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segunda-feira, 7 de junho de 2021

Eu não aceito um delegado da mulher! É meu direito!

Quando se pensou em Delegacias da Mulher (DM) implantadas nos anos 1980, a pauta era pela necessidade de um atendimento humanizado e específico para as mulheres em situação de violência, o que não acontecia nas delegacias tradicionais.

Consideradas um avanço no combate à violência contra a mulheres, as DMs, no entanto, por serem uma instância de setor público estadual, ficam à mercê de falta de infraestrutura e de recursos humanos direcionada pelo perfil e prioridades do poder vigente. Isso também acontece no Paraná, que ainda por cima, tem apenas 20 DMs para 399 municípios, o que demonstra a falta de prioridade governamental no combate à violência contra a mulher.

Apesar de todos os problemas, a começar pela falta de DM na maioria das cidades brasileiras, é inegável a conquista das mulheres por terem um local para atendimento para falar da violência, do estupro, dos assédios e de tantas violências que as mulheres padecem. As DMs se tornaram um lugar de fala para as mulheres, sem a inibição de uma figura masculina, que inconscientemente pode ser associada ao homem agressor.

Diante de tudo isso, a notícia de que a titularidade da Delegacia da Mulher de Maringá seja ocupada por um homem se torna chocante. Não se discute o homem em si, seu caráter ou profissionalismo, o que se discute é o desvirtuamento de uma política de atendimento às mulheres realizada por mulheres dado à necessidade de conforto e acolhimento.

Um homem como “delegado da mulher” significa um retrocesso em todas as ações realizadas por décadas pelo movimento organizado de mulheres.

Infelizmente, a sociedade machista está enraizada em todas as pessoas, sejam homens ou mulheres e isso é descontruído todo dia, a todo momento. Por isso, órgãos específicos de atendimento às mulheres necessitam de mulheres em seus postos, seja DMs, coordenadorias/secretarias da mulher, médicas legistas, entre tantas funções que podem contribuir para a redução  ou combate da violência.

Mesmo que uma mulher em determinados postos não seja a mulher dos sonhos, ainda assim, é uma pessoa que conhece o ciclo de vida da mulher, a saúde, anseios e direitos para que as mulheres tenham uma vida plena.

Aceitar um delegado da mulher é como dizer que não precisa de mulher na política pois bastariam homens que defendessem os direitos das mulheres.

A experiência mostra que não funciona dessa forma. As mulheres são 52% da população brasileira, são chefes de família, estão em todos os setores e, portanto, tona-se necessário fazer valer o artigo 5. da Constituição Brasileira, não apenas nas obrigações que estas as mulheres tem de sobra, mas principalmente, nos direitos.

É direito, uma mulher em situação de violência poder falar com outra mulher, uma delegada da mulher.

Eu não aceito um delegado da mulher. É meu direito!

 


5 comentários:

  1. Concordo plenamente com você Tania, eu também não aceito um delegado homem na delegacia da mulher.

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  2. Concordo Tânia, é preciso ter sensibilidade para lidar com as mulheres que procuram a delegacia da Mulher!

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  3. Eu também não aceito o delegado da mulher. Onde já se viu uma mulher sofre violência sexual, está aterrorizada, fragilizada e daí, vai falar com um "homem", eu digo não.

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  4. Parabéns pelo texto! NãO aceitamos!
    A delegacia da mulher é direito nosso!

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  5. Absurdo! Tem que ser mulher para a delegacia da mulherjá

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