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domingo, 30 de junho de 2019

O uso do nome de Deus como marketing político e religioso

Ouve-se falar muito no nome de Deus nos tempos atuais. O “Graças a Deus” não parece sair do fundo do coração mas sim de uma aula de marketing político para agradar as pessoas.
As expressões faciais de muitos dos que dizem “Deus” não combinam com o “amor ao próximo”, a caridade e a mansidão pregados pelo filho de Deus. Muito menos combina uma camiseta com o nome de Jesus vestida por um presidente da República que faz simulação de metralhar alguém usando o símbolo de armas que apregou em sua campanha eleitoral.
No entanto, o uso do nome de Deus em vão não é prerrogativa da atualidade. Na História da Humanidade, encontram-se inúmeras atrocidades justificadas pelo olhar de Deus. Assim foram as Cruzadas, a inquisição da Igreja Católica, o extermínio de indígenas e povos originários nas Américas, a escravidão, entre tantos exemplos de fatos históricos em que “Deus” sempre surge para justificar as atrocidades cometidas pelos donos do poder e respaldados pela população em geral.
Também, o uso do nome de Deus rende a muitos líderes religiosos imensas fortunas financeiras advindas da fé e da confiança de fiéis. Destaca-se, também, aspectos legais e morais como a pedofília, a violência contra a mulher, a homofobia, o racismo, entre tantos elementos fortalecidos pela suposta fé religiosa e um Deus que vai punir, vai perdoar e fazer com que as pessoas aceitem a sua situação como se precisassem passar por aquela período para alcançar o reino dos céus.
Uma pesquisa da Universidade Mackenzi apontou em 2016 que 40% das mulheres que sofrem violência doméstica são evangélicas. Muitas das vítimas, afirmaram que se sentem coagidas por seus líderes religiosos a não denunciar os maridos visto que as atitudes dos maridos são vistas como investida demoníaca e que deve ser combatida com o poder da oração. Assim, as mulheres que denunciam seus companheiros agressores se sentem culpadas como se estivessem traindo seu pastor, sua igreja e o próprio Deus, de acordo com as informações relatadas por mulheres evangélicas.
Muitas citações bíblicas são usadas para convencer a mulher agredida da necessidade de mansidão e manutenção do casamento, por meio da oração. Entretanto, um líder religioso deveria se munir das informações de políticas públicas para salvar a vida da mulher agredida e seus filhos.
Novamente, o nome de Deus sendo usado para justificar a aceitação de uma situação de violência e que fere a dignidade e a autoconfiança das mulheres, que encobre religiosos pedófilos, estupradores, mortes  de mulheres pobres por aborto e a hipocrisia social  que leva as mulheres ricas a abortarem de modo seguro etc.
Quando se adentra no campo da política, a situação se complica pois as pautas morais impactam em ações políticas como por exemplo criminalizar ou não a homofobia e o racismo.
Normalmente, as pautas morais são trazidas ao cenário político por alas mais conservadoras tantos das igrejas evangélicas como católica que querem impor às outras pessoas, seu dogmas e preconceitos, sempre usando o nome de Deus.
Ao atuar dessa forma, esses falsos líderes ignoram a derrubada das barracas no templo por Jesus, a partilha do pão, a mudança de postura do cobrador de impostos e do rico e a passagem pelo buraco da agulha. 
A escalada de lideranças religiosas conservadoras na política torna-se incompatível com a propaganda disseminada de que “política e religião não se misturam”. 
Verifica-se a preocupação durante as eleições da tendência religiosa de candidatos e candidatas e de sua crença em Deus, como se essa crença os tornasse melhores, na visão de alguns, para exercer um mandato político, o que nem sempre se configura em realidade.
Da mesma forma que sempre ocorreu em vários períodos da História, ve-se claramente, na atualidade, essa mistura política e religião que coloca em xeque a própria constituição brasileira que prega que todos somos iguais mas que ao mesmo tempo cita “abençoada por Deus” em sua introdução. 
Pelo visto, os marqueteiros de plantão irão incentivar o uso do nome de Deus por parte de políticos e falsos líderes religiosos por muitas décadas pois, certamente, a fórmula tem dado resultados positivos para eles.

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