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terça-feira, 16 de maio de 2023

O mundo e a mesa dos homens brancos

Em 1791, Olympe de Gouges escreveu a Declaração de direitos da mulher e da cidadã pela insatisfação com a Revolução Francesa que mesmo com os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade lançou a “Declaração dos homens enquanto cidadãos” e não contemplou as mulheres. O documento de Olympe e seu grupo não foi aprovado pela assembleia, no entanto, é considerado por muitas historiadores e historiadoras como um precursor do feminismo e da luta pelos direitos das mulheres. Já em seu artigo primeiro, o documento apresenta que:

Art. I - A mulher nasce livre e tem os mesmos direitos do homem. As distinções sociais só podem ser baseadas no interesse comum.

A luta pela igualdade e pela emancipação das mulheres continuou e depois do século XX repleto de conquistas e mudanças na sociedade com relação aos direitos femininos, chega-se ao século XXI com a implantação de lei de proteção às mulheres no combate à violência doméstica, contra o assédio sexual e moral no mundo do trabalho e ao uso da Internet, dentre outras leis.

No entanto, o espaço de poder seja na política ou nas organizações empresariais privadas continua sendo majoritariamente masculino, a despeito das mulheres serem mais qualificadas e terem experiência em suas áreas de atuação.

Não é necessário realizar uma pesquisa quantitativa pra confirmar esse fato, basta acompanhar os noticiários e observar quem compõe as mesas de aberturas de eventos, as diretorias das empresas, as câmaras municipais e assembleias legislativas, entre outros espaços de poder. Sempre, em sua maioria, as mesas de abertura dos eventos ou as mesas de reunião estão repletas de homens, brancos, muitas vezes integrantes da elite local. De vez em quando aparecem uma ou duas mulheres, negras raramente.

O que se torna intrigante é que após um século e algumas décadas de lutas, a situação se mova tão vagarosamente rumo à igualdade entre mulheres e homens, mesmo em sociedades que se dizem evoluídas e que a população é composta por 50% de mulheres, o que por si só, justificaria condições iguais pelo equilíbrio populacional.

Quem sabe no futuro, esse período histórico analisado por alguma jovem mulher, a deixara surpresa em saber que no passado o mundo era dos homens apenas, mesmo tendo tantas mulheres qualificadas para determinados cargos. Da mesma forma que se fica surpresa ao conhecer Olympe de Gouge e seus escritos feitos há exatos 232 anos mostrando indignação com relação a falta de igualdade, fraternidade e liberdade para as mulheres.

Nestes mais de 200 anos, muitas conquistas foram realizadas na área de direitos, no entanto não é necessário aguardar outros 200 anos para que a liberdade e os direitos alcancem todas as mulheres.

A defesa da igualdade se dá, também, cotidianamente, nos lares, nas escolas, no mundo do trabalho, no setor público e na política, enfim em todas as áreas. Precisa-se parar com essa falácia de que não existem mulheres para assumir os postos de comando, basta procurar que mulheres com muita qualificação e competência são encontradas.

Mais do que simplesmente o olhar ou o apoio às causas femininas, é preciso uma  mudança cultural que coloque, de fato, a emancipação, o protagonismo e a igualdade na ordem do dia, com ações concretas.

 


 

 

 

 

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