Assistindo a reportagem sobre os 19 anos da Lei Maria da Penha, me emocionei. Com atuação, de décadas, na área de direitos das mulheres como voluntária, na Associação Maria do Ingá Direitos da Mulher, no Fórum Maringaense de Mulheres e no Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres de Maringá me vêm à mente os inúmeros casos de violência que chegaram até nós. Mulheres que tiveram a oportunidade e o acolhimento necessários para resgatar suas vidas, livres da violência, a partir da promulgação da Lei Maria da Penha, em 07/08/2006, pelo Presidente Lula.
No
entanto, nem sempre tivemos leis e rede de acolhimento e sabemos que ainda
existem muitas cidades nas quais as mulheres não tem a proteção necessária para
casos de violência.
Quando
começamos a atuação na Ong Maria do Ingá, como chamamos a Associação Maria do
Ingá Direitos da Mulher, lá no início dos anos 2000, portanto, antes da
promulgação da Lei Maria da Penha, nos deparávamos com situações para as quais
não tínhamos como proteger adequadamente as mulheres e punir, pela legislação,
os agressores. Agressores que, na maioria dos casos, são maridos, ex-maridos ou
companheiros, ou seja, aqueles com as quais a mulher compartilha a vida.
Um
desses momentos, aconteceu em uma escola estadual pública quando ministramos
palestra sobre violência contra a mulher. Uma senhora nos abordou, ao final da
palestra, no particular, e contou sua história. Sempre que posso, relato este
fato, pois ele mostra a importância da Lei Maria da Penha. Ela contou que tinha
duas filhas, apanhava do marido e não sabia mais o que fazer. Ela não havia
estudado e nem trabalhado fora de casa e nos disse que sabia se ia apanhar ou
não quando ele chegava em casa, pela forma como ele abrisse o trinco do portão
de entrada.
Recordo
que saímos de lá, muito entristecidas, pois o que tínhamos para aquela mulher
era a Delegacia da Mulher para a qual ela deveria se dirigir. Para quem não
lembra ou não sabia, a própria mulher levava a intimação para o marido agressor
e a punição dada pelos juízes era o pagamento de uma cesta básica por parte do
marido. Na prática, a mulher apanhava novamente e a cesta básica era tirada do
orçamento da família. Não havia acolhimento psicológico, jurídico e nem de
assistência social para a vítima, ou seja, a mulher ficava desprotegida e à
mercê de novas violências.
Quando
a Lei Maria da Penha foi promulgada, nosso coração se encheu de esperança. Além
de colocar a violência contra a mulher como responsabilidade do poder público e
não mais restrita ao ambiente doméstica, a Lei trouxe a tipificação dos tipos
de violência. Não é mais a violência física e visível, também a violência psicológica
ou emocional, a sexual, a moral e a patrimonial entraram no radar da justiça e
são passíveis de punição aos agressores.
A Lei é extremamente importante para proteção às mulheres e punição aos agressores. Sabemos que falta estrutura nas delegacias e locais de atendimento, Brasil afora, e que agressores e assassinos burlam as medidas, no entanto, dados mostram que a Lei salvou a maioria das mulheres vítimas de violência, ao longo das décadas.
Além das
medidas protetivas, temos Patrulha Maria da Penha, Mulher Segura, disque 180,
190, rede de atendimento, entretanto, precisamos, também, conscientização para que
as mulheres busquem ajuda, sempre.
Vamos
fazer vale a Lei Maria da Penha!!!. Viver sem violência é direito de toda mulher!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário