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quarta-feira, 14 de outubro de 2020

O processo eleitoral, o coronavírus e as mídias digitais

Desde o final dos anos 1980 ocorre processo eleitoral contínuo no Brasil. A cada dois anos tem-se eleições municipais ou estaduais e nacional.

Sempre muito colorida, as eleições pareciam uma festa e era mesmo, como se o país estivesse comemorando a democracia após 24 anos de governo de ditadura militar.

Os programas TV no horário eleitoral passaram a se tornar cinematográficos, como se os candidatos e candidatas fossem artistas e não pessoas que, se eleitas, deveriam servir ao público. As ruas ficavam lotadas de bandeiras, santinhos e muitas pessoas. O rádio se especializou nas músicas que acompanhavam os candidatos. Também, surgiram problemas inerente às eleições tais como: o caixa 2, as candidaturas laranjas e a venda de votos, entre outros.

Nas últimas eleições entra em cena, o componente redes sociais e a propaganda eleitoral passa a usar recursos multimídia para alcançar o eleitorado. Surgiram as famosas fake news e os famigerados gabinetes do ódio que estimularam a animosidade entre as pessoas que comungam de ideologias distintas.

No entanto, agora em 2020, o cenário mudou devido ao coronavírus. Ao atingir mais de 150 mil mortes pelo COVID-19, o Brasil está prestes a realizar as eleições municipais e escolher seus prefeitos(as) e vereadores (as) para os próximos quatro anos.

Muito utilizada nas eleições 2018, as mídias digitais entram no cenário eleitoral não mais como coadjuvante, mas como elemento fundamental para chegar aqueles eleitores e eleitoras que estão confinados em casa, no isolamento para se proteger na pandemia.

Nesse cenário, os desafios tanto para candidatos como para eleitores envolvem, também, as estratégias para apresentar as propostas pessoalmente e pelas redes digitais, sem levar consigo ou trazer a doença.

Não existe fórmula. A última vez que houve uma pandemia em proporções tão avassaladoras foi em 1918, segundo relatos históricos. Naquela época existia apenas material impresso para divulgar as propostas das candidaturas. O rádio começou a ser usado no Brasil em 1922.

Ao mesmo tempo em que a pandemia cria novas formas de trabalho e de relacionamento, as mídias digitais são aprimoradas para uso em diversos setores, inclusive no processo eleitoral. Talvez seja o momento de se começar a pensar em eleições via Internet, como existente em vários projetos de pesquisa para viabilizar que o eleitor possa votar no conforto de sua casa, sem se deslocar até o local de votação. Com essa tecnologia de votação pela Internet seria resolvido uma parte do problema que é o processo de votação.

Entretanto, o retorno ao colorido das eleições, ao espírito de disputa eleitoral de adversários e não inimigos mortais, a extinção das fake news e, principalmente, sem a sombra de uma pandemia, vai-se tornando um sonho distante. Tanto o processo eleitoral contaminou-se ao longo do tempo como a pandemia está retornando em alguns países que a haviam controlado.

Torna-se necessário, dessa forma, além da vacina contra o coronavírus, uma espécie de “vacina pela democracia” para fortalecer o espírito democrático e garantir o poder de escolha e de participação popular.  

Artigo publicado originalmente em 14/10/2020 na  Gazeta de Maringá

 

 

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