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sexta-feira, 11 de maio de 2018

Apesar de voce...


Em meados dos anos 1980 conheci uma moça, formada pela UEM, que se espantou numa roda de conversa sobre a ditadura militar, com a exclamação: “isso aconteceu mesmo no Brasil? que horror! nunca ouvi falar!”. Naquela época, foi uma surpresa, alguém com curso superior não conhecer  a realidade de seus país. Entretanto, era a realidade da maioria das pessoas, marcadas pela ignorância protagonizada pela já existente Rede Globo, num mundo em que não existiam as mídias sociais para mostrar a outra versão dos fatos.
De lá prá cá, avançou a tecnologia e experimentamos a democracia. Uma democracia considerada jovem, que foi confirmada por uma constituição chamada de “cidadã” por privilegiar direitos, em 1988. As eleições nos trouxeram diferentes tipos de governos, tais como um governo que pregava caça aos marajás cujo presidente foi cassado; um governo privatista que nunca informou em que aplicou os recursos advindos das privatizações das estatais; um governo que privilegiou políticas sociais, considerado governo de esquerda, cujo presidente das primeiras gestões  está preso e  a presidente da segunda sofreu impeachment.  
E agora, em 2018, as mídias sociais, como parte do avanço da tecnologia, nos dão várias versões dos fatos sobre o golpe e a prisão política de Lula.
A rapidez assustadora com que o governo golpista apresentou as reformas trabalhista e previdenciária e as privatizações das empresas públicas e do pre-sal denota que havia algo muito estranho no ar. Sabe-se que as pedaladas fiscais que afastaram a Presidenta Dilma são autorizadas pelo Tribunal de Contas. Mas, o congresso queria afasta-la, como na frase gravada daquele político que disse: “temos que estancar a sangria, com o Supremo, forças armadas, com tudo” Eis aí a prova de que estava sendo articulado um golpe com a participação dos juízes, dos militares, da imprensa e do congresso.
No entanto, afastar a presidenta, não era suficiente, queriam estancar a “sangria”  das políticas públicas implementadas pelos governos anteriores, chamados de esquerda. Assim, fez-se necessário prender o líder maior da esquerda no país, o ex-presidente Lula, cujas pesquisas eleitorais mostravam como presidente eleito novamente nas próximas eleições. Ele deixara seu governo com mais de 80% de aprovação.
Em meio a prisão de Lula, veio à tona, valores superfaturados de um apartamento de luxo, que desmascarado pelo Movimento Sem Teto que o invadiu, mostrou que se trata de um imóvel sem as regalias arroladas no processo que, efetivamente, não comprovou que pertencia ao ex-presidente. Paralelo a esse fato, não se pode deixar de mencionar a repressão aos movimentos sociais e sindicais, com cenas reais de helicópteros atirando bombas de gás e atirando balas de borracha e agredindo as pessoas no exercício de seu direito constitucional de manifestação.
Ao recusar as visitas de um teólogo e de um prêmio Nobel ao ex-presidente Lula preso na Polícia Federal (PF) em Curitiba, a justiça deixou claro que se trata de uma prisão política no encarceramento de um líder, preso em cela separada, para sua “proteção” como afirmam os autos do processo. O que os golpistas, certamente, não esperavam é que o movimento social e sindical organizado iria permanecer em vigília na PF em um ato de resistência e apoio ao ex-presidente Lula.
Os fatos estão aí e como na música de Chico Buarque, camuflada como música romântica, você pode analisar, se o “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia”... é dedicado a um amor perdido, ou se é destinado a um governo de ditadura militar, da época.

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