Não gosto de postar foto do ex-presidente inelegível, mas esta foto me chamou bastante atenção. É a imagem dele com tornozeleira eletrônica, de chinelos, de bermuda e camiseta amarelos, à beira de uma piscina em um dia ensolarado. Não tem o nome do fotógrafo, apesar da foto estar divulgada amplamente nas redes digitais como sendo do último domingo (03/08).
Talvez
motivada pelos meus estudos e pesquisas sobre a ditadura militar e as mulheres
militantes que lutaram contra ela, não pude deixar de relembrar, vendo essa
foto, os relatos das mulheres e dos demais presos e torturados no governo da
ditadura militar*.
Choques
elétricos, estupros, uso do pau de arara, ratos na vagina, ejaculação em cima
da mulher torturada, abortos provocados, xingamentos, tortura na frente dos
filhos pequenos, são alguns dos exemplos da forma como a polícia política do
governo militar atuava para obter informações das pessoas presas.
Não
se pode esquecer, jamais, também, dos desaparecidos, mortos, enterrados não se
sabe onde ou jogados ao mar. O crime dos torturados e mortos foi atuar no
combate ao governo da ditadura militar, na defesa dos direitos humanos e contra
o caos econômico que os militares instalaram
no Brasil, subserviente aos interesses dos EUA. Junte-se a isso, o desmonte nas
áreas de saúde, educação e cultura, da inflação elevada e do empobrecimento da
população, realizados pelos governos da ditadura militar, que durou, no Brasil,
de 1964 a 1985.
Portanto, essa imagem dele, um condenado a usar
tornozeleira eletrônica, à beira de uma piscina falar que está sendo perseguido
chega ser um escárnio diante dos crimes cometidos pela polícia nos governos da
ditadura militar.
Além
disso, considerar que um homem que tentou aplicar um golpe numa democracia, é
responsável por mais de 700 mil mortes por Covid, roubou joias presenteadas ao
governo brasileiro, dentre outros crimes, está sendo perseguido, é no mínimo distorção
da realidade ou má fé.
Se
não existisse liberdade de expressão, eles não estariam, gritando contra o STF,
o Ministro Alexandre de Moraes e o Presidente Lula. Se vivêssemos numa
ditadura, como dizem, jamais fariam essas manifestações pois estariam presos ou
mortos.
Percebe-se,
nitidamente, que o cinismo faz parte da rotina da família do ex-presidente, que
deve morrer de rir, dentro das paredes de suas mansões, dos “malucos” (conforme
os chamou seu próprio líder) que os elegeram e os defendem, inclusive cometendo
crimes como no caso do assassinato do tesoureiro do PT de Foz de Iguaçu, no
Paraná ou da deputada que invadiu dados do TSE e correu atrás de um jornalista
de arma em punho. E, depois, eles e elas são abandonados, à própria sorte, pelo
seu líder.
Os “malucos” ainda não perceberam que todo
esse jogo se trata de poder para essa família que vive do dinheiro público,
inclusive com seu uso para atacar o Brasil, numa demonstração de que eles nada
tem de patriota e, também, encontram na ideologia da extrema-direita uma forma
de se manterem no poder.. Será que ninguém refletiu, ainda, sobre como e por que eles pagaram 51 imóveis
com dinheiro vivo? Bom, essa é outra história.
Voltemos
à imagem do homem à beira da piscina, numa tarde ensolarada de domingo. Com
certeza, se vivêssemos numa ditadura como os adeptos dele desejam e pregam aos
quatro ventos, ele não estaria ali desfrutando daquele momento e do sol da
tarde, pois, o herói dele, o coronel Ustra estaria aplicando algum tipo de
tortura e o ferindo em demasia, de forma cruel, num dos porões escuros do
DOI-CODI (o departamento da polícia). Pra quem não sabe ou não se lembra, o
coronel Ustra foi condenado pelos crimes de tortura que cometeu na ditadura
militar.
Enfim,
ver aquele homem tomando sol à beira da piscina, dizendo que ser perseguido
politicamente, é afrontoso com aqueles que padeceram nas mãos da ditadura
militar e contra o povo brasileiro que trabalha duro e é patriota de verdade.
Ninguém
em sã consciência deseja que uma pessoa, seja ela quem for, passe pelas
torturas e abusos como os cometidas pela ditadura militar. Em uma democracia,
com os poderes funcionando de forma legítima e independente, que se faça justiça
e os culpados paguem por seus crimes.
É o nosso desejo, que a justiça seja feita!
Urgente!
* TAIT, Tania Fatima Calvi. As mulheres na luta política. Curitiba: Editora CRV, 2020.
Foto: imagem da Internet
Realmente é muito descaramento e afronta só povo
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