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quarta-feira, 29 de junho de 2022

Pautas morais versus pautas econômicas na política

 Na política são estabelecidas as formas como os serviços são oferecidos para a população desde as ações cotidianas tais como as realizadas em escolas, unidades básicas de saúde ou trânsito até ações globais de desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda.

Dentro desse bojo, as pautas na disputa política se dividem  em dois grandes blocos: as chamadas pautas morais e as ditas, econômicas.

As pautas morais estão vinculadas as demandas do movimento social e suas especificidades com relação às mulheres, negros, LGBTs, indígenas, entre outros grupos  tradicionalmente excluídos das políticas públicas e do poder de decisão.

Por sua vez, as pautas econômicas influenciam a vida da população, composta, em sua maioria, por estes segmentos. Aí que elas se contrapõem. Alguns exemplos são reveladores dessa situação.

Quando um governo diz que o problema da AIDS é de quem fez sexo, ela está excluindo políticas de promoção da prevenção às doenças sexualmente transmissíveis, o que se refletirá na redução do orçamento para a área de saúde.

Quando um governo reduz o orçamento para o combate à violência contra a mulher, ele está reforçando a violência pela falta de mecanismos de combate e de apoio pelo fim da violência.

Quando um governo lança um manual do aborto com a inclusão de vigilância sobre pessoas que fazem aborto por estupro que está previsto na lei, ele está ignorando a hipocrisia social que está por trás dessa tragédia na qual mulheres pobres morrem ou ficam estéreis por abortos clandestinos ou caseiros e são maltratadas em hospitais. Ao mesmo tempo, as mulheres com posses financeiras realizam o aborto com segurança e sigilo. Daí, o governo não realiza orçamento para a prevenção, para a educação social, dentre tantas ações que tirariam as mulheres e meninas da situação de vulnerabilidade.

Quando um governo faz piadas racistas, ele incentiva a prática do racismo e mais do que isso, por trás da postura, vem a restrição para cotas nas universidades, entre tantas políticas de inclusão que promovem a participação de negros e negras.

Quando um governo chama indígenas de preguiçosos e vagabundos, além de ignorar a cultura dos verdadeiros donos da terra brasileira, o governo incentiva a exploração e invasão das reservas indígenas.

Quando um governo faz piadas homofóbicas, gera uma série de restrições desde o mercado de trabalho até de garantia da vida e da segurança do público LGBT.

Quando um governo incentiva o armamento da população, ele está incentivando a violência que mata exatamente o público que discute a necessidade de tratar as pautas morais como políticas públicas, ou seja, as mulheres, os negros, LGBTs, indígenas, que são historicamente excluídos no Brasil.

Enfim, quando o governo faz piadas, ignora ou usa as pautas morais contra seus defensores, ele está na verdade, usando a pauta econômica contra a maioria da população brasileira, ao direcionar o orçamento para outras áreas que sustentam e manutenção do capital internacional e a dependência econômica do país ou em corrupção, resultando no aumento da pobreza e da miséria.

Inclusive, as pautas morais, com reforço religioso, têm sido usadas pelo governo como uma fachada para encobrir tanto a falta de projeto de desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda para a população como a corrupção em todas as áreas governamentais. 



 

 

 

 

 

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