Estive em Curitiba
nesse ano por três vezes: no dia da última aparição do Lula quando de seu
depoimento em Curitiba que reuniu mais de 10 mil pessoas na Praça Santos
Andrade; no dia do Trabalhador (a) e no última dia 28. Mas tinha visto o Lula
em outras épocas, quando candidato em suas passagens por Maringá. Uma dessas
vezes foi no Jardim Alvorada num comício que, em 1989, reuniu mais de 15 mil
pessoas, com mães colocando seus bebês no colo de Lula, em confiança. Uma outra
vez foi em uma Conferência Nacional de Mulheres em Brasília.
Nessa Conferência Nacional
de Mulheres, mais de 2000 mulheres gritaram o nome de Lula, em reconhecimento
às políticas públicas para mulheres implementadas em seu governo, a homologação
da Lei Maria da Penha e a criação da Secretaria Nacional de Políticas para
Mulheres. Num momento de folga fomos visitar o Palácio que Lula liberou para
visitas monitoradas. Nos emocionamos ao ver o local onde ele despachava, a
decoração do local e tudo o que rondava nosso imaginário de um presidente do
povo recebendo pessoas do mundo todo. Ficamos orgulhosas de ver o Brasil ser
colocado no cenário internacional, em pé de igualdade e como liderança.
Em todas as oportunidades
que tive de estar em eventos pro-Lula, me intrigou o amor e a esperança que as
pessoas depositam nele. Me intriga pois fui formada na idéia de que as
organizações e os grupos e suas reivindicações devem mover a humanidade e não
focar em pessoas, que se torna algo personalista. As pessoas passam, as idéias e ações
permanecem.
No entanto, devo
confessar que depois de tanto, ver, ouvir e julgar como aprendemos na Pastoral
Universitária, lá dos anos 1980, agora em 2018, tornei-me fã desse ser humano
que arrasta multidões em sua defesa, que é lembrado pelo povo como o Presidente
de uma época em que o povo foi feliz. Um povo que compreende o termo “esquerda”
como algo que olha pra ele e busca
melhorar sua vida.
No dia 09 de abril
desse ano ouvi o depoimento de uma senhora sobre governos de esquerda que
fiquei com vontade de contar pra Lula, pois sintetiza, de forma simples, a
visão do povo que reconhece em Lula a expressão de tempos felizes.
Ela me disse: “Só sei
que nos governos de Lula e Dilma que consegui ter o que tenho, minha casa e o estudo
dos meus filhos. Minha vida melhorou. Acho uma ingratidão não reconhecerem
isso. São os governos de esquerda que olham para os pobres, para os que mais
precisam”. Ela expressou seus
sentimentos e uma forma de compreender a realidade, pautada na promessa de
campanha de Lula de que nenhum brasileiro ou brasileira ficaria sem três
refeições por dia. E ele cumpriu a promessa, com políticas sociais que tiraram
milhões de pessoas da miséria. Projetos destruídos pelo atual governo golpista
que privilegia os donos do capital internacional em detrimento do povo
brasileiro.
Quando Lula se
entregou, eu pensava, : “não se entrega Lula, vá para o exílio, onde será bem
tratado. Por favor, não confie na direita desse país, eles mostram a todo
instante do que são capazes”. Sei agora que eu fazia parte de um coro, que no
final cedeu a sua vontade. Imagino que Lula tenha razões fortes para ter tomado
a decisão de se entregar e a respeito, mesmo discordando dela.
O que se segue após a
prisão de Lula, nem preciso comentar, todos sabem: a rapidez em julgar e condenar,
o processo falho, a prisão sem provas, o caso tríplex desmascarado, os comentários a
favor de Lula de juristas renomados, a determinação da ONU para que possa ser
candidato e o impedimento de sua candidatura à presidente.
Vejo,
agora, pessoas de todo o Brasil se revezando na Vigília Lula, ao lado da
Política Federal em Curitiba, para não deixa-lo sozinho, como se o
estivessem protegendo.
Costumo pensar, se Lula
tivesse 5% estaria solto, mas como aparece em primeiro lugar em todas as
pesquisas e não tem ninguém para derruba-lo, resolveram trancafia-lo e
concretizarem o golpe, como nos dizeres daquele político, que foi gravado e
divulgado: “com o supremo, com a imprensa, com o judiciário... com tudo”. E
assim, se fez, para, no final, prejudicar o povo brasileiro em detrimento das
oportunidades dadas por um país rico em petróleo.
Sabemos que não existe
ideologia por trás do golpe, existe o Pré-sal e o mercado internacional. A
suposta ideologia de direita, com toda falácia de livre mercado, livre
concorrência e privatização das empresas públicas e da saúde e educação serve
apenas para interesses financeiros e muito lucro para garantir a permanência no
poder, em detrimento da qualidade de vida do povo.
E Lula está lá,
impedido de fazer o que sempre gostou, andar pelo país e encontrar as pessoas.
É tudo tão escancarado e vergonhoso que nem o fato de ter mais de 70 anos, o
liberam pra ficar em casa, como fizerem como outros políticos.
As pessoas que não gostam de Lula podem discordar dele e de suas idéias, mas tem que admitir, que é inédito um político conseguir mobilizar tantas pessoas, com tanto amor e desprendimento em apoio a um líder, que já está na história, como a maior liderança do país.