Fico sempre
preocupada. Ontem vi uma senhora comentando que “sarou” da tristeza quando
resolveu mudar para uma cidade praiana e faz caminhadas a beira-mar todo dia,
outra disse que toma sempre remédios e assim se sente melhor. Deduzo na minha
simplicidade e ignorância na área que não deve ter uma fórmula para lidar com
essa tristeza infinita que chamam de depressão. Cada caso deve ser um caso. Por
acaso, após ler algumas dessas postagens, lembrei de mim.
Sempre tão alegre
e pró-ativa, tive um grande momento de tristeza proporcionado por vários
acontecimentos tristes, dessas coisas da vida que todos e todas nós passamos. Esses
acontecimentos foram todos muito próximos, a ponto de eu ficar esperando, traumatizada,
a cada seis meses o que iria aparecer de ruim. Tinha perdido a vontade de passar
baton e de dançar e acordava sempre cansada. Pensava muito nas minhas filhas.
Aí resolvi ir ao médico. Ele me disse que o luto de perdas era natural e tinha
seu tempo. Se demorasse demais, eu deveria voltar a procurar ajuda psicológica.
Enfim, passou e como diz uma amiga oriental para cada três coisas ruins vem
três coisas boas, então vamos lá ser otimistas.
Mas, me lembro
muito bem da sensação de tristeza profunda e os pensamentos assustadores que
caminhavam junto com ela, naquele período.
Era como se
tivesse uma viga de cimento enorme e pesada sobre o meu peito que prendia minha
respiração e eu não consegui levanta-la. Tentei várias vezes erguer a viga, mas
os braços não eram fortes o suficiente para o peso dela. Até que uma noite eu pensei:
“se não tenho força pra ergue-la, vou desmancha-la aos pedaços até que ela se
acabe e eu possa respirar sem dor”.
Assim foi feito, a
cada dia eu desmanchava uma parte da viga de cimento sobre o meu peito até que
a viga ficou pequena e meus braços conseguiram tira-la totalmente. Sem saber, a
família, amigas e amigos auxiliaram no desmanche da viga. Pude, enfim, respirar
sem dor. Não foi fácil. Nunca é. A vida, sempre encantadora, as vezes nos dá
lições aterradoras e traz acontecimentos que nos derrubam. Ao mesmo tempo esses
acontecimentos podem nos fortalecer e contribuir para nos tornar seres humanos
melhores.
Sei que muitas
pessoas ao sentirem o que chamo de “tristeza infinita” podem não ter fatores
desencadeadores como no meu caso pois são diversas situações e muita complexidade.
O que trago comigo
é que independente se a tristeza vem da alma como dizem ou se vem pelos acontecimentos
da vida, buscar ajuda e apoio sempre é o melhor caminho.
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