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domingo, 13 de abril de 2025

Economia feminista: a vida em primeiro lugar

A partir do movimento feminista, uma outra abordagem econômica começa a mobilizar estudos, pesquisas e os movimentos sociais na busca de uma nova perspectiva de sustentabilidade para a garantia da vida. Trata-se da economia feminista, uma nova configuração ao enxergar o processo produtivo e de trabalho tratando-os como condições para a valorização da vida, para além do processo tradicional que visa o lucro das empresas e o crescimento econômico a qualquer preço.

Dessa forma, para movimentos internacionais como a Marcha Mundial das Mulheres, a economia feminista é entendida como um campo de conhecimento no qual convergem teoria, ação e prática política, no qual as economistas criticam a exclusão das mulheres e seu trabalho não remunerado do estudo da teoria econômica.

Nesta nova abordagem, parte-se do princípio que o trabalho doméstico e de cuidados realizados pelas mulheres, gratuitamente, é ignorado como fonte de sustentação do trabalho remunerado, principalmente, realizado pelos homens. Ou seja, o sistema econômico para existir, precisa das atividades remuneradas bem como das atividades que lhes dão sustentação, na maioria das vezes, tornadas invisíveis e sem remuneração.

Dessa maneira, tem-se o trabalho visível e o invisível.  O trabalho visível marcado pela produção como o espaço público a política, o Estado e o financeiro enquanto que o invisível fica ligado à reprodução, com o trabalho com a casa, as pessoas, o doméstico e o envolvimento com a natureza.

Nesse sentido, o novo modelo incorpora a reprodução no processo produtivo dando um novo caráter aos estudos econômicos. Para pesquisadores como Cristina Carrasco e Enric Tello, a natureza, o espaço doméstico e de cuidados, as comunidades, o Estado e os mercados são elos que sustentam a vida.

Entretanto, ao se pensar em mercado, não se pode ignorar a acumulação capitalista que destrói a sustentabilidade da vida, na busca desenfreada do lucro.

Assim, o reconhecimento do trabalho de cuidar das pessoas bem como a redistribuição de tarefas domésticas, servem para equilibrar a distância entre a produção e a reprodução, colocando a vida e não o lucro como objetivo econômico. Instrumentos como a agroecologia e a economia solidária contribuem tanto para a sustentabilidade da vida na perspectiva de produção, no equilíbrio, na construção coletiva do saber, na diversidade e na autossuficiência.

Na prática, elementos como distribuição e compartilhamento dos trabalhos domésticos e de cuidados, a reflexão sobre os papéis atribuídos às mulheres, quase sempre. estendidos para as atividades econômicas da saúde e da beleza, a necessidade de autogestão e a solidariedade são fundamentais para a prática do modelo econômico feminista como mola propulsora de qualidade e valorização da vida, em todos os sentidos, vida das pessoas, dos animais, a natureza e tudo que dela faz parte.

Como em toda mudança de paradigma, a economia feminista engloba estudos acadêmicos e a prática do movimento social, unidos na busca de novas maneiras de viver e sobreviver em contraponto ao sistema capitalista que traz a morte e a destruição.

Experiências de sucesso, ao redor do planeta, comprovam a necessidade desse novo modelo com a inclusão do trabalho das mulheres no setor produtivo dando-lhes visibilidade e completando o ciclo econômico de forma inclusiva e sustentável.

 


 

 

 

 

 

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