Para compartilhar idéias!







segunda-feira, 17 de abril de 2023

Um passeio afetivo e desolador pelo Parque do Ingá

É inegável que o Parque do Ingá faz parte das nossas vidas em Maringá, com caminhadas, passeios familiares, piqueniques, visitas escolares, entre tantas atividades. Lembro, também, quando na Gestão José Claudio-João Ivo (2001-2004) houve reestruturação do Parque, inclusive com a construção de um ambiente adequado para os trabalhadores, que antes tinham como local de almoço e descanso um casebre de madeira, todo esburacado. Outras melhorias foram realizadas na época.

Com esse olhar e essa memória, fomos realizar visita no Parque com uma sobrinha que mora em outro Estado. Ela ficou encantada com o nosso parque, suas árvores, os pavões, macaquinhos e pássaros que circulam por ali.

Enquanto ela ia tecendo elogios, admirada, eu, que não vinha faz tempo, comecei a lembrar de cada canto e como era antes.

Reparei que as árvores estão fechando mais os caminhos, que o lago está menor e sem a margem que dava pra ver de mais perto. Nesta tarde, tinha grupo de estudantes passeando também e andando nos pedalinhos num alvoraço típico da juventude.

Ao caminharmos, nos deparamos com a Gruta de Nossa Senhora, vazia, abandonada, com apenas uma imagem da Santa assentada na terra roxa. Lembrei dos áureos tempos em que ali havia muitas fotos de pessoas, terços e outros símbolos da fé católica. Confesso que me assustei e fiquei pensando, pra onde foram aquelas fotos que as pessoas colocavam ali para receberem bençãos? O que houve com aquele local, visto antigamente, quase que como sagrado?.

Mais a frente, passamos pelo Jardim Japonês. Na entrada tinha visto que estava fechado e, possivelmente, em reforma. No entanto, não tinha ninguém trabalhando na obra, talvez estivessem em reunião em outro local, talvez não esteja acontecendo nenhuma reforma e esteja apenas interditado. Senti falta da beleza antiga do local, das carpas e das passarelas.

Pra arrematar meu desolamento, percebi que o céu ao redor do parque está tomado por prédios altos, que são muitos próximos. Lembrei de discussões anos atrás sobre o impacto dessas construções tão próximo do local que o sufocariam e traria problemas na nascente do lago. Pelo visto, as discussões sucumbiram ao poder do mercado imobiliário.

Enfim, depois da caminhada dentro do Parque, sem o som das araras ou o mugido do leão que marcaram minha infância, sai com um pouco de nostalgia, mesmo sabendo que o zoológico foi extinto para preservar a vida dos animais, não pude deixar de ouvir aqueles sons.

Na delícia da caminhada, no ar puro e com a beleza das plantas, veio muito forte a emoção da infância, sentimento que, agora, a criança-senhora carrega com carinho por esse local tão cheio de energia e vida. De outro lado, veio o olhar crítico dessa senhora, que sabe, na atualidade, todos os interesses políticos e econômicos que marcam a vida do nosso Parque do Ingá.

A criança-senhora que caminhou pelo parque espera que, numa próxima visita, o espírito afetivo saia dali mais forte que o espírito desolador e que as partes abandonadas do lugar sejam restauradas proporcionando o brilho de emoção nos olhares das pessoas que por ali passarem. 



 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário