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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Brasil, a Guerra do Paraguai e a Venezuela


Em 1996, no Cepial – Congresso de Educação e Integração da América Latina, realizado na UEM (Universidade Estadual de Maringá) tive a oportunidade de apresentar uma mesa redonda sobre “A Participação da Mulher”, a qual foi aceita pela organização do evento que me convidou para coordena-la.
Certamente, foi um dos episódios mais emocionantes que vivenciei e me senti muito honrada em coordenar a mesa redonda.  As mais de 300 pessoas inscritas nos fizeram mudar o local para o pátio de um dos prédios com mais espaço por que tinham interesse na discussão.
Nesse evento, tivemos a participação de uma representante de central sindical paraguaia que falou sobre a situação das mulheres. Em sua exposição, ela discorreu sobre as consequências da Guerra do Paraguai, na qual o Brasil foi determinante. Na guerra, morreram muitos jovens, o que culminou no aumento da população feminina, a ponto de que o nascimento de meninos é comemorado e o nascimento de meninas é visto com tristeza. Houve um silêncio constrangedor de mea culpa por parte das brasileiras, em sua maioria, e brasileiros presentes.  
Em seguida uma senhora com seu lenço na cabeça, representante das Mães da Plaza de Mayo, da Argentina, comentou sobre os reflexos da ditadura militar em seu país e o desaparecimento de seus filhos e netos nas mãos da polícia política.
As brasileiras relataram a situação das mulheres trabalhadoras, das mulheres negras e na política tanto na ditadura militar como na abertura democrática.
O que o evento nos trouxe foi a integração entre os países da América Latina e a necessidade de nos apoiarmos visto que o imperialismo norte americano e europeu explorou e explora nossas riquezas, tornando nossa população pobre e a mercê do capitalismo internacional. As ditaduras militares ocorrem no mesmo período na América Latina capitaneada pelos Estados Unidos para o controle das riquezas e da população do continente, nos anos 1960 e 1970.
Na atualidade, muitas das discussões daquela mesa redonda me vêem a mente quando se trata das relações Brasil e Venezuela. Que motivação tem nosso país para entrar em uma guerra com o país vizinho? Fomos atacados? A ONU nos convocou?
Novamente, nos parece que estamos reeditando a Guerra do Paraguai na qual fomos instrumento da Inglaterra cujo interesse era se apropriar da produção e indústria algodoeira paraguaia. Nos prestamos a um papel vil, na Guerra do Paraguai, que dizimou a população jovem masculina paraguaia e levou o país a pobreza extrema.
A reedição atual com a vizinha Venezuela envolve o petróleo que, segundo consta é a segunda maior reserva de petróleo do mundo. O petróleo interessa de sobremaneira aos Estados Unidos pois, em um país cujas temperaturas chegam a 40 graus negativos, entre outras questões, essa riqueza natural se torna essencial à vida.
Assim, a América Latina, explorada pelos colonizadores portugueses e espanhóis, depois pelos ingleses, franceses e holandeses, em seguida pelos Estados Unidos, se vê, envolvida em uma exploração de uma riqueza natural preponderante, o petróleo.
Abramos nossos olhos e não sejamos subservientes ao imperialismo norte-americano.  Além do petróleo, o mundo está de olho nas nossas florestas e nas nossas reservas de água.
Portanto, na fila da exploração mundial, estamos nós e, não se trata apenas das jazidas minerais que continuam nos sendo roubadas pelo mercado internacional, se trata da nossa sobrevivência. Não podemos desperdiçar a vida de nossos brasileiros e brasileiras em uma guerra que não é nossa.

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