Para compartilhar idéias!







segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Uma afronta ao povo brasileiro, à beira da piscina

Não gosto de postar foto do ex-presidente inelegível, mas esta foto me chamou bastante atenção. É a imagem dele com tornozeleira eletrônica, de chinelos,  de bermuda e camiseta amarelos, à beira de uma piscina em um dia ensolarado. Não tem o nome do fotógrafo, apesar da foto estar divulgada amplamente nas redes digitais como sendo do último domingo (03/08).

Talvez motivada pelos meus estudos e pesquisas sobre a ditadura militar e as mulheres militantes que lutaram contra ela, não pude deixar de relembrar, vendo essa foto, os relatos das mulheres e dos demais presos e torturados no governo da ditadura militar*.

Choques elétricos, estupros, uso do pau de arara, ratos na vagina, ejaculação em cima da mulher torturada, abortos provocados, xingamentos, tortura na frente dos filhos pequenos, são alguns dos exemplos da forma como a polícia política do governo militar atuava para obter informações das pessoas presas.

Não se pode esquecer, jamais, também, dos desaparecidos, mortos, enterrados não se sabe onde ou jogados ao mar. O crime dos torturados e mortos foi atuar no combate ao governo da ditadura militar, na defesa dos direitos humanos e contra o caos econômico  que os militares instalaram no Brasil, subserviente aos interesses dos EUA. Junte-se a isso, o desmonte nas áreas de saúde, educação e cultura, da inflação elevada e do empobrecimento da população, realizados pelos governos da ditadura militar, que durou, no Brasil, de 1964 a 1985.

Portanto,  essa imagem dele, um condenado a usar tornozeleira eletrônica, à beira de uma piscina falar que está sendo perseguido chega ser um escárnio diante dos crimes cometidos pela polícia nos governos da ditadura militar.

Além disso, considerar que um homem que tentou aplicar um golpe numa democracia, é responsável por mais de 700 mil mortes por Covid, roubou joias presenteadas ao governo brasileiro, dentre outros crimes, está sendo perseguido, é no mínimo distorção da realidade ou má fé.  

Se não existisse liberdade de expressão, eles não estariam, gritando contra o STF, o Ministro Alexandre de Moraes e o Presidente Lula. Se vivêssemos numa ditadura, como dizem, jamais fariam essas manifestações pois estariam presos ou mortos.

Percebe-se, nitidamente, que o cinismo faz parte da rotina da família do ex-presidente, que deve morrer de rir, dentro das paredes de suas mansões, dos “malucos” (conforme os chamou seu próprio líder) que os elegeram e os defendem, inclusive cometendo crimes como no caso do assassinato do tesoureiro do PT de Foz de Iguaçu, no Paraná ou da deputada que invadiu dados do TSE e correu atrás de um jornalista de arma em punho. E, depois, eles e elas são abandonados, à própria sorte, pelo seu líder.

 Os “malucos” ainda não perceberam que todo esse jogo se trata de poder para essa família que vive do dinheiro público, inclusive com seu uso para atacar o Brasil, numa demonstração de que eles nada tem de patriota e, também, encontram na ideologia da extrema-direita uma forma de se manterem no poder.. Será que ninguém refletiu, ainda,  sobre como e por que eles pagaram 51 imóveis com dinheiro vivo? Bom, essa é outra história.

Voltemos à imagem do homem à beira da piscina, numa tarde ensolarada de domingo. Com certeza, se vivêssemos numa ditadura como os adeptos dele desejam e pregam aos quatro ventos, ele não estaria ali desfrutando daquele momento e do sol da tarde, pois, o herói dele, o coronel Ustra estaria aplicando algum tipo de tortura e o ferindo em demasia, de forma cruel, num dos porões escuros do DOI-CODI (o departamento da polícia). Pra quem não sabe ou não se lembra, o coronel Ustra foi condenado pelos crimes de tortura que cometeu na ditadura militar.

Enfim, ver aquele homem tomando sol à beira da piscina, dizendo que ser perseguido politicamente, é afrontoso com aqueles que padeceram nas mãos da ditadura militar e contra o povo brasileiro que trabalha duro e é patriota de verdade.

Ninguém em sã consciência deseja que uma pessoa, seja ela quem for, passe pelas torturas e abusos como os cometidas pela ditadura militar. Em uma democracia, com os poderes funcionando de forma legítima e independente, que se faça justiça e os culpados paguem por seus crimes.

 É o nosso desejo, que a justiça seja feita! Urgente!

 

* TAIT, Tania Fatima Calvi. As mulheres na luta política. Curitiba: Editora CRV, 2020.

Foto: imagem da Internet


 

 

 

Um comentário: