Por Tania Tait*
Com
base no fato de que as mulheres são 52% da população brasileira e que
ocupam menos de 10% de cargos na política, o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) tem se empenhado em campanhas de estímulo para que as mulheres
sejam candidatas.
De
acordo com os dados do TSE, nos últimos anos mais mulheres foram
candidatas, no entanto, o percentual de mulheres na política não se
modificou, e as mulheres continuam sendo apenas 10%.
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Imagem: site Metrópoles |
Diante
disso, vários partidos têm incentivado as mulheres a ser candidatas,
principalmente pela representatividade populacional, sem, entretanto,
preparar as candidaturas ou fortalecê-las com tratamento igual ao dado
aos candidatos homens em termos de orçamento, visibilidade e ocupação do
espaço nos meios de comunicação.
As
mulheres, além de serem a metade da população brasileira, são as mais
qualificadas em anos de estudo e as que mais chefiam as famílias
brasileira. Também são as mulheres, em sua maioria, que gerenciam os
lares, que acompanham as crianças na escola, os idosos e doentes na área
de saúde, que circulam no comércio e movimentam a economia local.
Portanto, as mulheres conhecem o cotidiano das atividades e sabem dos
problemas.
Contudo,
as mulheres não têm representatividade no momento de decidir como estes
serviços são fornecidos e não participam do processo de decisão que
influência suas vidas e das famílias.
Graças
ao movimento feminista e ao movimento de mulheres em geral, muitas
conquistas foram obtidas ao longo do tempo, como políticas públicas para
mulheres, no combate à violência contra a mulher, na geração de emprego
e renda, nos direitos reprodutivos, entre outros. O esforço se torna
imenso na medida em que as mulheres precisam convencer aqueles que detêm
o poder sobre as suas necessidades.
Cientes
disso, as mulheres têm se organizado na sociedade civil de diversas
formas, com o objetivo de estimular mulheres para que atuem na área
política, garantindo dessa forma, a representatividade que é devida.
Em
Maringá, especificamente, são conhecidos três movimentos: o movimento
"Mais Mulheres no Poder"; a campanha "Mulheres, passou da hora, vamos
ocupar a política!", do Fórum Maringaense de Mulheres; e campanhas de
organizações não governamentais que buscam formar as mulheres para a
luta política. Destaque para a ONG Maria do Ingá Direitos da Mulher, o
Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques, a Associação
Maringaense LGBT e a Associação Nenhuma a Menos.
O
"Mais Mulheres no Poder" trouxe uma ação inédita para Maringá ao reunir
pré-candidatas a vereadoras para que a Câmara Municipal de Maringá
tenha mulheres. Na atual legislatura, tivemos apenas a presença da
professora Vilma (PT) por dois meses como suplente. O movimento tem
apoio da OAB-Maringá, do Fórum Maringaense de Mulheres e de várias
entidades da sociedade civil.
Maringá, em seus 73 anos de história, teve apenas 13 vereadoras, nenhuma prefeita ou vice-prefeita.
Uma das atividades do "Mais Mulheres no Poder" tem sido a realização de debates on-line, com apresentação de pré-candidatas.
No último dia 16, foi realizado o debate sobre o tema "A importância da representatividade da mulher na política",
com três convidadas que se apresentam como pré-candidatas a prefeita e a
vice-prefeita para as Eleições 2020 em Maringá. As convidadas foram
Akemi Nishimori (PL), Coronel Audilene (PP) e Tania Tait (PT) com
mediação da advogada Alana Marquezini.
No
debate, foram tratados temas relativos a orçamento público, políticas
públicas para mulheres, geração de emprego e renda, desenvolvimento
regional e integração entre as áreas da Prefeitura.
Discutiu-se,
também, a necessidade de descontrução do machismo na sociedade, a
igualdade entre mulheres e homens colocada na nossa Constituição de 1988
e o olhar da mulher sobre os problemas sociais.
A
reivindicação do "Mais Mulheres no Poder", de que 50% dos cargos de
confiança no primeiro e segundo escalão da Prefeitura sejam ocupados por
mulheres foi tratada no debate, com relato de partidos que já possuem
essa experiência em suas direções, com 50% dos cargos ocupados por
mulheres.
Ao
fim do debate, as convidadas confirmaram o compromisso de atuar contra
candidaturas fictícias (chamadas também de candidaturas laranjas) e
trabalhar para o aumento do orçamento para as políticas públicas para as
mulheres. Esse foi o primeiro debate que reúne mulheres discutindo a
cidade e o papel do Executivo. Certamente, o debate entra para a
história de Maringá, mostrando que as mulheres têm experiência,
capacitação e qualificação para resolver os problemas da cidade.
* Coordenadora licenciada da ONG Maria do Ingá Direitos da Mulher, Tania Tait é escritora e professora aposentada da UEM,
com doutorado em Engenharia de Produção pela UFSC e pós-doutorado em
História pela UEM. Seu mais recente livro é "As Mulheres na Luta
Política" (2020).
Artigo publicado no blog Café com jornalista. Disponível em: http://www.cafecomjornalista.com/2020/07/artigo-tania-tait-importancia-mulher-politica.html