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quarta-feira, 20 de março de 2019

Patriotismo versus Submissão: contradições do “novo” Brasil


Nos anos 1970, no ritmo sinistro do governo da ditadura militar pairava no ar, a tutela dos EUA sobre o Brasil marcada desde grandes ações como a venda de nossos produtos in natura por preços irrisórios ou controle das ações e torturas em militantes contra o governo militar até ações do cotidiano como a influência musical, religiosa e o uso de vestimentas no estilo estadunidense. Nunca foi segredo que a polícia política brasileira aprendeu e recebeu treinamento de militares estadounidenses para o combate aos que se insurgiam contra o governo militar no período de 1964 a 1985.
Por outro lado, havia um nacionalismo traduzido ao som do poema de Gonçalves Dias “Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá...”, em músicas e propaganda governamental como “Eu te amo meu Brasil, eu te amo” ou “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Proibia-se o uso da bandeira brasileira e de suas estampas em camisetas mas se permitia o uso de estampas da bandeira dos EUA.
Dessa forma, ao mesmo tempo em que se exaltava o sentimento de patriotismo, havia uma submissão escancarada ao poderio norte americano. O Brasil seguia, assim, sua tradição de colônia de Portugal, de submissão à Inglaterra e posteriormente aos EUA.
Notório, portanto, em nossa história, traços desse colonialismo, num país que teve sua primeira universidade criada apenas em 1808, a Escola de Cirurgia da Bahia, considerada a primeira instituição de ensino superior. Depois vieram as faculdades de Direito de São Paulo e de Olinda, em 1827. Apenas no início do século XX, foram criadas, oficialmente as universidades brasileiras.
Em diversos governos na República, o nacionalismo ressurge em consonância com a submissão aos interesses do mercado internacional. No Governo Fernando Henrique Cardoso, em que pese a criação do Plano Real e o controle inflacionário no país, continuou-se com a mesma política de atendimento aos interesses do Fundo Monetário Internacional (FMI) em detrimento das condições de vida do povo brasileiro.
A própria América Latina se ressentia da falta de liderança por enxergar no Brasil uma voz forte do continente diante do mundo pela sua grandeza e por suas riquezas. No entanto, o país gigante do continente latino americano se subjugava, de forma estonteante, aos interesses internacionais dos países do primeiro mundo.
Com o governo Lula, a história se modificou, o Brasil se tornou porta voz dos países em desenvolvimento e passou a figurar como liderança no cenário internacional. Um governo que promulgava a aliança com outros países, se mostrou mais nacionalista no sentido de soberania do seu país dos que os governos anteriores que se diziam nacionalistas mas não exerciam a soberania.
A construção da soberania colocou o país em igualdade de negociação com outros países e, por um período ocorreu uma interrupção na submissão aos interesses do famigerado FMI, quando houve crescimento em termos de soberania e economia, segundo dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
Assim, a América Latina, finalmente, conseguiu que seu maior país se colocasse de pé e em negociação com igualdade com os países mais poderosos do mundo. Por sua vez, a criação dos BRICs (Brasil, Russia, India e China) colocou uma nova ordem na economia mundial.
Após o governo Dilma que manteve o Brasil como expoente e soberano, o país se vê as voltas, como num “Deja Vu”, no qual se coloca, novamente, os EUA como protagonista e mandatário nos interesses nacionais.
O lema da campanha do presidente eleito, que bateu continência para a bandeira norte americana, contraditoriamente, dizia “Brasil acima de tudo” numa demonstração de nacionalismo exacerbado com uso das cores da bandeira brasileira, em camisetas, adesivos e na campanha eleitoral, de modo geral.
No entanto, as medidas unilateriais por parte do governo que beneficiam os EUA, sem contrapartida ao Brasil, traz à tona a dicotomia vivida no período da ditadura militar, em que o nacionalismo e o amor ao Brasil se tornou uma falácia diante do poderio estadounidense e sua influência em todos os setores da economia e da sociedade brasileira de modo geral.
A apropriação da Base Militar de Alcantara por parte dos EUA, a entrega do pré-sal e a retirada do visto para visitantes norte americanos, os comunicados do governo, entre outras ações confirmam a submissão brasileira aos interesses dos EUA e a entrega do país, de forma assombrosa.
Portanto, a submissão aos interesses dos EUA torna-se intrigante, na medida em que ela parte da política, mas chega ao cotidiano e as casas de muitos brasileiros e muitas brasileiras, que por mais que saibam cantar o Hino Nacional, por mais que valorizem as cores do Brasil e se autodenominam “nacionalistas e patriotas”, se encantam com o “american way of life “.
O modo de vida norte americano, com sua religiosidade, suas músicas e costumes entraram na vida brasileira e, até hoje, influenciam a existência dos brasileiros. Até a perversidade de ataques em escolas, igrejas e outros locais públicos, outrora outorgado aos sobreviventes atormentados da Guerra do Vietnã, passa a fazer parte da vida brasileira. Também, não é a toa, que inúmeros brasileiros, tentam a vida no país da Disney e de Hollywood, pois a sociedade brasileira é impregnada desses valores consumistas e de deslumbramento.
Mistura-se, dessa forma, no cenário brasileiro, as contradições de soberania, nacionalismo e submissão. A conta dessa contradição toda, sempre é paga, no final das contas, pelo povo brasileiro.

sexta-feira, 8 de março de 2019

Maringá realiza a III Pedalada pelo fim da violência contra a mulher

Foto: Reportagem de O Diário de 08/03/2019

O Forum Maringaense de Mulheres e diversas entidades realiza a III Pedalada e Caminhada pelo fim da violência contra a mulher. será dia 09, sábado, as 9 hs, com concentração na Praça da Catedral de Maringá.
A Pedalada conta com o apoio do Museu Esportivo de Maringá, Conselho da Mulher e Secretaria da Mulher de Maringá.

sábado, 23 de fevereiro de 2019

PT de Maringá inaugura Espaço de Formação José Carlos Pereira Neto





Inaugurado hoje, 22/02/2019, o Espaço de Formação Prefeito Jose Claudio pelo PT de Maringá. Jose Claudio Pereira Neto foi advogado e prefeito de Maringá pelo PT na gestão 2001-2004, tendo falecido por doença no meio do mandato. No evento houve a apresentação do prof dr Reginaldo Dias (UEM) sobre a historia do PT em Maringá. O Padre Leomar Montagna fez a saudação inicial e benção. Presentes na cerimonia o deputado federal Enio Verri, os vereadores Carlos Mariucci e Mario Verri, ex candidatos a prefeito, secretários e secretárias municipais e assessores (as) na gestão Jose Claudio-Joao Ivo. Tive a honra de ser Diretora de Informática e Secretaria de Administração naquela gestão. Justa homenagem ao saudoso prefeito José Cláudio. Parabéns PT de Maringá!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Brasil, a Guerra do Paraguai e a Venezuela


Em 1996, no Cepial – Congresso de Educação e Integração da América Latina, realizado na UEM (Universidade Estadual de Maringá) tive a oportunidade de apresentar uma mesa redonda sobre “A Participação da Mulher”, a qual foi aceita pela organização do evento que me convidou para coordena-la.
Certamente, foi um dos episódios mais emocionantes que vivenciei e me senti muito honrada em coordenar a mesa redonda.  As mais de 300 pessoas inscritas nos fizeram mudar o local para o pátio de um dos prédios com mais espaço por que tinham interesse na discussão.
Nesse evento, tivemos a participação de uma representante de central sindical paraguaia que falou sobre a situação das mulheres. Em sua exposição, ela discorreu sobre as consequências da Guerra do Paraguai, na qual o Brasil foi determinante. Na guerra, morreram muitos jovens, o que culminou no aumento da população feminina, a ponto de que o nascimento de meninos é comemorado e o nascimento de meninas é visto com tristeza. Houve um silêncio constrangedor de mea culpa por parte das brasileiras, em sua maioria, e brasileiros presentes.  
Em seguida uma senhora com seu lenço na cabeça, representante das Mães da Plaza de Mayo, da Argentina, comentou sobre os reflexos da ditadura militar em seu país e o desaparecimento de seus filhos e netos nas mãos da polícia política.
As brasileiras relataram a situação das mulheres trabalhadoras, das mulheres negras e na política tanto na ditadura militar como na abertura democrática.
O que o evento nos trouxe foi a integração entre os países da América Latina e a necessidade de nos apoiarmos visto que o imperialismo norte americano e europeu explorou e explora nossas riquezas, tornando nossa população pobre e a mercê do capitalismo internacional. As ditaduras militares ocorrem no mesmo período na América Latina capitaneada pelos Estados Unidos para o controle das riquezas e da população do continente, nos anos 1960 e 1970.
Na atualidade, muitas das discussões daquela mesa redonda me vêem a mente quando se trata das relações Brasil e Venezuela. Que motivação tem nosso país para entrar em uma guerra com o país vizinho? Fomos atacados? A ONU nos convocou?
Novamente, nos parece que estamos reeditando a Guerra do Paraguai na qual fomos instrumento da Inglaterra cujo interesse era se apropriar da produção e indústria algodoeira paraguaia. Nos prestamos a um papel vil, na Guerra do Paraguai, que dizimou a população jovem masculina paraguaia e levou o país a pobreza extrema.
A reedição atual com a vizinha Venezuela envolve o petróleo que, segundo consta é a segunda maior reserva de petróleo do mundo. O petróleo interessa de sobremaneira aos Estados Unidos pois, em um país cujas temperaturas chegam a 40 graus negativos, entre outras questões, essa riqueza natural se torna essencial à vida.
Assim, a América Latina, explorada pelos colonizadores portugueses e espanhóis, depois pelos ingleses, franceses e holandeses, em seguida pelos Estados Unidos, se vê, envolvida em uma exploração de uma riqueza natural preponderante, o petróleo.
Abramos nossos olhos e não sejamos subservientes ao imperialismo norte-americano.  Além do petróleo, o mundo está de olho nas nossas florestas e nas nossas reservas de água.
Portanto, na fila da exploração mundial, estamos nós e, não se trata apenas das jazidas minerais que continuam nos sendo roubadas pelo mercado internacional, se trata da nossa sobrevivência. Não podemos desperdiçar a vida de nossos brasileiros e brasileiras em uma guerra que não é nossa.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Por que as mulheres são o alvo principal da reforma da previdência?


A conta é simples. As mulheres são a maioria da população brasileira e ocupam 45% dos postos de trabalho. No entanto, são as que mais tem interrupções nas suas carreiras e são as primeiras a serem demitidas quando as empresas querem “cortar gastos”.
A situação da mulher no mundo do trabalho mostra que: a taxa de desemprego é maior entre as mulheres, as piores condições de trabalho e falta de reconhecimento são para as mulheres e sofrem com assédio sexual e moral no local de trabalho. No caso específico das mulheres negras, elas entram no mercado de trabalho precocemente e recebem os menores salários.  Além de tudo isso, muitas mulheres são provedoras e chefes de família.
Por terem cultura de ir mais em médicos e se cuidarem mais, a expectativa de vida das mulheres é maior do que a dos homens. Por outro lado, por serem mais vulneráveis, as mulheres são as que mais recebem o BPC (Benefício de Prestaçáo Continuado) destinado as pessoas que não possuem condições financeiras.
Pronto, aí está o prato cheio para os capitalistas banqueiros da previdência privada que enxergam nas mulheres uma clientela potencial, por ser a maioria da população e ser mais vulnerável às mudanças no mundo do trabalho.
Se as mulheres tem mais interrupções na carreira do que os homens, certamente terão mais dificuldades para se aposentar e, por trabalharem com dupla ou tripla jornadas no cuidado da casa, das crianças e idosos da família, as mulheres apresentarão mais doenças tais como varizes, tendinites, problemas de coluna, entre outras que as impediram de trabalhar.
Junte-se a isso, a menopausa e seus sintomas após os 50 anos de idade, em média, para se formar um quadro de impedimentos para o trabalho, o que torna as mulheres mais vulneráveis.  Por sua vez, atividades como professoras, na área de saúde, no trabalho doméstico ou na área rural são mais exaustivas e exigem condições especiais de aposentadoria.
A crueldade da reforma da previdência é notória. Talvez usem aquela máxima de “colocar o bode na sala” e depois retirar para ver que o ambiente ficou mais arejado. Ou seja, propõem crueldades e, depois, negociam e aprovam exatamente o que queriam. No fundo e na prática, nunca foi para garantir a previdência para toda a população brasileira, sempre foi para atender o mercado, cada vez mais guloso e sem escrúpulos.
Não é a toa, que a reforma proposta é chamada de “reforma da morte” pois não dá garantias de que o trabalhador e a trabalhadora atinjam o tempo para que possam usufruir da aposentadoria com dignidade e qualidade de vida. Morrerão antes!



domingo, 17 de fevereiro de 2019

Em nome de Deus


Ao assistir “Cruzada”, filme de Ridley Scott com Orlando Bloom, Liam Neeson, David Thewlis e Eva Green, sobre a chamada Guerra Santa e as Cruzadas me veio a mente inúmeros fatos históricos em que o ser humano realizou atrocidades usando o nome de Deus.
Na atualidade não é diferente, muitos dos chamados “líderes religiosos” utilizam-se do nome de Deus para obter poder e riqueza, em benefício próprio ou de políticos do campo religioso afeto.
Durante o período eleitoral, para exemplificar, uma série de mentiras foram espalhadas por algumas lideranças religiosas e as pessoas de boa fé realmente acreditaram no que recebiam pelo whatsapp, inclusive, em aberrações do tipo “kit gay” ou “mamadeira de piroca”.
No nosso congresso, temos uma bancada de deputados que se autointitulam “Bancada da Bíblia” e querem impor ao povo, as suas idéias em nome de Deus, mesmo que isso signifique aumentar ainda mais a desigualdade social, o desemprego e a miséria, como no caso da reforma trabalhista aprovada e da futura reforma da previdência. Também, esses deputados buscam impor sua religião e forma de ver o mundo na vida de outras pessoas, num processo que chamam de evangelização, mas, contraditoriamente, não abrem mão dos benefícios e mordomias dos cargos que ocupam. Conforme processos que correm na justiça, muitos desses deputados são envolvidos em corrupção e uso indevido do dinheiro público. Penso até que é uma blasfêmia usar o livro sagrado como nome da bancada, o nome deveria ser “bancada de falsos profetas” pra ser mais condizente com a atuação deles.
Tanto em nossas vidas privadas ou no âmbito da política, vemos o nome de Deus sendo usado em vão para justificar atos que são contrários ao amor e a justiça.
Guerras são travadas, vidas ceifadas e nosso mundo devastado pois seres humanos acreditam que Deus está os enviando para matar outros seres humanos  e outros seres humanos se aproveitam dessa crença para tomar proveito.
Cada vez que vejo o uso da palavra de Deus vinculada a alguma atrocidade, fico pensando que isso não está de acordo com os preceitos de amor, solidariedade e respeito que deveria haver entre nós, independente de credo religioso.