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quinta-feira, 15 de junho de 2023

O que significa o processo de cassação das deputadas do PT e do PSOL?

Assisti um vídeo no qual uma deputada argumentava e prestei atenção nos deputados ao redor dela. Um deputado próximo prestava atenção e aplaudiu. Atrás dela haviam vários deputados em pé com olhares de desdém e  risinhos irônicos, mostrando claramente desrespeito e falta de atenção ao que ela apresentava.

Novidade nenhuma neste vídeo para as mulheres que atuam na política pois convivem a todo instante com a violência política de gênero, ou seja, são atacadas por serem mulheres. A gravidade se torna gritante quando são mulheres negras, indígenas, trans ou lésbicas. Em muitos casos, quando as políticas, principalmente, as de partidos mais a esquerda falam, eles agridem verbalmente, ameaçam fisicamente ou ignoram com menosprezo às colegas.

Nesta semana, em um ataque deliberado às mulheres, deputados do PL entraram com pedido de cassação conjunta de seis deputadas do PSOL e do PT, depois pediram cassação individual, os quais foram aceitos pelo presidente da casa, ligado a eles.

O pedido de cassação foi aceito rapidamente para ser julgado e passou na frente de outros pedidos, inclusive de deputados e deputada do PL.

O que está por trás desses pedidos e dessa rapidez no trâmite do pedido de cassação?

As deputadas denunciaram deputados nas discussões sobre o marco temporal que afeta a vida dos povos indígenas, do meio ambiente e do país. Calar a voz das deputadas reforça a misoginia, a violência política de gênero e violência contra os povos indígenas.

O Brasil é um dos países do mundo com menor representatividade de mulheres na política e com alto grau de violência política contra as mulheres. Iniciativas desse tipo reforçam as tentativas de desestimular a participação de mulheres nas esferas de poder, principalmente quando essas mulheres vêm de partidos de esquerda e de movimentos sociais. Há, no entanto, uma deliberada condescendência com alguns casos, com um exemplo claro de uma deputada do PL que saiu correndo armada atrás de um jornalista no período eleitoral e nada aconteceu até o momento.

As mulheres que atuam na política continuam sendo deliberadamente violentadas por terem posturas firmes e convicção naquilo que defendem, seja na esfera municipal, estadual ou federal.

As mulheres são 52% da população, estão em todos dos setores da sociedade, contribuem tanto no setor produtivo como no voluntariado para o desenvolvimento do país. É incoerente com essa participação que o Brasil continue sendo um dos últimos países do mundo em mulheres na política. Por sua vez, os indígenas estavam aqui antes de nós e contribuem para preservar nossas matas, rios e florestas.

Diante desse cenário, até quando vamos permitir que uma elite predadora, machista, misógina, racista e homofóbica composta por homens, em sua maioria brancos e ricos, continue determinando o destino do Brasil e de sua população? 

 

 


 

 

 

 

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