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quinta-feira, 10 de novembro de 2022

A democracia é linda e ao mesmo tempo dolorida

 

A democracia é linda e ao mesmo tempo dolorida

Por: Tania Tait - Colunista TPD

Na história recente do Brasil, de 1964 a 1985, o país viveu sob um governo de ditadura militar sem a possibilidade de escolher seus representantes e sem liberdade de expressão ou de opinião. A censura cerceou a vida das pessoas em todas as áreas, convivendo com o perigo do denuncismo, com as prisões políticas, as torturas e mortes nos porões da polícia política.


Com a abertura democrática, o sonho de escolher presidentes começou a retornar, de forma lenta. Ao invés de diretas já, um movimento amplamente divulgado pelo país, houve na época uma eleição colegiada. Somente em 1989, o povo pode retornar, efetivamente às urnas. De forma lenta, também, brasileiros e brasileiras se sentiram com força para dar sua opinião, se reorganizarem em sindicatos, associações de moradores, movimento estudantil, dentre outras formas de organização popular, proibidas durante a ditadura militar.


Os anos 1980 e 1990 foram efervescentes na vida do país. Partidos políticos voltaram a legalidade como o caso do Partido Comunista e novos partidos políticos se formaram como o Partido dos Trabalhadores. Essa efervescência colocou projetos de poder em disputa nas eleições seguintes. Alguns perdendo, outros ganhando, mas sempre com a liberdade de expor suas opiniões e propostas.


Conservadores, trabalhadores, social democratas, comunistas...várias siglas e denominações surgiram mostrando a diversidade de pensamento e de projeto para o país. Eleitores e eleitoras sempre com ouvidos e olhares atentos, afinal são os que sofrem os reflexos de suas próprias escolhas.


Após a abertura, o Brasil conheceu o projeto caça aos marajás que se perdeu por corrupção por parte de seu idealizador Collor de Melo; experimentou as privatizações e o plano real da social democracia de Fernando Henrique Cardoso; reconheceu as políticas públicas e sociais do Lula alcançando o 6. Lugar na economia mundial e com a retirada do país do Mapa da Fome; experimentou a força das mulheres na Casa da Mulher Brasileira, Minha Casa Minha Vida e Brasil Cegonha com Dilma golpeada num impeachment forjado; sofreu com as reformas contra a classe trabalhadora de Temer e ouviu a retórica patriota por família e Deus de Bolsonaro, que não conseguiu se reeleger graças à corrupção que jurou combater, à sua insensibilidade no trato com a pandemia pelo coronavírus e sua ineficiência na economia com o retorno do Brasil ao Mapa da Fome.


Infelizmente, a corrupção é um tema recorrente nas campanhas eleitorais e nos governos e ao contrário dos que ainda defendem o governo militar, naquela época, também houve corrupção, apenas não era investigada ou revelada. Pelo menos, com a abertura democrática, a corrupção é descoberta e criminalizada.


Enfim, o Brasil tem na democracia, seu sistema eleitoral, mesmo criticado ou rejeitado, ele é reconhecido tanto interna como pelo mundo afora.


No período eleitoral, é a época em que as propostas e o que se pensa para o país são colocadas para que o público tenha parâmetros para a escolha de seus candidatos e candidatas. Sabe-se, entretanto, que outros fatores podem influenciar as eleições tais como o ódio ao diferente, o preconceito, o medo de determinadas formas de governo e tantos fantasmas que assolam o país. Alguns desses fantasmas reapareceram com temas usados nos anos 1960 como o anti-comunismo tão difundido pelos EUA em sua guerra com a Rússia. Novidades com o uso da Internet e a disseminação de mentiras (as famosas fake news) tomaram conta do cenário eleitoral nos últimos anos, principalmente de 2018 para cá.

Tudo isso não tira, de forma alguma, a alegria de poder escolher quem serão os governantes eleitos para resolver os problemas que afetam toda a população. No caso específico das mulheres, a alegria é ancestral e uma resposta àquelas que morreram para as mulheres tivessem o direito de votar numa sociedade que as considerava ineptas para escolher, no início do século XX.


Enfim, passada a eleição, resta a esperança, de que eleitos e eleitas façam um governo sério, responsável e que melhore a vida do povo brasileiro. Quem não se elege, por mais dolorido que seja, deve ter a responsabilidade de aceitar o resultado, avaliar o que errou e se quiser, tem outra chance no futuro. Quem se elege, deve se lembrar que está no poder para servir o povo e atender suas necessidades básicas de moradia, educação, habitação, alimentação e saúde, de defender o meio ambiente e acabar com a miséria e a fome. Como seu funcionário principal, o eleito está para governar em nome do povo. A nós, eleitores e eleitoras, cabe fiscalizar e torcer muito para que as propostas apresentadas pelo eleito se convertam em ações para que as pessoas tenham uma vida digna, com esperança e no futuro.


Afinal, democracia é isso, um governo onde o povo governa, “do povo, pelo povo e para o povo”.

Artigo publicado em:

https://www.tapordentro.com.br/post/a-democracia-%C3%A9-linda-e-ao-mesmo-tempo-dolorida?fbclid=IwAR23aXFePnY7j8MfLxl5MaQLGuKZgR2InSyABPnKm2kU7LS87Z06YY1vC_U

 



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