Estamos desde o mês de
março corrente vivendo de uma forma que nunca tínhamos imaginado, ora com
isolamento total, ora com isolamento parcial, com escolas, universidade,
igrejas e campos de futebol, ente outros, fechados.
Máscaras, distanciamento
entre as pessoas e álcool em gel passaram a fazer parte do cotidiano. As
máscaras, agora, são marcas do nosso novo visual, como artefatos de moda ou de
mural para reivindicações. Não se pode sair de casa sem elas.
O uso das tecnologias de
informação e comunicação tornou-se fundamental para a realização de diversos
tipos de atividades, desde ensino remoto até solicitação de auxílio emergencial.
Dessa forma, palavras como App e live se tornaram corriqueiras nesse mundo
virtualizado.
Entretanto, ao mesmo
tempo que a população vai se ajeitando com a nova forma de vida, os casos de contaminação
e morte continuam aumentando.
Para piorar a situação, o
país é governado por um presidente negacionista que faz piadas, minimiza os
efeitos da doença, despreza os mortos e seus familiares e não aceita os protocolos
da área de saúde. Ou seja, todas as ações, posturas e leis levadas ao congresso
pelo governo vão no sentido contrário de proteger e dar segurança à população.
Um misto de ignorância e
descrença assola o país, a ponto das pessoas se reunirem em praias, praças ou
bares, sem o devido cuidado, como se estivéssemos em uma situação normal.
Nem os números
avassaladores inibem a população de sair às ruas à toa ou sensibilizam o
governo federal. Até o fechamento deste artigo, o Brasil contabilizava
1.508.991 diagnósticos confirmados e 62.304 mortes por Covid-19.
Vale lembrar que a situação não ficou pior
ainda, pois, os governos estaduais e municipais tomaram as rédeas do controle
da pandemia em seus municípios e os deputados e senadores votaram auxílio emergencial
para as pessoas em situação de vulnerabilidade. Inclusive, ressalte-se que
todas as medidas em benefício da população foram, inicialmente, boicotadas pelo
governo federal. Inclusive, o governo federal lançou a proposta de R$ 200,00 de
auxílio emergencial que foi modificada pelos congressistas, a partir de
mobilização dos deputados do bloco chamado de “esquerda”, passando o valor para
R$ 600,00.
E como ficamos nós, diante de tudo isso? Ao
mesmo tempo procurando seguir as normas da área de saúde, ouvindo a fala de
alguns governantes e seus disparates e vendo muitas pessoas não se cuidando e
nem cuidando dos outros.
Dois sentimentos estão latentes neste
momento: a raiva e a tristeza.
A raiva acontece por saber que tudo poderia
ser diferente, pois o governo foi avisado, no mês de março, de que chegaríamos
a 100 mil mortos em 6 meses e ao invés de tomar medidas para garantir a
segurança da população brasileira, o governo optou por negar a gravidade da situação.
A tristeza surge a cada notícia de tantas
vidas perdidas que poderiam ter sido salvas, se medidas efetivas tivessem sido tomadas
e cumpridas.
E assim, com o coração apertado, navegando
entre a raiva e a tristeza, surge a famosa esperança de que essa pandemia passe
logo, que a cura ou a vacina chegue a todo mundo.
Desejamos, que no final de tudo, mesmo
descrentes, que a humanidade tenha aprendido alguma coisa.
Tania Tait, professora aposentada da UEM, autora do livro “As
mulheres na luta política”
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