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terça-feira, 25 de junho de 2019

O triste período do “politicamente incorreto”


Três episódios da vida nacional chamaram a atenção recentemente: a divulgação de conversas entre o juiz Moro e procuradores mostrando a imparcialidade e indicações em julgamentos, o que vai contra a Lei; o presidente da República numa Marcha para Jesus fazendo sinal de metralhadora e uma moça estuprada acusando um jogador famoso.

Os fatos em si são aterradores, no entanto, mais aterradoras são as posturas de brasileiros e brasileiras diante dos fatos, minimizando as culpas e tornando o culpado em vítima ou idolatrando posturas incorretas do ponto de vista moral e legal.

Vamos ao primeiro caso, o do juiz que foi pego em mentiras. Os que não tem como defende-lo pois ele mesmo se contradisse em seu depoimento, buscam inverter o jogo e mostram mais preocupações com a invasão dos dados do que com o conteúdo criminoso dos dados. Mesmo os “tontos do MBL” conforme chamados pelo juiz numa das conversas, aceitaram um pedido de desculpas estranho pois o juiz disse que não falou aquilo e chamam uma manifestação para dar seu apoio ao juiz, que certamente, ri deles pelas costas.

No segundo caso, vemos a incoerência de cristãos que deveriam pregar amor envolvidos com liberação de armas e incentivo à violência, como protagonizado inúmeras vezes pelo presidente da República, que culminou com a sua participação na Marcha para Jesus, simulando uma arma. É totalmente incoerente com os princípios apregoados por Jesus de amor ao próximo e que se retornasse hoje, seria crucificado novamente.

O terceiro episódio, sem entrar no mérito que cabe a polícia investigar, não surpreende pois em praticamente todos os casos de estupro, uma parcela da sociedade considera que a vítima é culpada, pela roupa que usou, por estar ali ou, simplesmente, por ser mulher. Essa parcela da sociedade passa a mão na cabeça dos meninos por serem homens que não conseguem se conter diante de uma mulher, isenta o juiz pois odeia tanto o incriminado que acha certo o juiz burlar a Lei para prende-lo e inebriados pela falsa idéia de segurança admiram o gesto absurdo do presidente da República em uma manifestação chamada Marcha para Jesus.

O conjunto dos três episódios, vistos por outro lado que não o político, é resultado de uma cultura existente no país que durante anos se incomodou com a necessidade de tratar bem as pessoas, não discriminar negros e homossexuais, respeitar as mulheres (mesmo que por força da Lei Maria da Penha), entre outras. Essa cultura que leva pessoas a acharem bonito o famoso jeitinho brasileiro, a burlar o Imposto de Renda, a achar que pobre tem de ficar no lugar de pobre (mesmo sendo pobre e se enxergando como não pobre), a jogar lixo pela janela do carro, a não respeitar filas, radares e leis.

Essas pessoas não aguentaram o “politicamente correto”  e viram esperança  num modo de vida que atenda suas necessidades, explicitadas em conversas de bar e churrascos de família.  Essa esperança se deu nas eleições quando começaram a achar que podem “tudo” e passaram a desmerecer a própria Constituição Brasileira, chamada de Constituição Cidadã, exatamente por primar pelo respeito as diferenças.

A própria Internet deu voz a essas pessoas que sentindo-se dona da verdade, ofendem, ameaçam de morte e depreciam pessoas que pensam diferente delas, como se isso também não fizesse parte de uma ideologia que indica claramente que os fins justificam os meios.

As eleições revelaram assustadoramente o que pensam e fazem mais de 50 milhões de brasileiros, pessoas que se dizem de fé, muitas religiosas, mas que desejam ter armas e que torcem para que adolescentes infratores sejam mortos e que a “turma dos direitos humanos” como dizem seja presa e morta.

O “politicamente incorreto” foi proclamado pelo presidente da República e amplamente aplaudido por seus eleitores, o que leva a reflexão de que essas pessoas não perceberam que aquele aspecto moral que tanto discordam e do ódio criado pelos meios de comunicação contra os partidos de esquerda, as levaram para um programa político de venda do Brasil, de falta de geração de emprego e renda e de desenvolvimento econômico, num projeto que transforma o país em colônia dos países mais ricos.

O politicamente correto era símbolo de civilidade enquanto o "politicamente incorreto" leva o mundo à barbárie, ao olho por olho e dente por dente, a tudo aquilo que a História da Humanidade mostra e que levou, por exemplo, aos fornos nazistas de cremação de adultos e crianças vivos.






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