Nos anos 1980 e 1990, no
cenário político, junto com palavras como políticas públicas, surgem outras
como privatização e terceirização. A última
muito utilizada na iniciativa privada com a alegação de que as empresas (médias
e grandes) devem focar na sua competência e deixar as demais tarefas nas mãos
de terceiros, fez surgir novas empresas em setores como limpeza, vigilância, e
ampliar os escritórios contábeis, advocacias e de recursos humanos, dentro
outros. Inclusive, vale lembrar que as organizações empresariais dispensavam
seus funcionários para depois contrata-los como “empreendedores terceirizados”,
sem direitos trabalhistas e previdenciários.
A palavra privatização
passou, também, a fazer parte do vocabulário popular, pautada pela agenda
neoliberal do governo FHC (Fernando Henrique Cardoso) que colocou grandes
empresas nacionais como as siderúrgicas, empresas de exploração de minérios, os
bancos estatais e as telecomunicações à venda. Os compradores foram
conglomerados internacionais que conseguiram arrematar por valores inferiores
aos que as empresas valiam. Inclusive, há dúvidas para a destinação dos valores
recebidos pelo governo FHC. De uma hora pra outra, as vidas, o dinheiro e as
comunicações brasileiras ficaram nas mãos de empresas estrangeiras.
No caso das empresas de
exploração de minérios, as tragédias de Brumadinho e Mariana, nos quais
morreram centenas de brasileiras e brasileiras mostram, claramente, o uso do
território brasileiro como mera exploração sem respeitar as leis e sem
manutenção da infra-estrutura. As comunicações causam espanto e preocupação
pois o país está na mão de empresas estrangeiras que dominam o setor. Teve
também o caso das ferrovias privatizadas, que quiseram devolver ao governo pois
não estavam dando o lucro esperado ou dos bancos e outros que sempre recorrem
aos governos, numa demonstração que a ideia do Estado Mínimo não passa de uma
falácia.
Durante as décadas
seguintes, houve a onda da terceirização, também no setor público, com a
contatação de empresas de limpeza e conservação, vigilância etc. Chama-se esse
processo de “privatização pelas beiradas” pois não se usa o processo de
privatização, mas na prática, muitas atividades públicas tem sua execução
realizadas por empresas do setor privado.
Instalada a
terceirização, o ataque pela privatização se volta para direitos básicos e
essenciais, como a saúde e a educação, os quais são garantidos pela Constituição
Federal. Assim, muitas organizações empresariais executam serviços de gestão de
hospitais públicos e escolas públicas, vendas de vagas em creches privadas e
tantas outras formas criadas para essa “terceirização”. Inúmeros são os
exemplos desse tipo de gestão, o qual tem sido colocado “goela a baixo” da
população.
O caso mais recente,
aconteceu no Paraná, quando mascarado sobre o nome de “”Parceiros da escola”, o
governo estadual coloca 200 escolas públicas para o processo de gestão por
parte de empresas. Ao olhar mais a fundo, depara-se com famílias de deputados
que votaram a favor do projeto como proprietárias de escolas privadas, as quais
poderão participar do processo, com o recebimento de R$ 800,00 por aluno, ou seja, há um grupo de políticos
e cargos comissionados do Governador do Paraná que se beneficiarão desse
projeto. Afinal se tem tanto recurso
financeiro pra dar para empresas porque não direcionar para as escolas públicas
diretamente ao invés de privatizar a gestão escolar?
Além de famílias de
políticos proprietários de escolas particulares, a pressa do Governo em aprovar
o projeto chamou bastante atenção da mesma forma que tem chamado a atenção as
reformas realizadas pelo projeto governamental “Paraná em Obras”, o qual está
reformando as escolas, também nas calçadas no entorno delas. Não seria estranho
se estas escolas não estivessem entre as 200 selecionadas pelo governo para o
projeto de privatização da gestão das escolas.
Numa lógica simples, dá pra
inferir que o governo irá entregar escolas com infraestrutura reformada com
dinheiro público para dar a iniciativa privada lucrar mais ainda pois não terá
que arcar com essas reformas. Portanto, a privatização não passa de uma grande
mentira contada ao povo com o objetivo de agradar empresários e políticos amigos
com a destinação do dinheiro público
para o privado.
Assim fica fácil...o
governo não precisa gerenciar e os empresários amigos recebem uma estrutura
pronta.