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segunda-feira, 27 de março de 2023

“Eu odeio feminista!” Oi?

No sábado, dia 25/03 como parte das atividades pelo Dia Internacional da Mulher, o Movimento Mais Mulheres no Poder Maringá - MMNP fez um adesivaço no centro da cidade. As integrantes do MMNP distribuíram adesivos na cor lilás com o nome do movimento. As reações de motoristas para os quais o adesivo é oferecido são as mais diversas, desde concordar e colocar o adesivo no carro até ignorar a oferta como se fosse algo contagioso.

Um dessas reações chamou a atenção. Ao ser oferecido o adesivo, a motorista concordou que tem que votar em mulher para ocupar a política e afirmou que não pode ser qualquer mulher. Imediatamente soltou um: “eu por exemplo, odeio feminista, não voto de jeito algum e se for feminista petista, pior ainda”. Estarrecida, a mulher que entregou o adesivo disse a ela que o feminismo luta para salvar as mulheres, quem mata é o machismo e que quem odeia feminista é machista que agride mulher, que existem homens feministas. Por fim, o semáforo abriu e a motorista saiu sorridente com seu ódio.

Num semáforo com muito carros em fila não dá pra explicar para a motorista que, inclusive, ela pode dirigir carros graças ao movimento feminista que sempre batalhou para que as mulheres tivessem direitos, liberdade de escolha e pudessem estar onde elas quisessem, que o feminismo lutou para que as trabalhadoras tivessem direitos trabalhistas.

Não dá tempo de falar pra ela que no mundo ainda existem países nos quais as mulheres são proibidas de dirigir carros, de andar sozinhas e usam vestimentas para cobrir seus corpos, que uma moça foi morta pela polícia porque uma mecha do seu cabelo estava fora do véu que ela era obrigada a usar cobrindo todo o cabelo, que mulheres sofrem mutilação genital, entre tantas atrocidades.

Não dá tempo de explicar pra motorista que, no Brasil, existe um alto índice de feminicídios cometidos por homens que se julgam donos das mulheres, que foi o movimento feminista brasileiro que apoiou a Constituição Brasileira que iguala mulheres e homens em direitos e obrigações, que as mulheres negras são as mais violentadas w mortas, que as leis de combate à violência contra a mulher são resultado, também, da luta das feministas que perderam a vida pra garantir que o voto feminino se tornasse lei no início do século XX.

Indo mais além, se o semáforo não abrisse, daria pra falar para a motorista quem foram as deputadas e a única mulher Presidente da República até a atualidade  que apresentaram projetos para a melhoria da vida das mulheres, aposentadoria para donas de casa, minha casa minha vida para mulheres, Casa da Mulher Brasileira, entre tantos benefícios. Certamente, ela se beneficiou de um desses serviços propostos pelas políticas eleitas, em sua maioria, de ideologia de esquerda e dentre elas, muitas feministas petistas.

No entanto, o ódio que ela reproduz está enraizado na sociedade propagado pelos meios de comunicação que ela ouve, pelos líderes religiosos que segue, pelas tantas mulheres que não compreenderam que o movimento feminista luta pela igualdade da mulher para que tenha uma vida digna, plena, sem violência e feliz.

Mal sabe a motorista que aquela mulher pra quem ela anunciou seu ódio, é uma feminista petista que podia estar na piscina tomando sol ou fazendo nada, mas estava ali, naquele sol esplendoroso, apoiando as companheiras para que as mulheres possam ocupar os espaços de poder que lhe são de direito e de representatividade.

Quem sabe num futuro próximo, motoristas como ela percebam que ações aparentemente simples como poder expressar sua opinião ou dirigir um carro são conquistas da luta feminista cujo movimento nunca pegou em armas e nem matou ninguém, pelo contrário, luta para salvar a vida das mulheres.

 


 

 

 

 

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