Em 1996, no Cepial – Congresso de
Educação e Integração da América Latina, realizado na UEM (Universidade
Estadual de Maringá) tive a oportunidade de apresentar uma mesa redonda sobre “A
Participação da Mulher”, a qual foi
aceita pela organização do evento que me convidou para coordena-la.
Certamente, foi um dos episódios
mais emocionantes que vivenciei e me senti muito honrada em coordenar a mesa
redonda. As mais de 300 pessoas inscritas
nos fizeram mudar o local para o pátio de um dos prédios com mais espaço por
que tinham interesse na discussão.
Nesse evento, tivemos a
participação de uma representante de central sindical paraguaia que falou sobre
a situação das mulheres. Em sua exposição, ela discorreu sobre as consequências
da Guerra do Paraguai, na qual o Brasil foi determinante. Na guerra, morreram
muitos jovens, o que culminou no aumento da população feminina, a ponto de que
o nascimento de meninos é comemorado e o nascimento de meninas é visto com
tristeza. Houve um silêncio constrangedor de mea culpa por parte das brasileiras, em sua maioria, e brasileiros
presentes.
Em seguida uma senhora com seu
lenço na cabeça, representante das Mães da Plaza de Mayo, da Argentina, comentou
sobre os reflexos da ditadura militar em seu país e o desaparecimento de seus
filhos e netos nas mãos da polícia política.
As brasileiras relataram a
situação das mulheres trabalhadoras, das mulheres negras e na política tanto na
ditadura militar como na abertura democrática.
O que o evento nos trouxe foi a
integração entre os países da América Latina e a necessidade de nos apoiarmos
visto que o imperialismo norte americano e europeu explorou e explora nossas
riquezas, tornando nossa população pobre e a mercê do capitalismo
internacional. As ditaduras militares ocorrem no mesmo período na América
Latina capitaneada pelos Estados Unidos para o controle das riquezas e da população
do continente, nos anos 1960 e 1970.
Na atualidade, muitas das
discussões daquela mesa redonda me vêem a mente quando se trata das relações
Brasil e Venezuela. Que motivação tem nosso país para entrar em uma guerra com
o país vizinho? Fomos atacados? A ONU nos convocou?
Novamente, nos parece que estamos
reeditando a Guerra do Paraguai na qual fomos instrumento da Inglaterra cujo
interesse era se apropriar da produção e indústria algodoeira paraguaia. Nos
prestamos a um papel vil, na Guerra do Paraguai, que dizimou a população jovem
masculina paraguaia e levou o país a pobreza extrema.
A reedição atual com a vizinha
Venezuela envolve o petróleo que, segundo consta é a segunda maior reserva de
petróleo do mundo. O petróleo interessa de sobremaneira aos Estados Unidos
pois, em um país cujas temperaturas chegam a 40 graus negativos, entre outras
questões, essa riqueza natural se torna essencial à vida.
Assim, a América Latina,
explorada pelos colonizadores portugueses e espanhóis, depois pelos ingleses,
franceses e holandeses, em seguida pelos Estados Unidos, se vê, envolvida em
uma exploração de uma riqueza natural preponderante, o petróleo.
Abramos nossos olhos e não
sejamos subservientes ao imperialismo norte-americano. Além do petróleo, o mundo está de olho nas
nossas florestas e nas nossas reservas de água.
Portanto, na fila da exploração
mundial, estamos nós e, não se trata apenas das jazidas minerais que continuam nos
sendo roubadas pelo mercado internacional, se trata da nossa sobrevivência. Não
podemos desperdiçar a vida de nossos brasileiros e brasileiras em uma guerra
que não é nossa.
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