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segunda-feira, 11 de maio de 2020

12 de maio – meu pai faria 87 anos


Meu pai, Angelo Tait, foi fazer companhia para meus avós e meus tios faz 15 anos.  Ele continua presente em nossas vidas, em todo instante, nas músicas sertanejas que gostava, na costela que preparava como ninguém, nos seus inúmeros e valiosos conselhos e comentários. Comentários como “nunca desista dos filhos, são nossos tesouros” ou “mulher autônoma não aguenta homem ruim” eram recorrentes.
Sabia ser bravo, mas sabia ser muito carinhoso. O orgulho que possuía dos filhos era visível, afinal os três realizaram o sonho dos pais de ter seus filhos formados.  
O “Angelim” da minha vó Marianna era daqueles que atravessava a cidade a pé pra levar pra sua mãe um maço de almeirão que plantara em sua hortinha. Ele era feliz.
Quando éramos crianças, sabíamos quando ele estava chegando pelo barulho do caminhão e nunca errávamos.
Lembro de dois episódios que mostravam a situação da época, seu espírito empreendedor e inteligência para criar coisas com as ferramentas que dispunha.
Quando o meu avô materno vendeu o sítio, meu pai pediu algumas ferramentas, entre eles o moedor de cana que trouxe pra casa. Tomamos muita garapa feita por ele. Ah! Hoje em dia, o nome é caldo de cana...coisas da modernidade.
Meu pai nunca gostou de ser empregado e ficar preso nas amarras das empresas. Ele dizia que trabalhava como “um camelo”, mas prezava sua liberdade. Gostava dos caminhões e das viagens. Uma vez ele quis comprar um caminhão Scania (desses enormes que antigamente chamava jamanta). Nossa família tirou essa compra da cabeça dele pois eram prestações enormes.
Quando chegava de viagem ele inventava uma armadilha pra ladrão de caminhão. Tirava a bateria do caminhão e fazia um cambalacho do motor com fiação pra dentro de casa, que se alguém mexesse no caminhão, caía a tralha dentro de casa e ele acordaria. Não me lembro se isso aconteceu alguma vez de ladrão mexer no caminhão, mas me lembro da engenhoca.
Teve período de criação de frangos e de coelhos em casa para subsistência. A criação de coelhos o deixou meio frustrado porque nós brincávamos com os coelhos e ficamos com dó de comer os bichinhos.
A primeira vez que morreu a mãe de um amigo meu, eu cheguei em casa chocada e ele me disse: “é assim mesmo, as gerações vão acabando, daqui a pouco chega a nossa vez”.
Aos 52 anos teve seu primeiro infarto. O outro foi aos 72 anos quando ele foi embora para ficar juntos dos meus avós.
No primeiro infarto, a preocupação maior dele era com a minha irmã caçula, temporona e xodozinho que nasceu quando ele tinha 45 anos de idade.
No segundo infarto, a alegria dele era saber que os filhos e netos estavam bem.
Não conheceu a última neta que nasceu muito tempo depois e nem seus bisnetos que levam seu sobrenome como uma homenagem que as netas fizeram ao “vô Careca”.
Sinto uma saudade imensa combinada com uma alegria na mesma proporção por ter tido um pai amigo, parceiro e companheiro.
Ás vezes, me pego conversando com ele e comentando algum episódio, como esse agora dos tempos em que vivemos. Sei que ele ia sorrir e falar: “as vezes os governantes fazem guerras pra deixar morrer muita gente pra eles economizarem e continuar no poder”.
Feliz aniversário de 87 anos, pai. Comemora muito aí no canto dos anjos.





sábado, 9 de maio de 2020

Maringá tem nome de mulher - uma homenagem aos 73 anos da cidade

Apesar de conhecer a formação da cidade de Maringá e sua história de exclusão, a começar pela formação de bairros separados para os pobres e trabalhadores, a não valorização das mulheres que aqui chegaram, a invisibilidade da comunidade negra e silêncio diante da expulsão dos indígenas que habitavam a região, a destruição da mata para erguer a cidade, entre tantos outros problemas, me orgulho de ser maringaense e ver como esta cidade cresceu e se projetou no cenário nacional.
Muito desse crescimento se deve a pioneiros e pioneiras, na maioria das vezes anônimos, mas que contribuíram para formar a cidade e construíram suas famílias aqui.
A cidade de Maringá que tem nome de mulher, constituiu ao longo das décadas uma sólida rede de atendimento às mulheres em situação de violência.  Cada grupo de mulheres, cada estadual ou municipal deixou sua semente na consolidação da rede de atendimento.
Pelo lado da sociedade civil, não podemos ignorar a existência de grupos de mulheres que lutaram e lutam pela presença da mulher na política, pelo fim da violência contra a mulher, pela inclusão e pelos direitos das mulheres.
Relembro aqui, para deixar registrado a importância desses grupos: o grupo Vez e Voz da Mulher, a União de Mulheres Maringaenses e  a União Brasileira de Mulheres, os quais atuaram nos anos 1990 e início dos anos 2000; o Instituto de Mulheres Negras Enedina Alves Marques, a Associação Maria do Ingá Direitos da Mulher, o Coletivo Maria Lacerda, setores de mulheres em entidades de classe, partidos políticos e sindicatos que começaram sua atuação no início dos anos 2000. Atualmente, tem-se o Forum Maringaense de Mulheres, a Associação LGBT,  a Ong Resistrans, o Grupo Nenhuma a Menos e o grupo Flor de Lotus que se formaram em meados dos anos 2010 e em 2020.
Muitos desses grupos compõem o Conselho Municipal da Mulher de Maringá (CMMM), criado em 1996 e reestruturado em 2001. Em 2019, o CMMM recebeu homenagem na Câmara Municipal de Maringá por sua atuação ininterrupta desde 2001.
Pelo lado do setor público, tem-se a instalação da Delegacia da Mulher, que é um órgão ligado a Polícia Civil do Paraná, presente na cidade desde os anos 1990. Em 1992, surge o primeiro projeto de Casa Abrigo, no entanto, a casa foi implantada muito tempo depois.
A partir de 2001, inicia-se, em Maringá, a rede de atendimento municipal.
A primeira estrutura municipal voltada ao atendimento para as mulheres em situação de violência foi a Assessoria da Mulher instalada no governo do saudoso Prefeito José Cláudio (PT). Com uma equipe de duas pessoas, coordenada pela assessora, a professora Zica Franco, o órgão rapidamente reestruturou o CMMM que estava inoperante, criou vínculos com a Delegacia da Mulher, com os grupos de mulheres da cidade e colocou na pauta da cidade, de forma institucional, a luta pelo fim da violência contra a mulher.
Em 2005 (governo Silvio Barros), a Assessoria da Mulher foi transformada em Secretaria da Mulher, tendo como a primeira secretária da mulher, Terezinha Beraldo.
Dado a plataforma de governo do Presidente Lula de inclusão das mulheres, com a criação da Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres, em 2003, a Secretaria da Mulher de Maringá fortaleceu-se com a implantação do CRAMM – Centro de Referência de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência, a criação da Casa Abrigo e o aumento de recursos humanos e infra-estrutura física da secretaria. Inicia-se também projeto de cursos como forma de gerar emprego e renda para mulheres.
Em 2006, é promulgada a Lei Maria da Penha que contribui com a luta pelo fim da violência contra a mulher e exige novos organismos de atuação e preparação de profissionais da polícia, saúde e judiciário para o atendimento as exigências da Lei.
Maringá, firme em sua defesa dos direitos das mulheres e pelo fim da violência, recebe, também, a Vara de violência doméstica, como forma de fortalecer, ainda mais, a atuação em defesa da vida das mulheres.
Em 2018 (Gestão Ulisses Maia e Secretária da Mulher Aracy Adorno Reis), a Guarda Municipal, também foi incorporada na luta pelo fim da violência contra a mulher, com a criação da Patrulha Maria da Penha que atende as mulheres em situação de violência.
 Em 2019 (Gestão Ulisses Maia e Secretária Claudia Palomares), a Secretaria da Mulher passa a se chamar Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres.
É gratificante saber que uma cidade que tem nome de mulher, como Maringá, em homenagem a uma música, possui e mantém uma estrutura física e de recursos humanos para políticas públicas para mulheres.
Problemas existem, é claro e são muitos, a começar pela ausência da mulher maringaense que atua em tantas frentes na cidade, mas que não obtém a mesma expressão na política, com uma câmara de vereadores sem representação feminina e com um executivo que nunca teve uma prefeita ou uma vice-prefeita.
Mas, de qualquer maneira, nesses 73 anos, Maringá tem muito a comemorar!
Parabéns para as mulheres maringaenses, anônimas ou não, cada servidora estadual e municipal, secretárias da mulher, conselheiras da mulher, entidades da mulher, mulheres cargos de confiança, entre outras, que contribuíram e contribuem para que Maringá seja referência na luta pelos direitos das mulheres.
Parabéns Maringá, uma cidade que combina a experiência e a força de uma idosa com os arroubos e sonhos da juventude.

Tania Tait, professora da UEM (aposentada), escritora,  Coordenadora da Ong Maria do Ingá Direitos da Mulher, Secretária de Administração na Gestão 2001-2004, Presidente do Conselho da Mulher por duas gestões (200-2006 e 2017-2019). Autora do livro: As mulheres na luta política.

quinta-feira, 7 de maio de 2020

|Mulher e Política: o que é?

A ong Maria do Ingá Direitos da Mulher, na qual sou coordenadora, lança a partir de 10 de maio, aniversário de Maringá, a campanha Mulher e Política. Irei participar com o tema História das Mulheres. É uma alegria poder contribuir para a sociedade com os estudos realizados nos meu pós-doutorado.
Segue abaixo o texto da Ong, extraído do site: www.mariadoingamulher.blogspot.com

"A ong Maria do Ingá, durante a quarentena pela pandemia do coronavírus, mantém suas atividades nas redes sociais digitais. Essa é a maneira que encontramos para continuar nosso trabalho de formação e informação na área de direitos da mulher.
Na primeira fase, durante o fechamento total da cidade de Maringá, de 20 de março e 20 de abril,  o foco do nosso trabalho foi informar sobre a Lei Maria da Penha, os tipos de violência (física, sexual, emocional, patrimonial e moral) bem como a importância de buscar ajuda e os locais de atendimento. Para tanto, foram organizados textos, vídeos e artes para fortalecer o tema. Chegamos a ter mais de duas mil visualizações e esperamos que tenhamos contribuído para que as mulheres chegassem mais perto de se livrar de tantas violências.
Continuaremos nosso trabalho nas redes sociais e o tema escolhido para essa segunda campanha é “Mulher e Política”. Entendemos política como algo mais amplo do que apenas política partidária, na medida que a política está inserida e influencia em todas as etapas de nossas vidas.
Os temas que trataremos são: história das mulheres no Brasil, feminismo, presença da mulher na política, legislação brasileira e as mulheres.
Vamos começar a falar sobre Mulher e Política nas redes sociais da Ong Maria do Ingá, no dia 10 de maio, aniversário de Maringá.
Visite nossas redes sociais e participe conosco!"

Facebook: ong Maria do Ingá Direitos da Mulher
Instagram: @mariadoingamulher
Blog: mariadoingamulher.blogspot.com.br