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quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Apresentação do meu livro "Elas querem o poder" na Câmara Municipal de Maringá


 Discurso que realizei na Câmara Municipal de Maringá no dia 11/10/2022:

Gostaria de agradecer a oportunidade de ocupar a tribuna da Câmara Municipal, ao convite da professora Ana Lucia. Também ao presidente Mario Hossokawa, vice Mario Verri e demais vereadores e vereadora por me receberem.

Sempre tive e tenho muito respeito à essa Casa de Leis que sempre me acolheu quando presidente do Conselho da Mulher, do Forum Maringaense de Mulheres, da Ong Maria do Ingá e como representante dos movimentos sociais e da UEM.

Hoje estou aqui por um motivo diferente, para falar sobre o meu novo livro Elas querem o poder – o caso do MMNP para o legislativo maringaense e convidar para o lançamento deste.

As eleições 2020 trouxeram duas novidades no cenário político maringaense: o Movimento Mais Mulheres no Poder (MMNP) e o Mandato Coletivo[1] do PT (Partido dos Trabalhadores). O Mandato composto por mulheres e homens do mesmo partido político, com a candidatura registrada em um único nome por questões legais, teve a campanha eleitoral realizada em conjunto. O MMNP, por sua vez, reuniu candidatas de diferentes partidos políticos e reconheceu o Mandato Coletivo ao receber suas integrantes. Assim, ao reunir candidatas de diferentes correntes ideológicas, o Movimento inaugurou uma nova abordagem na união das mulheres na política, com objetivo de preencher uma lacuna no legislativo, cuja legislatura de 2017-2020 estivera sem vereadoras. Lembrando que apenas uma vereadora, a professora Vilma (PT), assumiu por 2 meses na vacância do vereador Mario Verri que se licenciara para ser candidato.

 Considero de extrema importância narrar a história das mulheres na política legislativa maringaense e garantir que a criação e a trajetória de um movimento de mulheres, dada sua importância no cenário eleitoral, não se perca no tempo, pois certamente, se tornou um fato inédito na vida de cidade, com candidatas de diferentes correntes ideológicas e partidárias se unirem com um objetivo de eleger vereadoras na Câmara Municipal.

Dessa forma, durante o ano de 2020, acompanhei a trajetória do Movimento Mais Mulheres no Poder - Maringá que culminou com a eleição de uma das idealizadoras do grupo, a professora Ana Lucia, como vereadora e com a indicação de uma das candidatas integrantes como secretária municipal de políticas públicas para mulheres, Terezinha Pereira, a pedido do prefeito eleito, Ulisses Maia. Outra candidata, Cris Lauer não ligada ao Movimento foi eleita também, dessa forma duas vereadoras foram eleitas no pleito de 2020. Também integrantes do MMNP se tornaram suplentes na vereança em suas agremiações políticas e outras tiveram votação expressiva.

Destaco, também, o uso das tecnologias de informação e comunicação, notadamente as redes digitais e as plataformas de comunicação que foram amplamente utilizadas pelo MMNP, no período da pandemia.

Torna-se, assim, intrigante a rapidez com que o grupo se articulou e alcançou o objetivo de eleger mulheres no legislativo maringaense, com apoio de voluntárias e entidades ligadas aos direitos das mulheres.

No livro, considerei de suma importância situar a cidade de Maringá no seu ambiente geográfico e histórico, com inclusão das pioneiras, das mulheres militantes contra a ditadura militar e dos movimentos organizados de mulheres, os quais foram temas de pesquisas que realizei anteriormente.  Vislumbro o MMNP dentro do bojo das lutas das mulheres, cada qual contribuindo com sua experiência e força trazidas de diversos setores, principalmente daquelas que foram pioneiras na luta pelos direitos das mulheres.    

Para apresentar sobre a criação e a trajetória do MMNP, a presente obra se divide em quatro partes. Na primeira, é exposta uma breve história da formação da cidade de Maringá, do movimento de mulheres, com recorte para a presença feminina no cenário nacional e maringaense, relembrando que Maringá tem nome de mulher. Na segunda,  o MMNP é apresentado desde sua criação, do silêncio para a ação enquanto no capítulo 3, são tratados o alcance do objetivo e os desafios a partir da eleição da vereadora e a articulação das candidatas diante da pluralidade de ideologias. O capítulo 4 trata sobre o futuro e as reivindicações das mulheres.

O livro, enfim, retrata a presença e a ausência das mulheres na política, cuja distância ainda nos coloca na 149. Posição em 193 países. Somos apenas 18% na política, apesar de sermos 52% da população. Precisamos da paridade para que nossas vidas sejam regidas tanto pelo olhar dos homens como das mulheres. Em Maringá nunca tivemos prefeita nem vice-prefeita e apenas 15 vereadoras.

Por fim, o título “Elas querem o poder” surgiu naturalmente e foi reforçado ao ler insinuações de que querer o poder por parte da população feminina é uma coisa muito ruim. Se as mulheres estão numa disputa política e a política é um espaço de poder, é óbvio que elas queiram o poder, assim como os homens. Então, se não é ruim para os homens, também não é ruim para as mulheres. Afinal, foi numa leva que a cabocla Maringá ficou sendo a retirante que mais dava o que falar e o MMNP mostrou que, com união, é possível ocupar os espaços onde, como e se elas quiserem.

Assim, convido para o lançamento do livro no dia 19 de outubro, as 19h30 no Sabores do Malte, no Mercadão Municipal. Será uma alegria compartilhar esse momento com vocês.

 

 

 



[1] Mandato coletivo: As candidaturas coletivas são formadas por grupos de pessoas, que fazem campanha eleitoral em conjunto e que, se eleitos, assumem coletivamente o mandato. Na urna para votação aparece apenas o nome e a foto de uma das pessoas do grupo. Ao ser eleita, no mandato, as decisões são compartilhadas entre o grupo.

 

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