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segunda-feira, 3 de julho de 2023

Por que o feriado da consciência negra?

Não é mais desconhecimento público que a libertação dos negros e negras, os deixou à margem da sociedade, sem ter para onde ir, sem moradia e sem trabalho. Assim, a comunidade negra, após a abolição, foi abandonada pelos governos. Muitas pessoas negras não encontraram seus familiares, que haviam sido vendidos, dispersos pelas fazendas e cidades.

Seguiram-se décadas de abandono. Por fim, foi graças à força do movimento negro que os governos começaram a enxergar que a população negra faz parte da nação brasileira. Nem vamos falar das palavras que usamos ou da comida que gostamos ou da religiosidade que compartilhamos, mas sim de seres humanos que contribuíram e contribuem para o desenvolvimento do país.

Diferentes de imigrantes vindos de outras terras para trabalhar remunerados, os africanos e africanas foram sequestrados de seus lares, trazidos à força para o Brasil para trabalhar nas lavouras e nas cidades, vendidos, maltratados e mortos.

Além da violência física sofrida, a comunidade negra passou a ser discriminada, antes por serem considerados seres sem alma que precisavam ser convertidos, depois como pessoas perigosas. A cor, a pele, o cabelo, o nariz, a boca...tudo que caracteriza o fenótipo negro passa a ser discriminado, ora de forma velada ora de forma revelada, sendo assassinados. Inclusive, alunas e alunos de intercâmbio com alguns países africanos relatam que nunca se sentiram tão mal como no Brasil, por serem extremante observados, xingados, agredidos, seguidos em shoppings ou interceptados pela polícia.

Mas, vem a pergunta por que o feriado da consciência negra?

O feriado faz parte de uma ação afirmativa de reparação histórica do que foi feito com os negros e negras durante a escravidão e após a suposta abolição da escravatura. Trata-se, também, do reconhecimento da contribuição da população negra nas cidades e no campo.

Apesar de Maringá ter sido criada em 1947, muito tempo depois da abolição, para cá se dirigiram afrodescendentes que contribuíram para a construção da cidade. Ao pesquisar a distribuição populacional na organização dos bairros no início da construção da cidade, houve a divisão, sendo trabalhadores designados para a Vila Operária, que como o nome diz, era o habitat da classe operária, na qual estava incluída a população negra.

Assim, o povo negro, também, é protagonista da história de Maringá e datas como feriados valorizam sua presença contribuindo para a reflexão do racismo que ainda persiste e insiste em permanecer na sociedade brasileira.

Por fim, além de valorizar a presença negra na cidade, o feriado da consciência negra contribui para promover a conscientização e combater o racismo.


 

 Texto: Tania Tait, 03/07/2023

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