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quarta-feira, 21 de junho de 2023

Entidades maringaenses realizam dia de combate aos juros altos

No dia 20 de junho, em nível nacional, aconteceu a campanha contra os juros altos que estão mantidos em 13,75% pelo Banco Central. Em Maringá, entidades do movimento sindical e social se uniram e colocaram uma banca defronte o terminal de ônibus com o intuito de esclarecer a população sobre o desastre que significa os juros serem tão altos no dia-a-dia das pessoas.


 

Além das explicações para os transeuntes, folhetos foram distribuídos com conteúdo sobre como os juros altos afetam a vida da população brasileira e atrasam o desenvolvimento do país.

Para Vera Nogueira, presidente da CUT Regional Norte Novo, é importante compreender que os juros altos causam desempregos pois as pessoas compram menos por receio de parcelar suas compras. Com isso, principalmente as pequenas e médias empresas  se veem obrigadas a fechar suas portas.

A campanha contra os juros altos exige, também, a saída do presidente do Banco Central (BC) do cargo, que mesmo diante da inflação mais baixa e controlada se recusa a baixar os juros que são os mais altos do mundo. O presidente do BC só poderá ser trocado em janeiro de 2025, a menos que o Senado o retire do cargo.

Jair Cortez do Fórum Popular de Lutas lembra que Campos Neto, atual presidente do BC foi cabo eleitoral do ex-presidente Bolsonaro, recebendo o cargo como recompensa em 2019. Cortez comenta, ainda, o juro alto não permite que o Brasil avance no desenvolvimento econômico com geração de empregos e alta taxa de juros de 13,75% agrada a bancos e especuladores que vivem de renda.

 

Fotos e texto: Tania Tait, 20/06/2023

 

sexta-feira, 16 de junho de 2023

O inverno e eu

Nascida no sul do Brasil, acostumada com geadas e temperaturas abaixo de zero grau, eu deveria, nos meus muitos anos de vida, estar confortável quando começa o frio, mas, não estou e não sou. Creio que o inverno e eu tenhamos um problema de incompatibilidade de gênios. Por mais que me agasalhe, não vejo o charme da estação que as pessoas enxergam, sinto apenas o peso das roupas, a cabeça zonza de frio e, claro, o nariz da companheira rinite. Não há echarpe, boina, casaco ou luvas que me acomodem por mais que digam que as pessoas fiquem elegantes com essas vestimentas, penso logo nas olheiras e na pele vermelha queimada pelo vento.

Este ano, resolvi conversar um pouco com o inverno pra ver se chegamos a um acordo, afinal, continuo morando aqui no sul. Falei pra ele que ser paranaense é para os fortes, pois além de diversas outras questões que não vou comentar aqui, numa mesma semana a temperatura poder variar entre 0 a 25 graus. Destaquei que o inverno aqui começa antes da data oficial que é 21 de junho e quem sabe ele poderia atrasar sua chegada para a data.

Ele só deu um sorrisinho maroto quando eu disse que ser paranaense é para os fortes. Com relação a atrasar sua data de chegada, ignorou por alguns segundos e depois soltou uma fala: - não depende de mim, depende dos cuidados com o meio ambiente.

Me assustei, caramba, o inverno entende de meio ambiente, será que é ecologicamente correto? Fiquei animada, fui por esse raciocínio e respondi: - pois é, no inverno a população gasta mais água e mais energia elétrica, por isso você poderia começar na data certa, assim todo mundo estaria preparado. Além do que tem pessoas que vivem nas ruas e sofrem muito.

Outro silêncio acompanhado de um risinho e um discurso dele: - Você está esquecendo do vinho delicioso, do aconchego entre as pessoas, das sopas, das festas juninas, de que os municípios devem estar preparados para atender as pessoas em situação de vulnerabilidade e, principalmente, você esquece que eu fico pelo meu tempo e logo passo o bastão para a primavera que sempre agrada as pessoas, com suas flores, suas cores e sua temperatura amena. 

Fiquei emudecida, coloquei minha boina, peguei as roupas de frio para doar e, depois, falei sorrindo: - você venceu, vou te sentir de outra forma. Ainda bem que chegamos a um acordo. E ele com aquele sorrisinho que me habituei, soprou um vento gelado selando nosso acordo: - Epa, qual acordo?



 

quinta-feira, 15 de junho de 2023

O que significa o processo de cassação das deputadas do PT e do PSOL?

Assisti um vídeo no qual uma deputada argumentava e prestei atenção nos deputados ao redor dela. Um deputado próximo prestava atenção e aplaudiu. Atrás dela haviam vários deputados em pé com olhares de desdém e  risinhos irônicos, mostrando claramente desrespeito e falta de atenção ao que ela apresentava.

Novidade nenhuma neste vídeo para as mulheres que atuam na política pois convivem a todo instante com a violência política de gênero, ou seja, são atacadas por serem mulheres. A gravidade se torna gritante quando são mulheres negras, indígenas, trans ou lésbicas. Em muitos casos, quando as políticas, principalmente, as de partidos mais a esquerda falam, eles agridem verbalmente, ameaçam fisicamente ou ignoram com menosprezo às colegas.

Nesta semana, em um ataque deliberado às mulheres, deputados do PL entraram com pedido de cassação conjunta de seis deputadas do PSOL e do PT, depois pediram cassação individual, os quais foram aceitos pelo presidente da casa, ligado a eles.

O pedido de cassação foi aceito rapidamente para ser julgado e passou na frente de outros pedidos, inclusive de deputados e deputada do PL.

O que está por trás desses pedidos e dessa rapidez no trâmite do pedido de cassação?

As deputadas denunciaram deputados nas discussões sobre o marco temporal que afeta a vida dos povos indígenas, do meio ambiente e do país. Calar a voz das deputadas reforça a misoginia, a violência política de gênero e violência contra os povos indígenas.

O Brasil é um dos países do mundo com menor representatividade de mulheres na política e com alto grau de violência política contra as mulheres. Iniciativas desse tipo reforçam as tentativas de desestimular a participação de mulheres nas esferas de poder, principalmente quando essas mulheres vêm de partidos de esquerda e de movimentos sociais. Há, no entanto, uma deliberada condescendência com alguns casos, com um exemplo claro de uma deputada do PL que saiu correndo armada atrás de um jornalista no período eleitoral e nada aconteceu até o momento.

As mulheres que atuam na política continuam sendo deliberadamente violentadas por terem posturas firmes e convicção naquilo que defendem, seja na esfera municipal, estadual ou federal.

As mulheres são 52% da população, estão em todos dos setores da sociedade, contribuem tanto no setor produtivo como no voluntariado para o desenvolvimento do país. É incoerente com essa participação que o Brasil continue sendo um dos últimos países do mundo em mulheres na política. Por sua vez, os indígenas estavam aqui antes de nós e contribuem para preservar nossas matas, rios e florestas.

Diante desse cenário, até quando vamos permitir que uma elite predadora, machista, misógina, racista e homofóbica composta por homens, em sua maioria brancos e ricos, continue determinando o destino do Brasil e de sua população?