com a abertura democrática em 1985, novas leis surgiram tais como lei de incentivo à mulheres
na política, de proteção social, combate à violência, entre outros.
Entretanto,
a partir das eleições 2018, algo mudou no país de forma que, em muitas
situações, parece que se voltou no tempo, para os anos 1970 ou pior, 1920. As
mudanças, principalmente, com relação às mulheres, negros, indígenas e LGBTQIA+
mostraram uma face machista, misógina,
racista e homofóbica que se escondia pelos subterrâneos brasileiros. Junte-se a
isso, as barbaridades ditas pelo presidente da república, incentivando o ódio e
o armamento da população. No entanto, as
barbaridades não param por aí, pois extrapolam as falas e entram na seara
governamental, onde revelam o que realmente deseja o governo, restringindo os
direitos das pessoas a uma vida digna.
Não
se enganem, o armamento interessa aos grandes fabricantes de armas e aos
criminosos e, segundo dados da Segurança Público, os maiores alvos de assassinatos tem sido as
mulheres e os negros. Indo mais além, o ataque aos indígenas e quilombolas
chamando-os de preguiçosos e vagabundos, tem como alvo a invasão de suas
terras, como tem ocorrido pela busca de ouro e outras pedras preciosas, a
devastação da floresta para a pecuária e a monocultura. Ali, atacam as indígenas
de todas as idades, estuprando-as e matando-as.
Especificamente
no tocante às mulheres, a situação se dá tanto pelas falas do presidente como
ações de governo. As falas machistas e
misóginas do presidente da república ocorrem a todo instante. Mas, não é de
agora, quando deputado ele soltou os inconvenientes “comia gente” (com dinheiro
público), “tive quatro filhos, no quinto deu uma fraquejada e veio mulher”,
“não contrataria mulher porque ela engravida” e a absurdamente machista,
asquerosa e misógina “você não merece ser estuprada porque é muito feia” dita à
uma deputada federal petista. O que ele quis dizer com esses exemplos
encontrados fartamente em jornais, é que as mulheres não são importantes e as desqualifica pessoal e profissionalmente. Se ele trata a filha como uma fraquejada e as
aliadas tirando-as da primeira fila, mesmo que sejam de primeiro escalão,
imagine o que ele não faz com as adversárias políticas e as demais mulheres..
Não
se enganem mulheres, as falas do presidente acompanham as ações governamentais que penalizam o público feminino.
A
redução do orçamento federal do combate à violência contra a mulher, a não
realização de 63% do orçamento das políticas públicas para as mulheres, o
ataque ao aborto legal por estupro, o incentivo ao armamento e a tentativa de retirada de direitos das
grávidas são a expressão do machismo e do ódio às mulheres propagada pelo
governo.
Não
é à toa que os casos de assédio e importunação sexual aumentaram no ano de
2021. Não é por caso que aumentaram os casos de feminícidio. O incentivo vem
das autoridades que influenciam alguns homens que passam a pensar e agir como
eles, inclusive com a omissão ou apoio de certos religiosos e políticos que
usam o nome de Deus em vão, ignorando as atrocidades cometidas contra as
mulheres e demais alvos de ataques do governo.
Mulheres,
pensem e reflitam a respeito!
Despertai,
Mulheres! O que um governante fala, é transformado em ações e no caso atual,
retiram os direitos das mulheres conquistados ao longo do tempo.
Despertai,
mulheres! Não permitamos que nos tratem como acontecia em 1920. O mundo mudou,
nós evoluímos. Exigimos respeito e políticas públicas que nos deem qualidade
de vida. Certamente, um governo que
odeia e desrespeita as mulheres não nos interessa!
Foto: Última Conferência Nacional de Políticas Públicas para Mulheres, realizada em 2016.