No livro “Os sacramentos da vida e a
vida dos sacramentos”, o teólogo Leonardo Boff cita os sacramentos da vida,
para além dos sacramentos consagrados pela Igreja Católica (batismo,
confissão, eucaristia, confirmação (ou crisma), matrimônio, ordens sagradas e
unção dos enfermos) com a “intenção de despertar a dimensão sacramental
adormecida ou profanizada em nossa vida”. O teólogo relaciona as memórias da
vida aos sacramentos, como a casa onde se passou a infância, o pão feito pela
mãe, entre outras *.
Embuída por suas palavras me senti
diferente ao chegar na UEM. Faço parte do Coro Feminino e toda segunda-feira
estou na universidade. Mas, dessa vez ao visitar meu departamento, me senti
como Boff expõe em seu livro.
Costumo dizer que saí da UEM com a
aposentadoria, mas a UEM não sai de mim. Andei pelas passarelas observando as
árvores, os prédios e alguma ou outra mudança, mas a minha UEM está ali.
Não são apenas as edificações, mas o que
acontece dentro delas, as aulas, as reuniões, as pesquisas, os curso, as
risadas, as discussões, os alunos (as), professores (as), funcionários (as) enfim
tudo que faz parte das nossas vidas, nos marca e nos molda como seres humanos.
Não são apenas as passarelas que unem os
blocos, mas o que pensamos e sentimos ao caminhar por elas.
Não são apenas salas de aulas, mas a
experiência de ensinar e aprender ao mesmo tempo com as novas gerações que vão
surgindo ao longo da nova vida na Universidade.
Não tem como eu me dissociar de um
ambiente com o qual convivo desde a adolescência quando visitava minha tia e
madrinha Cida no antigo Centro de Biologia e Saúde, nos dois cursos de
graduação que fiz (Processamento de Dados e Administração), na Pastoral
Universitária e no movimentos estudantil, na especialização em administração
universitária e por fim, após a aposentadoria, no pós doutorado em História das
Mulheres.
Momentos como a alegria das filhas, irmãos e sobrinhos (as) passarem no vestibular, na entrega dos diplomas de
graduação da minha filha Mariana e da minha irmã Thaís, da homenagem que recebi
dos alunos na formatura, das greves, do Conselho Universitário, da Chefia do
Departamento de Informática, do Sinteemar e da Aduem. São muitas memórias,
muitas imagens, muitas pessoas e muita troca de emoção.
Não tenho aprofundamento teórico para
exprimir exatamente o que entendi do tratamento sobre os sacramentos, mas por
dedução, naquela tarde de segunda-feira sentindo e experimentando o ambiente,
pude pensar na UEM como um sacramento no sentido de que faz parte das nossas
vidas, nos move e nos deixa lembranças.
* BOFF, Leonardo, Os sacramentos da vida e a vida dos sacramentos. 28 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2012. Presente que ganhei do Luis Antonio que sabe da minha admiração por Boff e pela Teologia da Libertação.
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